Analistas ouvidos pelo jornal britânico avaliaram que o real ainda se mantém forte frente ao dólar por causa das intervenções do Banco Central.
Um artigo do jornal britânico Financial Times destacou que, mesmo com a forte alta do dólar frente ao real, a moeda brasileira ainda está sobrevalorizada e deveria chegar ao patamar de 5 reais, segundo a avaliação de especialistas ouvidos pela publicação. Com o título de “Brasil real: quão baixo pode ir”, a matéria foi publicada no site do jornal nesta segunda-feira.
O texto começa citando o discurso da presidente Dilma Rousseff ao Congresso, no qual ela defendeu a necessidade da aprovação da CPMF, o imposto do cheque. Após traçar o cenário de crise em que se encontra a economia brasileira – atrás apenas da Arábia Saudita -, com déficit fiscal, PIB negativo e inflação elevada, o texto discorreu sobre o valor real da moeda brasileira ante a divisa americana.
“A maioria de nós acha que, se fosse apenas baseado em fundamentos, o real deveria estar mais perto dos 5 reais e não dos 4 reais”, disse ao jornal um banqueiro sênior de uma instituição estrangeira. O dólar fechou a última sexta-feira a 3,91 reais, com avanço de 0,41%. Em um ano, a moeda já registrou mais de 40% de alta. Para os especialistas ouvidos pelo FT, o real ainda se mantém em patamares elevados por causa das intervenções do Banco Central.
Segundo o último boletim Focus, o dólar deve encerrar 2016 em 4,35 reais. Analistas ouvidos pela reportagem disseram que esse nível, de 4,35 reais, ainda é baixo em termos nominais. O economista da Oxford Economics Marcos Casarin avalia que 5,45 reais seria o patamar que representaria o “valor justo em termos reais” da moeda. “Este nível (5,45 reais) seria o modelo onde poderíamos dizer Ok o seu ajuste externo está feito e agora esta taxa vai garantir a competitividade da sua indústria de exportação”, afirmou Casarin.
Além dos problemas internos, o artigo também destaca que a moeda brasileira é vulnerável ao desempenho da China. Uma desaceleração mais forte do que o esperado na segunda maior economia do mundo poderia aumentar ainda a mais pressão sobre o real.
Fonte: veja.abril.com.br