Muito diferente de 2011

Palacio_do_BuritiDesde a posse da equipe de Agnelo em janeiro de 2011, quase 70% dos secretários deixaram os cargos e quatro pastas foram criadas. Exonerações e nomeações atendem a arranjos com partidos da base e à disputa política.

Em 1º de janeiro de 2011, o recém-eleito governador Agnelo Queiroz tomou posse no Palácio do Buriti, em uma disputada cerimônia. Ao lado do novo chefe do Executivo da capital, 31 secretários de Estado assumiram os cargos e posaram para a foto oficial do GDF. Mas de lá para cá, o retrato do primeiro escalão mudou muito. Quase 70% dos titulares de secretarias de governo deixaram o cargo. A dança das cadeiras ocorreu para melhorar a qualidade dos serviços prestados pelo GDF, mas também para acomodar aliados políticos, ou para apagar incêndios causados por denúncias e escândalos. Nos últimos três anos, o governador criou quatro pastas e extinguiu uma secretaria, a de juventude. Até abril, uma nova rodada de mudanças vai ocorrer para que integrantes da equipe se desincompatibilizem a fim de concorrer nas próximas eleições.

Entre as secretarias consideradas estratégicas, somente a de Saúde tem o mesmo titular. O médico Rafael Barbosa, braço direito do governador, está no posto desde a posse de Agnelo Queiroz. Enfrentou crises na área, como todos os antecessores, mas foi mantido no cargo até agora. Só deve se afastar do primeiro escalão para se candidatar a uma vaga de deputado federal. A longevidade na Secretaria de Saúde deu visibilidade ao aliado de Agnelo, que no ano passado se filiou ao PT e vai concorrer em outubro.

Outra área importante que manteve o mesmo gestor pelos últimos três anos foi a Secretaria de Transportes. Indicado pelo vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB), José Walter Vazquez liderou o processo de licitação para renovação da frota e do sistema de ônibus da capital federal. A concorrência pública foi alvo de quase 200 ações e de denúncias de empresários e parlamentares de oposição. Apesar do desgaste, o governo conseguiu dar prosseguimento à licitação e Walter seguiu firme no cargo. Deve ser um casos raros de permanência no posto pelos quatro anos do mandato de Agnelo.

As pastas de Segurança e Educação tiveram rotatividade. A primeira secretária de Educação, Regina Vinhaes, não ficou nem nove meses no cargo. Ela havia sido uma indicação pessoal de Agnelo Queiroz, sem vinculações políticas, o que irritou petistas e outros aliados, como o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que não foi consultado na escolha. A professora deixou o posto em setembro de 2011, alegando “falta de condições físicas” diante das pressões. Ela abriu espaço para o então secretário de Administração, Denílson Bento da Costa, que deixou o posto para assumir a Secretaria de Educação.

Em agosto deste ano, mais uma troca: Agnelo Queiroz demitiu Denílson para nomear Marcelo Aguiar. A mudança envolveu uma estratégia do governador para tentar se reaproximar do PDT e de Cristovam. Mas a manobra não rendeu dividendos políticos: sob pressão, Marcelo Aguiar teve que deixar o partido. O senador pedetista intensificou as críticas ao GDF desde então.

Passagem ainda mais meteórica pelo governo foi a de Daniel Lorenz. Delegado aposentado da Polícia Federal, ele assumiu a Secretaria de Segurança depois da posse de Agnelo, mas deixou o primeiro escalão pouco mais de três meses depois. Alegou a pessoas próximas que estaria insatisfeito com ingerências políticas na pasta. Com a exoneração de Lorenz, Sandro Avelar assumiu o cargo, onde permanece até hoje. Ele se tornou homem de confiança de Agnelo, que o incentiva a entrar para a política. Avelar se filiou ao PMDB, ajudando a consolidar a aliança do partido de Filippelli com o PT, e deve disputar uma vaga de deputado federal.

Entre as quatro novas secretarias, duas foram criadas em agosto de 2011, sob medida para abrigar aliados. A pasta dos Idosos, comandada por Ricardo Quirino (PRB) desde o início, saiu do papel para dar espaço à legenda no primeiro escalão. Ele é suplente do deputado Luiz Pitiman (PSDB) e assumiu uma cadeira na Câmara dos Deputados quando o titular deixou o Congresso para comandar a Secretaria de Obras. Mas Pitiman rompeu com o GDF e retomou o mandato, deixando Quirino sem cargo. Por conta disso, o integrante do PRB foi realocado na nova pasta. As outras secretarias criadas ao longo desta gestão foram a Igualdade Racial, sob comando de Viridiano Custódio, e pasta extraordinária da Copa do Mundo, que tem à frente Cláudio Monteiro.

Houve também mudanças na estrutura de poder. Paulo Tadeu, poderoso secretário de Governo, no primeiro ano do mandato de Agnelo, trocou o Executivo e o mandato de deputado federal por cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do DF. Mas fez sucessor: Gustavo Ponce de Leon, de sua confiança, permanece na secretaria de Governo.

Fonte: Blog do Sombra / Correio Braziliense – 01/01/2014

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