No início era um casarão familiar adaptado, aonde os ocupantes chegavam de carruagem. Depois foi um prédio desmontável, como um Lego em escala gigante, erguido primeiro nos Estados Unidos e em seguida no Brasil. Finalmente, veio a casa própria, o edifício modernista que manteve os símbolos arquitetônicos de Poder, como cúpula e colunas, mas de maneira inusitada. Curiosidades como essas e fatos históricos se misturam na exposição virtual Palácios da Memória, lançada nesta sexta-feira (6), pela Agência Senado, no Portal Senado Notícias.
Produzida como parte das comemorações pelo bicentenário do Senado, a exposição é focada na arquitetura, nos símbolos e em momentos marcantes dos três edifícios que serviram de sede à instituição desde 1826 — ano de instalação do Legislativo brasileiro, que havia sido criado pela Constituição de 1824. A ideia é mostrar um lado mais leve do Palácio Conde dos Arcos, do Palácio Monroe e do Palácio do Congresso Nacional, mas sem perder de vista acontecimentos que foram decisivos para a história do Brasil.
— A história do Senado e, por consequência, a história do país, pode ser compreendida também pelo que aconteceu com os palácios: sua construção, seus usos, suas reformas e, no caso do Monroe, a demolição — ressalta o chefe do Serviço de Publicações Especiais da Agência Senado, Bernardo Ururahy.
Mesma opinião tem o repórter Ricardo Westin, que assina os textos da exposição e lembra a dificuldade de obter informações detalhadas sobre o Conde dos Arcos e o Monroe.
— Eles foram sede do Senado numa época em que não havia tanta preocupação com o patrimônio histórico. Aliás, chega a ser um milagre o Conde dos Arcos não ter sido demolido, como foi o Monroe — afirma.
Maquetes virtuais
A exposição apresenta ao leitor três maquetes tridimensionais construídas em computação gráfica a partir de fotos, ilustrações e outros dados disponíveis sobre a arquitetura dos edifícios. Cada uma das maquetes oferece uma trilha de informações em texto e imagem sobre os palácios, ao mesmo tempo em que proporciona um passeio em torno dos prédios.
— Reproduzir as linhas singulares de Oscar Niemeyer, no Palácio do Congresso Nacional, as volutas e cúpulas do Palácio Monroe e a arquitetura sólida do Palácio Conde dos Arcos foi uma oportunidade rara de conhecer a fundo a lógica de cada construção e o momento histórico que marcou suas criações — conta o designer Fernando Ribeiro, profissional do Serviço de Arte da Agência, responsável pela modelagem 3D e pelas animações das maquetes.
Para se ter uma ideia da extensão do trabalho, depois de feita a modelagem dos três prédios e programados os movimentos da câmera virtual em volta dos palácios, o processamento digital das animações em computador levou cerca de 110 horas para ser concluído. No total, foram gerados 4 minutos de animações em 3D.
— A exposição combina tecnologia, história e arte para oferecer uma experiência imersiva e deixa clara a importância da preservação da memória do país — diz o autor do projeto gráfico da exposição, Diego Jimenez, que também integra o Serviço de Arte da Agência.
Interatividade
A navegação pelo ambiente virtual é outro destaque da mostra. Ela é feita por meio de scrollytelling, técnica que permite ao usuário avançar ou voltar as animações de cada palácio movendo o scroll (roda de rolagem) do mouse no computador ou deslizando a tela do smartphone. Com isso, o internauta tem controle absoluto sobre o ritmo em que as informações de cada palácio vão aparecendo, e a experiência de passear pela exposição acaba se assemelhando a um videogame.
— O leitor aprende sobre a história dos palácios, do Senado e do Brasil enquanto se diverte — afirma a diretora da Agência Senado, Paola Lima.
Para o programador Matheus Bezerra, da Coordenação de TI da Secretaria de Comunicação Social do Senado (Secom), a parte mais desafiadora do trabalho foi justamente encontrar o equilíbrio entre a performance do ambiente virtual e a experiência do usuário. Esse processo demanda tempo e muitos testes para garantir que tudo funcione.
— Com atenção aos detalhes, a exposição oferece uma forma diferente de consumir o conteúdo — avalia.
Diretora da Secom, Érica Ceolin lembra a importância da exposição virtual para permitir que os cidadãos fora de Brasília também participem dos eventos realizados pela Casa neste bicentenário.
— É uma oportunidade que agrega comunicação, tecnologia e informação para o cidadão ver, onde quer que esteja, um pouco da história do Senado nesses 200 anos. O que aconteceu com esses prédios reflete bastante o comportamento político de cada época.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)