A nova onda do DEM

DEMO PT pressiona Eduardo Campos, vaia o PSB em Fortaleza. Não é à toa que o Democratas acompanha com ar de “olha eu aqui” para o governador pernambucano.

Nos últimos dias, tem aumentado muito a quantidade de deputados do Democratas de olho nos movimentos do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. “Ao se deslocar do PT, cria um ponto de convergência conosco. Temos um alinhamento com o PSDB, mas não podemos deixar de observar que Eduardo é uma novidade e em política nada é impossível”, diz o deputado Mendonça Filho (DEM-PE), adversário de Eduardo na eleição de 2006.

É bem verdade que o DEM está a perigo para 2014 e procura uma tábua de salvação que lhe permita continuar existindo enquanto partido, sem precisar recorrer às fusão com outras agremiações. Também é real que o partido ao ganhar a prefeitura de Salvador com ACM Neto conquistou uma vitrine poderosa.

Mas há algo que o DEM até aqui não obteve: um passe que lhe possa fazer respirar novamente enquanto situação. Dentro do partido, há quem tenha dúvidas de que esse visto no passaporte do poder lhe será dado pela aliança com o PSDB. Os DEM ainda percebem os tucanos divididos. Apesar de a maioria do PSDB se mostrar fechada com Aécio Neves, ainda não dá para saber se ele terá todo o apoio do partido em São Paulo. Portanto, enquanto isso não estiver resolvido, o DEM ficará na pista, sem entrar em nenhuma das pré-candidaturas. “Estamos virando noiva cobiçada”, comenta o líder Ronaldo Caiado (DEM-GO), que acompanhou a rápida conversa com Mendonça Filho e teceu apenas esse comentário.

Esse aceno do DEM em direção a Eduardo Campos tem um quê de nostalgia para muitos integrantes do partido. Muitos deles não esqueceram do governo Itamar Franco, quando o então PFL começou o ano de 1993 como oposição ao presidente da República. Ali, o grande PFL, uma bancada com mais de 100 deputados, ofereceu apoio a Fernando Henrique Cardoso – a novidade naquele ano. Assim, o PSDB saiu da sua tradicional colocação de centro-esquerda, empurrado para se aliar aos partidos mais conservadores. O resultado é que nunca mais PT e PSDB tiveram a mesma sintonia apresentada na década de 1980, e até hoje brigam pelo poder.

E em 2013…
Agora, 20 anos depois, o DEM parece abrir uma janelinha para promover algo semelhante com novos atores. Em vez do PSDB, a oferta é feita ao PSB de Eduardo Campos. Em vez de uma grande bancada, algo menor, mas capaz de fazer barulho. Em vez de votos no Congresso para aprovação de propostas, o tempo de TV, que Eduardo certamente precisará se for candidato a presidente da República daqui a um ano e dois meses.

Entre deputados do PT que já detectaram essa possível aproximação, soou um alerta que vai além da simples vontade de Lula de ver Eduardo Campos apoiando a candidatura de Dilma Rousseff. Uma coisa é Eduardo sair candidato dentro do espectro governista e jurar apoio à Dilma, caso esteja fora do segundo turno. Outra coisa é o governador, além de enfrentar Dilma, aliar-se àqueles que Lula vê como inimigos ousados a ponto de “atrapalhar” a exposição dos 10 anos de governo do PT com um painel para lembrar o mensalão. Aí, é pedir rompimento.

O PSB tem plena consciência disso. Tanto é que em todas as oportunidades o comando partidário diz que Eduardo “tem lado” na política, ou seja, o arco de alianças que elegeu Dilma. Também volta e meia cita que não servirá de propulsor para a oposição. Seus aliados consideram que, num segundo turno PT versus PSDB, Eduardo apoiará Dilma sem pestanejar. (A não ser, é claro, que o PT lhe expulse da base e não queira o seu apoio, a única hipótese de o governador buscar um outro caminho que não o leque de partidos onde está hoje).

Por falar em Campos…
O governador até o momento tem sido imune à ansiedade dos petistas que não vêem a hora de ouvir dele que não será candidato. Eduardo não teve pressa até aqui e nem terá até o final deste ano. Também ainda não marcou a tal conversa com Lula prometida para depois do carnaval. Bem… Talvez essa definitiva seja depois do carnaval de 2014, quando Eduardo promete começar a tratar da sucessão presidencial.

Aliás, se formos levar ao pé da letra, o único partido que já botou a sucessão na roda pra valer foi o PT, no evento de São Paulo na semana passada, em que Lula disse a prioridade é a reeleição de Dilma. Aécio discursou, apontou os erros do governo, mas não disse com todas as letras que é candidato. Eduardo Campos continua no lusco-fusco. Até porque ninguém, nem dentro da base governista nem fora dela, quer ser engolido ou destruído pelo ímpeto petista de reunir todos sob seu guarda-chuva. E se o PT abrir o pote das alianças antes da hora, pode ser que o doce de Dilma termine azedando. A prudência recomenda muita calma nessa hora.

Fonte: Blog da Denise Rothenburg

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