A Vice-presidência da Câmara Legislativa estava vaga desde a última terça-feira, quando estourou o escândalo UTIgate. Liliane Roriz (PTB), autora das denúncias, deixou o posto no mesmo dia em que o caso veio à tona. Somente Juarezão se candidatou à vaga. Ele recebeu os votos de todos os 14 distritais presentes na sessão. Liliane não compareceu à Casa desde o início da crise. Ela havia solicitado liberação para tratar de assuntos de interesse particular, de 11 a 19 de agosto, sem direito a vencimentos. Ontem, ela pediu a renovação da licença por mais cinco dias e só deve voltar ao trabalho na próxima semana.
Juarezão agradeceu o voto dos colegas e evitou criticar os citados no escândalo do suposto esquema de cobrança de propina. “Esta Casa está sofrendo ataques seríssimos. Tem que primeiro apurar antes de atacar”, comentou o novo vice-presidente da Câmara. “Sei o que isso representa, sou uma pessoa humilde, mas honesta. E sempre sofri ataques”, acrescentou o parlamentar.
Apesar de Juarezão ser do mesmo partido do governador Rodrigo Rollemberg, vários distritais fizeram questão de dizer que a escolha não tinha nenhuma influência do Palácio do Buriti. “Não é indicação do governador nem de A, B ou C. A escolha do nome do deputado Juarezão segue critério definido na época da eleição da Mesa Diretora”, defendeu Agaciel Maia (PR). Ele explicou que, quando houve a eleição da cúpula, o bloco do qual Juarezão fazia parte ficou responsável pela escolha da vice-presidência. A bancada do PT decidiu não participar da votação, e os três parlamentares do partido se retiraram do plenário. “Entendemos que ainda há prazo para aguardar. A eleição não ajuda a chegarmos a um esclarecimento neste momento constrangedor que a gente vive”, argumentou o líder do PT, Wasny de Roure.
Liliane Roriz também enfrenta problemas na esfera eleitoral. Ontem, o Ministério Público pediu a imediata execução da pena imposta à distrital do PTB por corrupção nas eleições. Em março, ela recebeu uma pena de 2 anos e 6 meses de reclusão, além de multa de R$ 31,6 mil. Segundo a denúncia, ela teria oferecido promessa de vantagens em troca de voto na disputa de 2010.
Segundo o MP, a pena privativa de liberdade foi substituída por duas restritivas a serem fixadas no momento da execução. O pedido para imediata execução é assinado pelo vice-procurador-geral eleitoral Nicolao Dino. Liliane é acusada de omitir despesas no valor de R$ 40,6 mil e de ter recebido serviços não declarados na prestação de contas da campanha de 2010. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) determinou a perda de direitos políticos por oito anos.
Fonte: Correio Braziliense