Segundo a presidente da CLDF, deputada Celina Leão, esta é a quarta vez que uma criança sofre consequências devido ao tráfico neste ano.
A violência contra uma criança de 11 anos, no Setor de Chácaras Santa Luzia, na Estrutural, na última quarta-feira, chegou à Câmara Legislativa, e parlamentares prometem fazer uma visita ao local amanhã. O caso, divulgado pelo Jornal de Brasília no último sábado, repercutiu no governo local em razão da brutalidade, além do suposto envolvimento do irmão mais velho da vítima, de 17 anos, por causa do tráfico de drogas.
Segundo a presidente da CLDF, deputada Celina Leão, esta é a quarta vez que uma criança sofre consequências devido ao tráfico neste ano, o que mobilizou duas comissões da Câmara a acompanhar o caso da Estrutural. São elas a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar e a Comissão de Assuntos Sociais.
“Ainda não sabemos se o irmão indicou ou facilitou que a vítima fosse agredida ou se o traficante fez por conta própria para atingi-lo. O que posso afirmar é que é uma família muito humilde e sem estrutura”, explica.
A distrital completa que, para a segurança da vítima, ela não voltará para o local onde mora. “A criança, que ficou com problema no maxilar, está em estado de choque e a mãe, muito abalada. Além disso, uma irmã mais nova, de nove anos, já foi ameaçada pelo traficante. São cinco irmãos”, relata.
Em nota, o Governo de Brasília afirmou que a polícia está presente na Estrutural, reprimindo os casos de violência, e que já prendeu criminosos que abasteciam o uso de drogas em locais como o Lixão.
“Exames descartam que houve estupro. A criança foi prontamente atendida e já foi encaminhada a um abrigo. Toda a família já era assistida por meio do Conselho Tutelar e do Centro de Referência da Assistência Social (Cras), desde 2011. À época, as crianças foram encaminhadas aos serviços de convivência e matriculadas na rede escolar. Em 2014, o Conselho foi acionado novamente e não deixou de prestar assistência à família, mesmo com resistência da mãe”, diz a nota.
Família recebe assistência
O Governo de Brasília ressaltou, por meio de nota, que, diante da violência sofrida pela criança da Estrutural na semana passada, o Conselho Tutelar foi acionado mais uma vez e tomou as providências previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para garantir a proteção dos direitos.
“A família continuará sob a proteção do Estado e a polícia está trabalhando para identificar os responsáveis pelo ato de violência. Este governo não compactua com nenhum tipo de violência e não será tolerante com criminosos que agridam nossas crianças e nossos adolescentes”, completa o documento.
Ação policial
Por fim, o Governo de Brasília esclareceu que não há registros de ilícitos que envolvam violência sexual de traficantes contra crianças e adolescentes na região.
“Em cinco meses, com a intensificação do policiamento na região da Estrutural, aumentou o número de ações contra o tráfico de drogas e a repressão ao uso e porte de entorpecentes, assim como a apreensão de armas ilegais. Isso tem mudado substancialmente a realidade da Estrutural, o que reduziu os índices de criminalidade da cidade”, conclui.
“Não há outros casos”
Segundo o conselheiro tutelar da Estrutural, Israel Lopes, o caso é o único registrado na região. “Não há outros casos de violência física contra crianças da Estrutural registrados. Ocorrências de abuso sexual, também não temos”, ressalta.
De acordo com ele, a mãe da vítima contou que, no dia da agressão, a criança a havia acompanhado até a parada de ônibus e voltaria para casa após lanchar. “Tudo aconteceu durante a volta para casa. A criança ficou muito machucada e com o rosto inchado. Foram feitos todos os exames de tomografia da cabeça e nada foi afetado”, afirma Israel.
Após a agressão, a menina, que foi largada no local, tentou voltar andando para casa, mas caiu no trajeto e foi socorrida. Segundo o conselheiro, não foi registrada negligência pela família, em especial da mãe, que está abalada com a situação. “Eles são muito vulneráveis e simples. Estiveram no conselho tutelar para receber orientação de cuidados com os filhos e para aderir a alguns programas do governo. Não existe registro de violência dentro de casa”, completa.
O JBr. procurou a Divisão de Comunicação da Polícia Civil (Divicom) para confirmar se esse é o quarto caso de criança vítima de violência devido ao tráfico de drogas no DF e para obter informações sobre o autor da agressão. Mas a reportagem não recebeu resposta até o fechamento desta edição.