Até debate sem regra terá influência do marketing, diz João Santana

Joao-SantanaPara publicitário do PT, uso do marketing por políticos é comum desde “o tempo das cavernas”.

Internet ainda não teve o efeito esperado, diz responsável pelo marketing do PT em São Paulo.

O marqueteiro João Santana deu longa entrevista para a Folha na edição desta segunda-feira (26.nov.2012) na qual fala sobre o uso intensivo do marketing em campanhas eleitorais. Responsável pela campanha que levou o petista Fernando Haddad a vencer a disputa pela Prefeitura de São Paulo, ele acha que debates eleitorais com menos regras também terão muita influência dos publicitários.

“Não pense que o marketing deixará de influenciar um debate com menos regras. No período anterior a esse encontro haverá uma fase grande de treinamento. Será feito por pessoas da política e do marketing. As técnicas de debate, de retórica e mesmo de expressão facial terão influência do marketing. Haverá um trabalho maior de “coaching” no bastidor, de linha argumentativa, de construção de discurso. Isso é feito pelo marketing. Como foi feito a vida inteira pelos consultores, conselheiros das monarquias e das antigas repúblicas. Querem vender o marketing como um mal dos tempos modernos. Não é. É um comportamento que vem de séculos. Ele só vai se aperfeiçoando ou se instrumentalizando a partir da infraestrutura física que se tem, dos meios de comunicação, da forma de fazer política”.

Santana foi confrontado com uma declaração recente do publicitário Washington Olivetto, que disse que só gosta “de anunciar coisas que as pessoas possam devolver se não gostarem”. Olivetto disse também: “Minha ideologia criativa, que se baseia na verdade bem contada, não combina com o marketing político”.

Eis o que comentou Santana: “A comunicação e o marketing político causam um certo estranhamento e uma má compreensão entre os próprios políticos e entre os profissionais de comunicação. Não estou me referindo especificamente a Olivetto, mas alguns, por baixo entendimento da política, sofrem de um falso conflito moral –além de uma pretensa superioridade estética. Muitos acham que é mais nobre fazer propaganda para bancos, operadoras de cartões de crédito, plano de saúde, telefônicas (que atendem mal e até escorcham os seu clientes), do que para políticos. É uma questão de ponto de vista”.

Quando indagado sobre “trabalhar com produtos que possam ser devolvidos”, disse: “Um político não é um produto. O político é um líder, um condutor, é um gestor. Se fosse para fazer uma analogia com o mercado, mesmo que inapropriada, seria melhor compará-lo com um investimento. Um título de prazo fixo que a pessoa compra e depois pode recomprar ou não. E a democracia é o modelo que tem o melhor e mais eficiente sistema de devolução: o voto. Ele funciona melhor do que qualquer Procon da vida”.

Por Fernando Rodrigues

Fonte: UOL

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