Aliados em fuga

dilma-rousseffTrês partidos, totalizando quase oito minutos de propaganda eleitoral diária de rádio e televisão, decidirão, até o dia 30 deste mês, se apoiarão a reeleição da presidente Dilma Rousseff. PP e PSD têm convenções partidárias marcadas para esta quarta-feira, dia 25.

O PR decidiu transferir a decisão para a reunião da Executiva Nacional, em 30 de junho — algo que poderá acontecer também com o PSD, se o presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, decidir por um tempo maior para pensar o futuro da legenda.

A princípio, todos eles devem coligar-se com Dilma. Mas essa também era a expectativa em relação ao PTB, até os petebistas mudarem de ideia e decidirem apoiar a candidatura de Aécio Neves (MG) ao Palácio do Planalto, transferindo para o senador mineiro um minuto e 16 segundos diários de propaganda eleitoral. “O PTB fez a mesma coisa que nós fizemos. Reunimos o partido com a presidente Dilma Rousseff e prometemos apoio à ela. E olha que nem servimos comes e bebes no encontro”, ironizou um dos articuladores políticos do PSD.

Durante a convenção nacional do PT que homologou a candidatura de Dilma Rousseff, no último sábado, Kassab foi vaiado toda vez que teve seu nome anunciado pelo cerimonial. Os tucanos não acham que isso possa influenciar na decisão.

Até porque, segundo aliados de Kassab, um gesto mais forte para atrair o PSD não foi dado pelo PSDB de São Paulo: o governador Geraldo Alckmin decidiu por fechar uma coligação com o PSB na vice, preterindo o próprio Kassab. “Se Kassab fosse vice em São Paulo, ele puxaria o PSDB para o colo de Aécio Neves”, admitiu uma pessoa próxima.

Dos cinco estados onde o PSD é mais forte — São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná —, só o diretório baiano é petista. Cariocas, mineiros e paranaenses são aecistas e São Paulo vai seguir o que Kassab decidir.

Mas esta é a unidade da Federação que conta com 25% dos votos na convenção, o que a torna fundamental no placar final. “Por enquanto, nada indica que o apoio à reeleição da presidente Dilma seja rejeitado.

Mas, se Kassab sugerir, por exemplo, o adiamento da definição para o dia 30, dando mais tempo até mesmo para que as negociações em São Paulo se definam, duvido que alguém recuse a proposta”, sugeriu um integrante da cúpula pessedista.

Rumo pepista

No mesmo dia em que o PSD estiver realizando a convenção, o PP estará reunido em Brasília para decidir o que fazer nas eleições de outubro. O presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira (PI), também foi à festa para ungir Dilma Rousseff. Saiu-se melhor que Kassab — não foi vaiado. Ele segue empenhado em apoiar formalmente a reeleição da presidente. “Mas vamos liberar nossos candidatos nos estados para apoiarem os presidenciáveis que desejarem”, disse Ciro.

Essa liberação está sendo feita em comum acordo com o senador Francisco Dornelles (PP-RJ). Em 2010, o parlamentar era presidente do partido, apoiou a eleição da presidente Dilma, mas não impôs a mesma linha de raciocínio aos estados.

A diferença, naquela época, era que a coligação no plano nacional não foi feita de maneira formal — o PT não conseguiu o tempo de televisão dos pepistas. Hoje, Ciro Nogueira quer um casamento oficial.

“A atitude de 2010 foi sábia. Confio na inteligência, na habilidade e na inspiração do nosso presidente para adotar uma postura de neutralidade na eleição presidencial”, defendeu a senadora Ana Amélia (PP-RS), candidata do partido ao governo do Rio Grande do Sul.

Segundo ela, de nada adianta a direção nacional do PP liberar os candidatos estaduais a apoiarem os presidenciáveis que mais lhes convierem. “Conversamos com diversos especialistas que acham arriscado, para mim, colocar o Aécio na minha propaganda eleitoral se o PP estiver com Dilma no plano nacional. Que adianta, então, eu estar liberada”?, questionou ela.

Ana Amélia argumenta que os estados onde o PP é mais forte — Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Santa Catarina — estão todos com o PSDB. A questão é que, na distribuição de votos na convenção, a aliança com o PT ainda é majoritária. “Topo até perder, mas que façamos votação e que cada um dos convencionais exponha sua posição”, cobrou a senadora gaúcha.

O PR fez a convenção no último sábado, sepultou a candidatura própria do senador Magno Malta (ES), mas deixou para definir a coligação com o PT no dia 30. O presidente nacional do partido, senador Alfredo Nascimento (AM), disse que, se a aliança não for aprovada, entregará todos os cargos. Sem problemas para parte da legenda — que alega não ser o ministro dos Transportes, César Borges, da cota partidária. Tanto que a bancada da Câmara chegou a capitanear o movimento “Volta Lula”.

O senador Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP), que defende a aliança, admite que não há favoritos. “Eu jamais diria que vou perder a disputa. Mas não há como negar que a legenda está rachada”, completou ele, que também é vice-presidente do PR.

“Vamos liberar nossos candidatos nos estados para apoiarem os presidenciáveis que desejarem”
Ciro Nogueira (PI), presidente do PP.

Créditos e débitos

Confira o perde e ganha dos partidos que ainda não formalizaram apoio a Dilma Rousseff

PP
O que oferece a Dilma:
Bancada: 39 deputados
Tempo de tevê: 2 minutos e 36 segundos por dia
Palanques nos estados: 2
» Jackeline Cassol (RO)
» Neudo Campos (RR)

O que ganha de Dilma:
Ministério das Cidades
Presidência da Chesf (Companhia Hidroelétrica do São Francisco)
Vaga no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
Diretorias da ANTT e da Antaq

PR
O que oferece a Dilma:
Bancada na Câmara: 31 deputados
Tempo de tevê: 2 minutos
e 4 segundos por dia
Palanque nos estados: 1
» Anthony Garotinho (RJ)

O que ganha de Dilma:
Ministério dos Transportes
Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT)
DNITs estaduais

PSD
O que oferece a Dilma:
Bancada na Câmara: 48 deputados
Tempo de tevê: 3 minutos e 12 segundos por dia
Palanques nos estados: 2
» Raimundo Colombo (SC)
» Robinson Farias (RN)

O que ganha de Dilma:
Ministério da Micro e Pequena Empresa

Fonte: Correio Brasiliense

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