Consultores políticos apontam que a polarização não tem previsão para acabar

Da redação do Conectado ao Poder

O podcast Conectado ao Poder, gravado semanal no estúdio da Rádio Federal, apresentado pelo jornalista Sandro Gianelli, recebeu o cientista político Rairon Murada e o escritor e consultor político Randerson Cirqueira, que debateram sobre a polarização política no Brasil.

Gianelli comparou a divisão do país pós-eleições 2014 e 2022. “Em 2014, quando terminou a eleição da Dilma e Aécio, nós sentimos que o país estava meio dividido, mas com o resultado entre Lula e Bolsonaro em 2022, com diferença de um pouco mais de 2 milhões de eleitores, a gente percebe que está muito mais dividido. Será que é possível diminuirmos essa polarização?”, questionou

Rairon aponta a separação desde 2014. “Eu acho que se nós pegarmos de 2014 para cá, nós tivemos um núcleo de polarização maior ainda, porque em 2014 tivemos Marina Silva com uma votação expressiva, porque o Eduardo Campos morreu, então ela conseguiu pegar uma faixa daquelas pessoas que votariam nele. De lá para cá, 2014 já vem polarizado, em 2018 teve Bolsonaro e Haddad e agora 2022 Lula e Bolsonaro”, analisou.

Randerson pontuou a trajetória de Lula desde 2002. “Faço uma viagem lá para 2002, que o Lula vinha de sucessivas tentativas à Presidência da República. A impressão que eu tenho é que ele estava em uma disputa no polo e para ele conseguir a eleição em 2002, ele teve que sair de lá e fazer um discurso pacificador, paz e amor, mas agora ele voltou para o lugar que ele sempre esteve, de polarização, sem discurso de pacificação, porque ele sabia que tinha o grupo dele para ir para cima do outro lado. Eu acredito que a polarização não tenha tempo para acabar, porque parece que está todo mundo confortável defendendo o que acredita, cada um no seu canto”, comentou.

“Ele vence, então, em 2022, muito mais confortável, dentro da ideologia dele, do que em 2002, que ele teve que mudar”, destacou Gianelli.

Os especialistas concordam que a situação pode ser levada além da questão presidencial. “As tendências de polarização não são só na presidência, mas também em prefeituras, governos, pois serão dois polos, que irão se engalfinhar em busca do mandato, sem mais espaço para terceira via”, disse Rairon Murada.

Randerson Cirqueira segue a mesma linha de pensamento. “É uma coisa que pega também em municípios. Em minhas palestras, eu falo muito com vereadores e eu percebo que eles estão muito convictos na questão ideológica, com a vontade de continuar assim mesmo”, observou.

- Publicidade -

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui