Da redação do Conectado ao Poder

A decisão de Ricardo Cappelli, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e pré-candidato ao Governo do Distrito Federal (GDF), de se mudar temporariamente para o Sol Nascente, está sendo vista com desconfiança por muitos moradores e críticos. A proposta, que inclui o uso de transporte público e estadias de até dez dias em diferentes localidades do DF, foi amplamente divulgada por ele como uma tentativa de se aproximar da realidade da população, mas foi recebida por parte dos cidadãos como eleitoreira e desconectada das reais demandas da comunidade.
No anúncio feito pelas redes sociais, Cappelli destacou que a experiência pretende aproximá-lo das dificuldades cotidianas das comunidades mais vulneráveis. “Vou ficar na casa de amigos, de conhecidos. Se você quiser me receber na sua casa também, eu aceito”, declarou em tom casual, convidando os moradores a participarem da iniciativa. Ele ainda reforçou a intenção de “ouvir os sonhos, os desafios e a realidade concreta das pessoas”.
Porém, a ação foi vista por muitos como um gesto simbólico de curta duração, insuficiente para compreender verdadeiramente as questões enfrentadas pelos habitantes dessas regiões. Moradores questionaram a profundidade da iniciativa. “Quem vive aqui não está por escolha, mas por necessidade. Não adianta passar uma semana e achar que entendeu o problema. Depois ele vai embora, e os desafios ficam”, comentou um residente.
A crítica mais recorrente à ação de Cappelli é de que se trata de uma estratégia populista, comum em períodos pré-eleitorais, que visa angariar votos, mas não reflete um compromisso genuíno com mudanças estruturais. “Políticos aparecem aqui em época de eleição com promessas, mas depois desaparecem. É só um teatro para impressionar”, afirmou uma comerciante local.
Além disso, o uso do transporte público, que Cappelli anunciou como parte da proposta, também gerou reações negativas. “Para quem depende do transporte público diariamente, a realidade é de atrasos, superlotação e precariedade. Ele vai enfrentar isso por uma semana e depois sair em busca de conforto”, criticou um trabalhador que utiliza ônibus para se locomover.
Para especialistas, ações como essa evidenciam a desconexão entre as lideranças políticas e as necessidades da população. “Essas iniciativas são superficiais. Não é possível entender a complexidade de uma comunidade vivendo como visitante por poucos dias”, analisa um cientista político. Ele ressalta que a política pública deve ser guiada por estudos profundos e planejamento, e não por ações midiáticas.
Embora Cappelli tenha afirmado que sua intenção é captar as demandas da população e usar a experiência para embasar propostas políticas, a aceitação geral da iniciativa mostra um ceticismo que reflete a insatisfação com práticas recorrentes na política brasileira.
Cappelli, agora, enfrenta o desafio de provar que suas ações não se limitam ao período pré-eleitoral e que está comprometido em trazer melhorias concretas para comunidades como o Sol Nascente. Enquanto isso, a população segue exigindo soluções reais e estruturais, cansada de promessas que evaporam após a contagem dos votos.