Dinheiro será gerenciado pelo programa de pesquisas do bloco econômico. Anúncio foi feito após reunião com representantes de 24 países europeus.
A União Europeia anunciou nesta terça-feira (16) que vai destinar 10 milhões de euros para as pesquisas científicas relacionadas ao Aedes aegypti e à disseminação do vírus da zika em território brasileiro. O dinheiro será gerenciado pelo programa de pesquisas do bloco econômico, chamado Horizonte 2020, e entregue diretamente às equipes científicas.
O embaixador da União Europeia no Brasil, João Cravinho, afirmou que o edital deve ser publicado em 15 de março, com um mês para a inscrição dos pesquisadores. Além de institutos como Fiocruz e Butantan, universidades e órgãos internacionais poderão participar da disputa. O diplomata não informou se as pesquisas deverão ser feitas, necessariamente, em solo brasileiro.
“Isto [o fomento à pesquisa] acontece no âmbito da investigação científica, em um edital em que as melhores propostas científicas serão financiadas. A União Europeia tem um dever de solidariedade e de interesse próprio em ajudar o Brasil nessa luta”, diz Cravinho.
O anúncio foi feito após reunião com representantes de 24 dos 28 países que compõem o bloco e o ministro da Saúde, Marcelo Castro. No encontro, o governo federal esclareceu dúvidas e apresentou os dados atuais das infecções por vírus da zika, dengue e chikungunya, transmitidas pelo Aedes aegypti.
“Viemos trazer todas as informações sobre o maior problema de saúde pública do país. Como todos vocês sabem, hoje é uma preocupação internacional o problema do vírus zika. A OMS acha que pode haver uma pandemia aqui nas Américas, declarou emergência internacional e toda a comunidade está preocupada com o que acontece no Brasil”, declarou Castro.
O ministro afirmou, mais uma vez, que o governo atua com “total transparência” na divulgação dos dados de pesquisas científicas e relativos ao índice de infecção. Perguntado sobre um possível “pedido de ajuda” do Brasil à Europa, Castro disse que o assunto foi mencionado na coletiva, mas não detalhou outras ações de cooperação.
“Nós gostaríamos muito de ter compartilhamento de informações, parcerias com órgãos internacionais para desenvolver tratamentos e vacinas. Estamos agindo em várias frentes”, diz. Nesta terça, um grupo de pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) norte-americano deu início a um estudo sobre zika e Aedes na Paraíba.
Olimpíadas
Durante a reunião, representantes de países europeus manifestaram preocupação sobre o controle do vírus da zika no período das Olimpíadas no Rio de Janeiro, em agosto. “A comunidade tem muitas incertezas. Esse fenômeno [de disseminação do vírus] é um fenômeno da globalização. Nenhum dos países está isento hoje ou nos anos que vêm”, afirmou Cravinho.
O ministro afirmou aos embaixadores europeus que haverá uma “recomendação de precaução”, mas não anunciou nenhuma medida específica para o período – oferta de repelente às delegações, por exemplo.
“Estamos recomendando às pessoas o mesmo que estamos recomendando aos brasileiros, não poderia ser diferente. Alertamos que o Aedes tem comportamento sazonal. Ele se reproduz mais no verão, agora em março, abril, quando atingimos a população máxima. O mês de agosto é um dos que tem a menor população de Aedes aegypti. Estamos dizendo com bastante segurança que as Olimpíadas não terão nenhuma dificuldade para serem realizadas”, declarou Castro.
O representante da comunidade europeia afirmou que os países não estabeleceram exigências. “Ainda é muito cedo para esse tipo de questão. Estamos há seis meses dos Jogos Olímpicos, vai acontecer muita coisa em termos de evolução do zika e de evolução do vetor. Tudo leva a crer que haverá uma diminuição muito grande do mosquito. Nossa expectativa é que as políticas públicas do governo brasileiro tenham êxito, e que o zika seja uma memória apenas”, disse.
Fonte: g1.globo.com