A CPMI do dia 8 de janeiro e a “Cortina de Fumaça”

Por Luciano Lima

Confira a lista dos próximos convidados para depor na CPMI do dia 8 de janeiro: os atores Wagner Moura, José de Abreu e Antônio Pitanga; o influenciador digital Felipe Neto; a apresentadora Xuxa Meneghel; as cantoras Pablo Vittar, Ludmilla e Ivete Sangalo; o cantor Chico César; o roqueiro Tico Santa Cruz; o apresentador do Jornal Nacional, William Bonner; o traficante André do Rap, já que a justiça autorizou criminosos participarem por audiência remota; e representantes dos institutos de pesquisa IPEC e Datafolha, cujo nomes ainda não foram definidos.

(O parágrafo acima , ou o primeiro parágrafo, é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.)

Vamos aos fatos. A CPMI do dia 8 de janeiro de 2023, uma data que os brasileiros jamais vão esquecer, está se transformando em motivo de piada e uma grande “cortina de fumaça”. Nós sabemos que o Governo Lula fez de tudo para evitar a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito. Mas tem um ditado que diz que “se não podes com eles, junte-se a eles” e “fazemos do limão, uma limonada”. E é exatamente isso que a base do governo, que tomou de assalto a CPMI, está fazendo. Transformou a CPMI do dia 8 de janeiro em “palco” para atacar o ex-presidente Jair Bolsonaro, sua família e ex-colaboradores. O Brasil quer saber sobre o Dia 8 de Janeiro de 2023.

E o mais impressionante: eles acham que estão animando a “plateia” e mal sabem eles que mesma a “plateia” já está começando a desconfiar da “esquete”.

O Brasil inteiro sabe que o vandalismo na Esplanada dos Ministérios, que gerou uma imensa destruição ao patrimônio e à história do Brasil, contou com a participação de Bolsonaristas. É fato! É inegável!

No entanto, sabemos também que muita gente está presa sem ter cometido nenhum crime. O único crime que cometeram foi de apoiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e estarem na Esplanada dos Ministérios no fatídico dia. Até turistas vestidos de verde e amarelo foram presos.

E aí, podemos levantar os primeiros questionamentos. Que acordo é esse que a Procuradoria Geral da República (PGR) está fazendo para que as pessoas se declarem “culpadas” para fugirem de futuros processos? É surreal! Não era obrigação da PGR, do STF, enfim, da justiça apresentar provas individuais contra todas as pessoas? Quais crimes elas cometeram? Quais são as provas materiais contra essas pessoas? Quem são as pessoas que serão absolvidas por esse acordo?

A impressão que fica é que não existem provas contra a grande maioria das pessoas e o STF quer um acordo coletivo de “culpabilidade” para não ficar com sua imagem arranhada, ou seja, para não passar a impressão que prenderam inocentes. Inacreditável!

O Brasil já sabe que houve participação de Bolsonaristas no episódio. Mas o país também quer saber quem ordenou a retirada do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP) um dia antes da tragédia.

O Brasil já sabe que Bolsonaristas participaram do quebra quebra no dia 8 de janeiro. Mas o país quer saber o motivo do Governo Federal ter ignorado os alertas da ABIN.

E mais: O Brasil quer saber o porquê do ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Lula, general Gonçalves Dias, ordenou à direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que retirasse os alertas enviados a ele sobre os atos de 8 de janeiro do relatório entregue ao Congresso Nacional.

O Brasil inteiro já sabe que Bolsonaristas participaram dos atos que envergonharam o Brasil perante o mundo. Mas queremos saber porque o coronel da PMDF Klepter Rosa ordenou no sábado, dia 7 de janeiro, já quase no final do dia, que os policiais ficassem de prontidão em casa. Logo após os acontecimentos, Klepter é indicado Comandante-geral da PMDF pelo então interventor da segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, indicado pelo Governo Lula.

O Brasil precisa saber porque o ministro da Justiça Flávio Dino não está cumprindo a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), ao não entregar os documentos e vídeos solicitados pela CPMI.

Não podem existir meias verdades. A moeda tem dois lados. Uma tragédia com a magnitude como a do dia 8 de janeiro de 2023 não teria acontecido sem omissões e negligências. Eu, particularmente, entendo que foi praticada uma grande maldade contra o Brasil e o povo brasileiro.

Luciano Lima é historiador, jornalista e radialista

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