Petrobras responde por 20% da dívida externa

Dos US$ 556 bilhões da dívida externa bruta,US$ 111 bilhões são da estatal. Disparada do dólar fez dívida da empresa encostar em R$ 450 bilhões. Presidente do Cbie e economista falam em “empresa tecnicamente quebrada” e que precisa socorro do governo.

A disparada do dólar é uma preocupação extra para o Banco Central por causa da dívida pública em moeda estrangeira. Boa parte dessa dívida externa bruta – incluindo o setor público e privado -que, em agosto, somou US$ 556 bilhões, está nas mãos do próprio governo, não só por causa de títulos, mas também pelas dívidas de estatais em moeda estrangeira. E, nesse grupo, a que tem a maior dívida é a Petrobras.

A estatal petroleira responde por US$ 111,1 bilhões, 20% do total. A dívida em moeda estrangeira da Petrobras tem se mantido constante desde março. Mas o salto do dólar fez com a que a dívida, em reais, saltasse de R$ 254,7 bilhões, em março do ano passado, para R$ 344,6 bilhões em junho.

De acordo com projeções da Economática, agora, em setembro, a dívida da estatal alcança R$ 455,8 bilhões, levando em consideração o câmbio a R$ 4,10. A moeda- norte-americana acabou fechando o dia a R$ 3,99.

Nesta quinta-feira (24) o dólar chegou a ser cotado a R$ 4,24, mas caiu depois da fala do presidente do BC, Alexandre Tombini, que afirmou que “todos os instrumentos estão à disposição para serem utilizados” no mercado de câmbio.

A alta dívida da Petrobras e o fato de que cerca de 80% dela estarem cotados em dólar é uma das grandes preocupações também no mercado. Esse grande volume de dívida dolarizada deve-se principalmente às emissões de títulos da dívida da empresa.

Segundo o presidente do Cbie (Centro Brasileiro de Infra Estrutura), Adriano Pires, o grande endividamento da Petrobras em dólar é reflexo de decisões, como a obrigação da empresa de ser operadora no Pré-sal e a política de congelamento do preço de combustíveis.

“Em 2010, o governo parou de fazer leilão de petróleo e disse que, no Pré-sal, ela [Petrobras] teria exclusividade. E a Petrobras criou o maior plano de investimento de petroleira no mundo”. De acordo com Pires, para colocar o plano em pé a estatal tinha que gerar caixa ou se endividar. Com o controle do preço da gasolina e do diesel, explicou Pires, a empresa não conseguiu gerar caixa suficiente para os investimentos e se endividou.

Para ele, a perda do grau de investimento da estatal pela Standard & Poor’s e pela Moody’s, além da disparada do dólar deixou a empresa “tecnicamente quebrada”. “Ela está em uma situação caótica”, afirmou.

A conclusão sobre a situação da empresa é compartilhada pelo economista da PUC Rio, José Marcio Camargo, que disse que “se o governo não colocar dinheiro na Petrobras, ela quebra”.

Segundo Pires, além de pesar na dívida, o dólar também pesa nas importações que são feitas, como gasolina, nafta e querosene de aviação.

Fonte: Fato Online

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui