Uma das linhas de investigação da Polícia Federal é que ações de marqueteiro para omitir seu patrimônio tiveram o intuito de esconder repasses do PT.
Em uma das linhas de investigação da Operação Acarajé, a Polícia Federal investiga os reais motivos pelos quais o marqueteiro da campanha da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, João Santana, omitiu informações sobre o crescimento de seu patrimônio, principalmente por receber por meio de empresas fora do Brasil.
Uma das suspeitas dos policiais é que Santana tenha recebido recursos oriundos de Caixa 2 do PT entre os anos de 2004 e 2010. A PF não investiga crime eleitoral, mas a não declaração de ganhos pode configurar crime de lavagem de dinheiro ou evasão de divisas.
Uma das várias irregularidades contábeis já detectadas pela Receita Federal e que são alvo de apuração da PF está ligada à declaração tardia do controle de quatro empresas no exterior. Apenas após a Operação Lava-Jato, Santana incluiu em suas prestações de contas à receita a existência de empresas em El Salvador, na República Dominicana, no Panamá e na Argentina.
Inclusão recente
Um exemplo dessas empresas é a Polistepeque Marketing S.A., alocada em El Salvador, que foi constituída em 2009 e somente declarada no ano passado, em meio às investigações da Lava-Jato. A Polis Caribe Comunicacion y Marketing, aberta em El Salvador, outra empresa ligada a João Santana, foi criada em 2010, mas somente declarada em nome de Santana em 2015.
Além disso, os policiais estranharam o fato de que existiam, em vários anos, operações de crédito e de débito consideradas incompatíveis com o crescimento patrimonial de João Santana. Durante o ano de 2012, quando a sua empresa, a Polis, responsável pela campanha do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), recebeu do PT aproximadamente R$ 30 milhões, Santana não registrou movimentação alguma em seu CPF. “Nesse caso, também cabe a observação de que, se houve o recebimento efetivo destes rendimentos, não circularam pela conta bancária do contribuinte”, destaca relatório da Receita Federal.
A suspeita dos policiais federais é que João Santana, na realidade, tenha recebido recursos em contas no exterior e que não foram alvo de declaração junto à Receita Federal. Assim, ele poderia manter empresas fora do país e ainda receber por essas empresas, sem necessariamente declarar ao fisco brasileiro.
Discrepância
Uma das comprovações do real patrimônio de Santana estavam em gastos com cartão de crédito. “O contribuinte apresentou nos anos de 2011 e 2012 valores elevados de gastos com cartão de crédito e baixa ou nenhuma movimentação financeira, portanto, estes valores não estão circulando pela conta bancária do contribuinte”, destaca a Receita Federal.
Durante o ano de 2012, no qual não há movimentações em sua conta bancária, Santana gastou R$ 520 mil pelo cartão de crédito. No ano anterior, foram pagos R$ 328 mil em dívidas com cartão, período em que a movimentação financeira foi de R$ 8,1 mil. Procurada, a defesa de Santana não retornou.
Fonte: Fato Online