Três hospitais particulares do Distrito Federal que atendem a Polícia Militar pediram descredenciamento da rede de saúde da corporação por dívidas herdadas da gestão anterior que chegam a R$ 60 milhões, segundo a PM. Até esta sexta-feira (17), apenas o Hospital Santa Helena, na Asa Norte, não havia interrompido o serviço. Das quatro unidades que atendiam os militares, duas foram descredenciadas e uma fez a solicitação.
O Hospital Santa Marta, em Taguatinga, e o São Francisco, em Ceilândia, rompera o contrato. Segundo o comandante-geral da PM, Florisvaldo César, o Hospital Maria Auxiliadora, no Gama, chegou a solicitar o descredenciamento, mas parte do pagamento à unidade foi efetuado e, por esse motivo, é possível que não haja a interrupção definitiva do serviço.
O comandante afirmou que o orçamento da corporação para pagar os serviços médicos dos militares é de R$ 10 milhões mensais, mas desde o ano passado o montante tem extrapolado o limite. Segundo ele, as dívidas da PM com as unidades de saúde particulares são referentes aos meses de outubro, novembro e dezembro de 2014. Há ainda restos a pagar pelo ano de 2013.
De acordo com a PM, todos os pagamentos referentes a 2015 têm sido efetuados na data correta. “Nossa administração que assumiu no dia 1º de janeiro não pode pagar [a dívida] pelo motivo simples e legal de que o orçamento de 2015 não pode pagar aquelas dívidas de 2014”, afirmou.
Segundo com o comandante, consultas ambulatoriais e exames continuam sendo realizados normalmente no centro médico da PM. Os policiais também continuarão a ser ressarcidos por atendimentos feitos na rede particular de áreas de especialidade em que não houver atendimento na unidade da corporação.
Para adequar os custos ao orçamento mensal, a PM tornou obrigatório que todas as consultas médicas sejam realizadas no centro de saúde da corporação. No mês passado, foram realizados nove mil atendimentos na unidade. Para atender a demanda, o comandante solicitou o retorno de médicos que estavam cedidos para outros órgãos e aumentou a carga horária dos profissionais.
“O futuro é fortalecer nosso centro médico e reduzir a participação privada no atendimento de saúde da corporação”, afirmou. “Temos contado com todo apoio da área médica da nossa corporação. Isso tem equilibrado nossas contas.”
A PM informou que a verba para os pagamentos de 2015 são oriundas do Fundo Constitucional, mas que o recurso para quitar as dívidas do ano passado terá de ser remanejado pelo GDF. Antes de fazer o repasse dos pagamentos aos hospitais, todos os contratos serão auditados.
“São duas frentes muito difíceis. Negociar a dívida do governo passado e gerenciar a mudança da prestação do serviço de saúde”, disse o comandante.
O comandante afirmou que há cinco anos atrás, o serviço de saúde da PM era “precário”, mas ganhou “robustez” nos atendimentos prestados e, consequentemente, um aumento significativo no número de dependentes. “Os policiais tinham um plano de saúde particular e usavam muito pouco o nosso sistema de saúde”, diz. “Depois, iniciamos a construção de um centro médico melhor e, paralelo a isso, o credenciamento de hospitais para atender os hospitais.”
De acordo com ele, o gasto inicial da corporação com a rede era de R$ 5 milhões mensais. “O policial que não acreditava no sistema historicamente, mas passou a achar o sistema muito bom e todo mundo cancelou seu plano de saúde. Isso causou um aumento de gasto muito grande, superior ao orçamento.”
Fonte: G1