Por Luciano Lima
O caso da professora que recebeu um pacote de palha de aço como presente no Dia Internacional da Mulher de um aluno de uma escola pública de Ceilândia, na região metropolitana de Brasília, é só um grão de areia em meio a tantos absurdos que vêm ajudando a degradar a educação brasileira, seja ela pública ou privada, e a família.
E precisamos ser muito honestos na avaliação do comportamento dos jovens nos dias atuais. A convivência harmônica entre pais e filhos em um mundo globalizado e com as distâncias encurtadas pelo avanço da tecnologia, principalmente da internet, é um dos grandes desafios da família dos dias atuais.
Entendo que o papel da família, mesmo com os avanços de uma sociedade moderna, não mudou. As drogas, a violência, o “TER” subjugando o “SER” e o comportamento de manada com regras ditadas pela internet, considerada “terra de ninguém”, são os grandes inimigos daqueles que não encontram (ou não querem encontrar) no diálogo uma arma poderosa contra a desestruturação do ambiente familiar.
Antes achávamos que os grupos de amigos eram capazes de despersonalizar o adolescente. A necessidade de aceitação no meio social e a sensação de pertencimento a um determinado grupo levavam os jovens a agirem dessa forma. Os mundos das famílias e dos amigos estavam muito distantes. Éramos felizes e não sabíamos! E, agora? A internet diminuiu distâncias e fez com que o distanciamento se tornasse muito maior. A receita é antiga, mas funciona. A solução está no diálogo aberto dentro de casa e na inclusão dos ambientes da internet ao ambiente familiar.
Infelizmente, o ambiente escolar não tem contribuído, como já o fez outrora, para a formação de jovens com personalidade forte. A falta de regras é escandalosa. Até por experiência própria, posso afirmar que houve tempos em que fugir da sala de aula exigia um grande planejamento e inteligência. Não era qualquer um que tinha coragem de cometer tamanho “crime”. Isso mesmo! Houve tempo em que transgredir ajudava na formação da personalidade, pois exigia concentração, disciplina e depois momentos infindáveis de reflexão quando éramos flagrados.
Mas no atual quadro de desrespeito e do “tudo pode” não há mais autoridade a ser enfrentada. O estudante encontra hoje professores desmotivados ou contaminados por ideologias políticas e por experimentalismos pedagógicos de resultados duvidosos. Por que tiraram a música do currículo escolar? Por que o esporte não é mais prioridade na boa formação e na disciplina do indivíduo?
Na busca pelo fim do “autoritarismo” do mestre, acabamos com a autoridade, fundamental para a vida. Na ânsia de atender os jovens em tudo, tornamos o ambiente escolar, e até o ambiente familiar, permissivos. Estamos ensinando aos nossos jovens que o mundo se adaptaria a ele, e não o contrário. O mestre se tornou um mero detalhe.
Os pequenos prazeres e desafios, agora facilitados, deixaram de desempenhar os encantos de antes. A juventude busca as sensações instantâneas na internet, sem fiscalização e sem lei, e nas drogas, cada vez mais adaptadas ao avanço da tecnologia. Buscam novas fronteiras, cada vez mais perigosas e mortais.
A esperança é que os ensinamentos deixados pela Pandemia do COVID-19, uma tragédia civilizatória que balizou toda a humanidade e nos fez entender o quanto somos frágeis, deixe, de fato, alguns ensinamentos.
Precisamos voltar a valorizar as pequenas coisas da vida. É preciso que a FAMÍLIA, o ESTADO e as demais instituições reassumam sua autoridade. Os pais precisam entender que a obrigação de EDUCAR está na família e de ENSINAR na escola.
E lembre-se: autoridade nunca foi e nunca será autoritarismo. Autoridade é amor!
*Luciano Lima é historiador, jornalista e radialista