A manifestação foi combinada pela internet, onde aproximadamente 4 mil pessoas confirmaram participação.
Cerca de 60 manifestantes se reuniram em frente ao Palácio do Buriti, no Eixo Monumental, por volta das 11h de ontem. Com faixas e cartazes, tentavam sensibilizar o governador Rodrigo Rollemberg e os motoristas que passavam pelo local em favor da liberação do aplicativo Uber, serviço individual de motorista.
A manifestação foi combinada pela internet, onde aproximadamente 4 mil pessoas confirmaram participação. Embora a adesão in loco não tenha refletido a repercussão nas redes sociais, o grupo se mostrou bem articulado e unido. Com duração de aproximadamente duas horas, o encontro foi pacífico e reuniu movimentos e pessoas sem nenhum vínculo a instituições, além de motoristas do Uber e simpatizantes em geral.
Nenhuma faixa foi obstruída e uma carreata circulou em baixa velocidade pela faixa da esquerda. O Departamento de Trânsito (Detran) acompanhou a movimentação. Alguns taxistas buzinavam e bradavam: “clandestinos”.
“Direito de escolha”
Representantes do Uber – motoristas e funcionários – evitaram entrevistas ou citações diretas à empresa. “Estamos nos manifestando como indivíduos, e não como empresa. Preferimos nos pronunciar oficialmente em outro momento”, explicou um executivo.
“O objetivo da manifestação não é a defesa de um serviço específico, mas da possibilidade de o consumidor poder escolher seus próprios serviços”, endossou Flávio Correia, do Instituto Liberal do Centro-Oeste. “Os parlamentares não pensaram a respeito, daí esse ‘descasamento’ entre o que o parlamentar votou e o que a maioria esmagadora da população deseja”, complementou.
Único parlamentar que votou a favor do aplicativo, o deputado distrital Israel Batista (PV) esteve no local. Ele foi a pé da Câmara Legislativa ao local da manifestação, a alguns metros, acompanhado de assessores. “Foi uma escolha equivocada, pouco debatida, pressionada pela categoria e não pelo interesse da sociedade”, disse.
“Impedir que esses aplicativos se proliferem é tentar impedir a marcha do progresso. Em Brasília, não se concede licença para taxistas desde 1979 e o serviço não funciona, isso já é consenso”, avalia.
Cada categoria defende o seu lado na questão
Um dos organizadores da manifestação, Luiz Guilherme Medeiros, do Instituto Liberal do Centro-Oeste, defende a livre iniciativa. “O Uber atendeu as necessidades da população e não faz sentido proibir o serviço. O correto é continuar melhorando e não proibir ideias que aprimoram o serviço de mobilidade urbana”, destaca. O ativista enumera as vantagens do sistema: “Ele atende sob demanda e exige um código do motorista, com uma forma diferenciada de atender, com carros de alto padrão”.
“Defendemos a tecnologia e a inovação. A discussão não é para dizer se táxi é melhor que Uber ou se Uber é melhor que táxi. É o direito de escolha que está em jogo. O governador tinha como compromisso de campanha ser favorável a tecnologia e inovação no sistema de mobilidade urbana”, avalia Maurício Bento, coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), mobilizador do protesto.
Há quatro meses trabalhando como motorista no Uber, Mario Lopes se diz satisfeito. “Sou motorista profissional bilíngue e optei por isso. A qualidade no serviço é o que faz a fidelização do cliente. A aceitação popular é maciça e tenho certeza que o governador vai vetar a proposta”, afirma.
A presidente do Sindicato dos Taxistas do DF (Sinpetáxi), Maria Santana, se diz confiante na sanção do governador. “Essas pessoas conduzem vidas, não podem existir sem uma regulamentação. Nós, taxistas, pagamos vários tributos, temos carga horária, responsabilidades”, destaca, indignada.