Policiais civis do DF decidem manter operação-padrão até segunda-feira

civil1Categoria quer equiparação salarial com PF e fez ato em frente ao Buriti. Governo retirou proposta anterior, mas se reúne com sindicato na segunda.

Policiais civis do Distrito Federal decidiram, em assembleia nesta quinta-feira (11), manter a operação-padrão iniciada em julho até a próxima segunda (15). A data marca a próxima reunião de dirigentes sindicais com o governo, para discutir uma pauta de reivindicações que inclui equiparação de salários e benefícios com a Polícia Federal.

O ato reuniu cerca de 4,5 mil agentes e delegados em frente ao Palácio do Buriti, segundo estimativa do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol). O deputado distrital Cláudio Abrantes e o federal Laerte Bessa (PR) participaram da assembleia.

Após a votação, o grupo marchou rumo à sede da Secretaria de Segurança Pública e gritou palavras de ordem pedindo a saída da chefe da pasta, Márcia de Alencar.

Segundo os policiais, os pedidos foram motivados por uma declaração polêmica de Márcia na semana passada, durante paralisação de 72 horas. O período incluiu a abertura da Olimpíada em Brasília. De acordo com os sindicalistas, Márcia afirmou em uma reunião que a atuação dos policiais civis “não faria falta” no patrulhamento dos Jogos.

Nesta quinta (11), chefes de sessão – papiloscopistas, oficiais de custódia e delegados-chefe –  assinaram termos para a entrega de cargos de chefia na proxima terça (16), se a negociação salarial não avançar. A Polícia Civil diz que 1 mil agentes – incluindo 200 delegados – devem deixar os postos e outros podem preencher termos de recusa, caso sejam nomeados para as vagas abertas.

Durante a assembleia, policiais se revezaram no microfone para encaminhar propostas de votação. Um dos oradores disse não se importar com as chefias porque era “cana” e já respondia a processos por tortura e abuso de autoridade. Ele foi aplaudido por colegas ao terminar o discurso.

Um agente também pediu que os funcionários do Instituto Médico Legal (IML) parassem de recolher os corpos, em casos de morte natural, que policiais entregassem as armas e que um grupo fosse designado para acompanhar e “pressionar” deputados distritais na Câmara Legislativa. Destas, apenas a proposta relacionada ao IML foi aprovada e começa a valer a partir desta quinta-feira.

O diretor do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil (Sindepo), Rafael Sampaio, disse que em reunião nesta quinta (11), os delegados decidiram que vão entregar os cargos em caso de proposta diferente do que pede a categoria.

“Nós decidimos que a categoria vai apoiar o Sinpol e em caso de uma resposta diferente do que esperamos na reunião de segunda, não haverá outro modo há não ser a paralisação dos policiais civis.”

O deputado federal Laerte Bessa (PR) disse que a categoria tem direito ao aumento porque tem os salários pagos através do fundo constitucional. “O recurso do fundo constitucional nos dá esse direito e o fundo tem dinheiro suficiente para nos dar esse aumento. Entao, é falácia dizer que não tem dinheiro para dar o aumento porque nós recebemos através da verba federal.”

A operação-padrão dos policiais civis começou no dia 4 de julho e foi intensificada no fim do mês. A cartilha distribuída pelo sindicato  prevê que os agentes ajam estritamente pelas regras da corporação, sem horas extras ou operações com guarnições menores que o recomendado.

Histórico
Na última quarta (3), policiais civis aprovaram em assembleia uma paralisação geral de 48 horas válida a partir das 8h do dia seguinte. O período incluiu a estreia de Brasília como subsede da Olimpíada Rio 2016. Segundo o sindicato, o movimento tinha adesão de delegados e agentes de investigação.

No mesmo dia (3), o GDF anunciou a retirada de uma proposta de reajuste salarial feita a policiais civis, que previa aumentos escalonados até 2018. Por conta da paralisação, agentes “abandonaram” na quinta (4) a segurança nos hotéis onde estavam hospedadas as seleções do Iraque, Dinamarca e África do Sul.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, eles foram substituídos por policiais militares. A segurança do hotel da Seleção Brasileira já era de responsabilidade da PM.

No dia estreia da Olímpiada no DF, os policiais civis fizeram uma passeata para protestar por aumento salarial. O ato aconteceu a menos de 400 metros do estádio Mané Garrincha, dentro do perímetro de segurança da arena. A manifestação começou às 14h15, quando Iraque e Dinamarca abriam as disputas de futebol masculino na arena. Até as 15h30, meia hora antes do início de Brasil x Iraque, o ato era mantido no local e terminou às 16h10.

Na sexta (5), o chefe da Casa Civil do DF, Sérgio Sampaio, afirmou que o governo não negociaria salários e reajustes durante a paralisação. Ao G1, o político afirmou que, se a proposta do sindicato fosse acatada, o governo precisaria desembolsar R$ 450 milhões a mais por ano para honrar os salários.

Os policiais retomaram os postos de trabalho às 8h de sábado (6), após 48 horas de paralisação por melhores salários. Segundo a direção da Polícia Civil, a escolta das delegações internacionais que estavam em Brasília para a Olimpíada e o atendimento nas delegacias foram restabelecidos e aconteciam normalmente.

Na segunda (8), a categoria fez nova assembleia e deu continuidade à operação-padrão, sem aprovar novas paralisações gerais. Durante caminhada, policiais gritaram palavras de ordem como “polícia unida jamais será vencida” e “faca na caveira, e nada na carteira” – bordão utilizado no filme “Tropa de Elite”. Apitos e rojões também foram usados no trajeto.

Após a assembleia, os policiais civis caminharam até o Palácio do Planalto, sede do governo do presidente em exercício Michel Temer. Três faixas do Eixo Monumental estavam isoladas para os policiais, que invadiram as outras três e bloquearam todo o trânsito no sentido rodoviária-Congresso.

Fonte: G1

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