PT do DF emparedado entre rejeição popular e isolamento interno

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Da redação do Conectado ao Poder

Prévias marcadas para novembro expõem o impasse de um partido que não vence no DF há 15 anos e segue sem consenso entre suas bases e eleitores

As prévias do PT no Distrito Federal, agendadas para 30 de novembro, jogam luz sobre um problema que há tempos se arrasta nos bastidores da legenda: a desconexão entre a vontade das bases partidárias e o desejo do eleitorado. De um lado, quadros novos como Leandro Grass tentam furar o bloqueio das estruturas internas, ainda dominadas por figuras históricas do partido. De outro, nomes tradicionais, como Geraldo Magela, até hoje com força nas instâncias de decisão, amargam um claro desgaste popular. O resultado desse impasse é um PT paralisado, emparedado entre o novo sem força interna e o velho sem apelo nas ruas.

A reunião do Diretório Regional, que contou com a presença de deputados, dirigentes e lideranças simbólicas da legenda, como Erika Kokay e Arlete Sampaio, selou as regras do jogo: haverá quatro debates entre os pré-candidatos antes da votação interna. O gesto soa democrático, mas na prática escancara a dificuldade do partido em construir consensos — e principalmente em se projetar como uma alternativa viável ao governo do DF em 2026.

O apoio explícito de Chico Vigilante à candidatura de Leandro Grass mostra que há setores tentando empurrar o PT rumo à renovação. Mas mesmo essa tentativa enfrenta obstáculos. Grass, embora com trajetória reconhecida e um discurso mais próximo das pautas contemporâneas, encontra resistência entre velhos caciques da legenda. Já Magela, que traz a experiência de gestões passadas, parece mais confortável entre os filiados, mas carrega nas costas a rejeição acumulada de sucessivas derrotas e a sensação de que o partido não se move.

Desde a vitória em 2010, o PT não voltou ao Palácio do Buriti. São quinze anos fora do Executivo local e um acúmulo de fracassos eleitorais que, somados à crise de identidade do partido no cenário nacional, têm aprofundado a dificuldade de reconexão com a sociedade brasiliense. A renovação ensaiada nunca se completa, e o prestígio interno continua sendo medido por relações partidárias, e não por viabilidade eleitoral.

A fala do presidente regional, Guilherme Sigmaringa, ao afirmar que “a unanimidade na aprovação das prévias demonstra a unidade e a força do nosso partido”, tenta passar uma imagem de coesão que não se sustenta na prática. Não há unidade. O que há é uma disputa interna entre projetos que não conversam nem entre si nem com o eleitor. Um partido fragmentado, buscando no debate interno uma saída para sua estagnação externa.

A verdade é que o PT do DF ainda não encontrou o seu caminho. A militância se vê dividida entre a lealdade às figuras que fizeram a história do partido e o desejo de mudança, que não consegue romper com o peso do passado. As prévias podem até animar o debate interno, mas dificilmente resolverão o dilema central: com quadros novos isolados e os antigos rejeitados, o partido segue sem fôlego para retomar o protagonismo político no DF. E tudo indica que continuará assim.

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