Com enfraquecimento de Cunha, deputados formam fila para sucessão

Em momentos de crise política, como a atual no país, é comum ouvir de parlamentares e de outros políticos que não existe vácuo de poder. Ou seja, se alguém está ameaçado de perder o cargo, certamente já existe uma fila de pretendentes à posição. E isso não exclui o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), enfraquecido diante das denúncias relacionadas com as contas bancárias na Suíça.

Por enquanto, o comentário nos corredores da Câmara é que cinco deputados despontam para suceder Cunha na presidência caso ele renuncie ao cargo ou perca o mandato. São eles: Jarbas Vasconcelos (PMDB/PE), Jovair Arantes (PTB/GO), Júlio Delgado (PSB/MG), Leonardo Picciani (PMDB/RJ) e Miro Teixeira (Rede/RJ). Na quinta-feira (8), o Psol apertou o cerco contra o peemedebista ao anunciar a entrada no Conselho de Ética por quebra de decoro.

 

Cunha, na quarta-feira (7), rejeitou a hipótese de renunciar ao cargo ou ao mandato. Garantiu que vai continuar na presidência até o fim. O mandato dele na Mesa Diretora termina em 1º de fevereiro de 2017. Porém, o surgimento de seis delatores da Operação Lava-Jato implicando o peemedebista e a confirmação pela PGR (Procuradoria-Geral da República) da existência de contas no exterior, bloqueadas por autoridades suíças, aumentam a pressão contra ele.

Líderes da oposição, que aos microfones defendem a investigação e, ao mesmo tempo, o princípio da inocência no caso de Cunha, já comentam nos bastidores que a paciência com o peemedebista pode acabar assim que surgirem as provas de que ele possui contas na Suíça. O documento enviado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, confirmando que elas existem, enfraquece ainda mais o presidente da Câmara.

Eleição em 60 dias

Se Cunha deixar a Mesa Diretora antes do término do mandato, assume temporariamente o 1º vice-presidente, Valdir Maranhão (PP/MA). Ele será responsável por convocar uma nova eleição em até 60 dias. Qualquer parlamentar pode disputar, não existe necessidade de se respeitar a regra do tamanho das bancadas. Isso ocorreu em 2005, quando o então deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP) foi eleito para substituir Severino Cavalcanti (PP/PE).

De todos os nomes postos, deputados apostam que a disputa ficaria entre Arantes e Delgado. O primeiro por fazer parte do bloco com PP, PTB, PHS e PSC e pela proximidade com Cunha. Na hipótese de o peemedebista realmente renunciar, algo que ele não deu nenhuma indicação de que possa ocorrer, o petebista goiano conseguiria o apoio também do próprio presidente da Casa. Seria uma forma de garantir uma transição mais simples e sem perseguições.

Já Delgado, que disputou a eleição contra Cunha em fevereiro e perdeu no primeiro turno, aparece como candidato natural. O deputado mineiro não demonstrou nenhuma vontade de participar de um pleito suplementar, mas é citado pelos colegas por conta do desempenho da última disputa pela Mesa Diretora. Pesa contra ele o fato de também estar entre os investigados na Lava-Jato, o que prejudicaria o seu desempenho.

Vasconcelos, até o momento, é o único peemedebista a pedir a saída de Cunha do cargo. Até por estar de olho na própria presidência. Ele foi um dos deputados que assinaram a representação entregue quarta-feira (7) contra o presidente da Casa na Corregedoria. Porém, parlamentares avaliam que as chances do pernambucano são pequenas. Eles entendem que não haveria apoio até mesmo dentro do partido por falta de conexão com a bancada.

Esse problema não teria Picciani. Mas o líder do PMDB enfrenta hoje outros desafios. Ao se distanciar de Cunha e negociar pessoalmente com a presidente Dilma Rousseff dois ministérios para a bancada de deputados, Picciani conseguiu perder o controle de um terço dos deputados e também comprar uma briga com o presidente da Câmara. Após admitir ao jornalista Tales Faria, da Coluna de Fato, o desejo de se eleger presidente, ele aumentou a ira de adversários e viu suas chances diminuírem.

Líder do PMDB, Picciani se diz preparado para substituir o presidente da Câmara

Por fim, vem Miro Teixeira. O decano da Câmara, atualmente na oitava legislatura seguida (são 11 no total), seria uma candidatura natural e marcaria a posição da Rede Sustentabilidade no atual jogo político. Criadora do partido, a ex-senadora Marina Silva disse que não haverá “dois pesos e duas medidas” na análise dos processos contra Cunha e contra a presidente Dilma Rousseff.

Fonte: Fato Online

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