Por Sandro Gianelli
O Conectado ao Poder entrevistou o Comandante Genilson, pré-candidato a deputado distrital, que falou sobre atuação na polícia militar e sobre seus projetos sociais desenvolvidos em Planaltina.
O que o motivou a entrar na política?
Na verdade, minhas atitudes me impulsionaram a entrar na política. O fato de eu estar sempre pronto a servir ao próximo foi o fator que falou mais alto. Eu e minha esposa sempre tivemos envolvidos em projetos de inclusão social e caridade. As pessoas nos têm como referência e sempre nos ligam pedindo ajuda, mas eu demorei alguns anos para admitir a necessidade de me candidatar. Me procuraram três vezes sugerindo a minha candidatura e nas duas primeiras eu neguei prontamente. Em 2017 foi sugerido por colegas policiais militares e em 2018 por grupos da cidade de Planaltina-DF. Minha família já apoiava um grupo político e realmente não estava em meus planos uma carreira política. Só em 2019 depois de eleger meu candidato e finalizar meu trabalho, quando outro parlamentar me fez a proposta de parceria que posteriormente não obteve sucesso foi que eu decidi aceitar essa realidade.
Nesse momento decidimos buscar uma vaga na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Para que o trabalho que eu e minha esposa já fazíamos pelos outros voluntariamente tenha maior alcance.
Porque você quer ser deputado distrital?
O que mais me motiva é perceber a necessidade urgente do lado norte do Distrito Federal ter um representante eficiente na Câmara Legislativa do DF. Digo isso porque desde o meu nascimento experimento as dificuldades da prestação de serviço público nessa região. Quando vim ao mundo, por exemplo, minha mãe foi encaminhada ao hospital de Sobradinho porque aqui em Planaltina não tinha obstetra de plantão, e ainda hoje vivemos essa realidade de descaso. Isso revela sobre como os governos a tanto tempo tratam nossa cidade e região. Em Planaltina falta quase tudo, mas o que é mais explicito é o destrato com a saúde pública. O Hospital Regional de Planaltina é o único do DF que não tem UTI. Mas não vou me deter a relacionar os problemas pelos quais passamos aqui diariamente, precisaríamos de uma entrevista só pra isso.
Quero dizer que diante desse quadro e por conhecer toda essa realidade pessoalmente e por entender que posso contribuir e retribuir tudo o que recebi de minha cidade, decidi levantar do sofá, sair de minha zona de conforto e propor um projeto de transformação para a realidade de Planaltina.
A comunidade já experimentou minha contribuição como comandante do Batalhão da PM aqui, onde pude atuar e conhecer mais de perto várias mazelas sociais dessa região. E para que o alcance do meu trabalho seja maior acredito na necessidade da minha participação política direta por meio da minha eleição à Deputado Distrital.
Quais são as suas principais bandeiras?
Minha experiência e formação em polícia comunitária me trouxe a visão da necessidade de aproximar o serviço público da comunidade – chamamos de humanização dos serviços públicos. Essa forma de trabalho tem como objetivo implementar ações operacionais e projetos sociais nos bairros, sempre com o intuito de diminuir a distância entre estado e cidadão e tornar mais ágil a solução de problemas. Essa é a minha principal bandeira.
Dentro deste conceito nossos projetos tem como principal objetivo atender de forma direta os mais vulneráveis e desassistidos. Para isso vejo duas prioridades: a regularização fundiária e o aprimoramento do atendimento à saúde pública.
Naturalmente, também temos projetos para o desenvolvimento socioeconômico da região. Sendo eles: criação de nossa Área de Desenvolvimento Econômico, Urbano e Rural; indicação para que o Hospital Regional da cidade se torne referência na região norte em atendimento para Hemodiálise e implantação da ala de UTI, pediátrica, adulto e neonatal; mudança do status do CEP-Saúde, de escola técnica para ensino superior; fortalecimento da promoção da atenção a saúde primária por meio da criação de equipes de trabalho e acompanhamento de pacientes em casa – em especial grupos da terceira idade que possuam doenças crônicas (diabetes, hipertensão, doenças neurológicas e que utilizem medicamentos de alto custo – desde o atendimento até a recepção de seus medicamentos (vejo a necessidade de um atendimento ‘home care’); criação do entreposto do CEASA, feira do agricultor e Centro de Exposição Agropecuária da Cidade; utilização das escolas públicas no horário contra turno e aos finais de semana para cursos profissionalizantes de capacitação e aperfeiçoamento, propondo interação da comunidade – considerando o bairro como principal núcleo urbano para desenvolvimento dessas ações; promoção de cursos profissionalizantes nas estruturas dos restaurantes comunitários em parceria com o Sistema “S”, SESC, SESI (capacitação para garçom, auxiliar de cozinha, cozinheiro, etc); plano de segurança pública rural associado ao programa Guardião Rural, tendo como principal ação a construção e/ou reforma de postos policiais fixos distribuídos em toda a extensão rural, criando referenciais fixos de segurança para os moradores dessas regiões. Entre tantas outras propostas que serão divulgadas ao longo da campanha.
Quando você lançou a pré-candidatura, sentiu da corporação a vontade de te ver à frente da política ou sua candidatura é mais regional?
Como disse no inicio, minha candidatura nasceu da vontade de alguns integrantes da Corporação e da comunidade. Assim, entendo que sim, ao menos parte da tropa enxergam em mim alguém como potencial pra representar nossa Polícia Militar e também nossa comunidade. A Prova disso foram as três campanhas “Fica Major” levadas a efeito aqui em Planaltina em resposta a decisão do Comando da Corporação em efetivar minha transferência do 14° Batalhão de Planaltina-DF para Sobradinho.
Quais os principais projetos que podem melhorar e motivar a PMDF?
Temos um tripé de ações que minimizarão os problemas evidenciados hoje pela tropa: criação de um plano de cargos e salários; criação de um plano de progressão funcional e revisão de nosso programa de atendimento à saúde do policial militar, e mais ações que serão detalhadas ao longo da campanha. Todos dentro do Programa de Reestruturação da PMDF.
Enquanto Comandante na Polícia Militar, qual foi o maior desafio no combate ao crime nas cidades de Planaltina e Sobradinho?
Nosso maior desafio foi a redução dos crimes contra o patrimônio e crimes contra a vida. A chamada criminalidade aparente ou criminalidade de massa, que são ações delituosas do cotidiano, também conhecidas como crimes de oportunidades que, mesmo com danos menores, aumentam os índices criminais da cidade, potencializando a sensação de insegurança.
Nosso trabalho foi bem efetivo quanto ao combate. Implantamos ações de curto, médio e longo prazo. Detalhando para melhor entendimento são:
Ações de curto prazo: revisão do plano de policiamento com emprego intensivo das equipes nas zonas quentes (lugares de maior incidência criminal);
Médio prazo: criação de ações operacionais utilizando grupos de WhatsApp para facilitar a comunicação entre polícia, comerciantes e rodoviários – esta medida reduziu consideravelmente os crimes nesses núcleos sociais;
Medidas de longo prazo: utilização de projetos e ações sociais com crianças, jovens e adolescentes em condições de vulnerabilidade social, bem como com pessoas da terceira idade, fazendo com que toda a família pudesse estar próxima da polícia militar, onde a polícia contribuía transmitindo bons valores aos assistidos e se aproximava da comunidade evitando assim a retroalimentação das pequenas gangues da cidade pelos jovens.
Nas dependências do 14° Batalhão já eram desenvolvidas atividades esportivas como futebol e artes marciais. Sob o meu comando criamos uma escola de idiomas onde eram oferecidos aos alunos inglês, francês, espanhol e libras gratuitamente.
A terceira idade também foi assistida com ginástica comunitária, onde foi colocado em prática em cinco bairros da cidade.
Acho importante destacar que todo esse trabalho foi desenvolvido por policiais militares, funcionários civis formados em educação física ou em formação e voluntários de nossa Planaltina.
Você é especialista em Segurança Pública e mestre em Ciência Política. Quais as contribuições que a sua formação trará para a campanha?
Costumo dizer que conhecimento não pesa na bagagem. Só a educação poderá transformar nosso mundo num lugar melhor pra se viver. Aposto em ações primárias de trabalho em todas as áreas sociais para que alcancemos os resultados tão esperados na redução da criminalidade, melhoria da saúde e da própria educação. Todo o conhecimento adquirido ao longo de 30 (trinta) anos de serviço em segurança pública, associada à minha experiência intelectual e de vida em comunidade, serão utilizadas para o melhor desenvolvimento do meu mandato, se assim Nosso Bom Deus permitir.
Como o esporte pode mudar a vida do jovem no DF?
O esporte e a cultura mudaram minha vida. Sou testemunha viva disso. Fui jogador amador e profissional de futebol e músico da Banda de Música do Centro Educacional 01 de Planaltina-DF. Vem dai toda a minha formação de vida. Por força dessa participação nesses dois núcleos, esportivo e cultural, conheci pessoas que contribuíram sobremaneira com a formação de meu caráter e personalidade. Assim, pretendo apostar no fomento ao esporte amador e projetos culturais como por exemplo a criação do Instituto Antônio Limeira de Formação Musical para alunos da rede pública de Planaltina-DF. Será um resgate ao legado e também reconhecimento ao brilhante trabalho realizado por este músico que era Sub. Tem. da Aeronáutica e, em prol de centenas de alunos que passaram por essa mesma banda ao longo de anos aqui na cidade.
Como você avalia os índices de violência nas escolas do DF?
Um dos grandes desafios do próximo governo será o resgate do ensino público. Não bastasse toda as dificuldades da educação já existentes, nos deparamos nesse momento pós-pandemia, com um aumento significativo de violência nas escolas. Porém, com uma mudança de cenário: violência entre alunos, familiares e professores. No passado a atuação da polícia era para prevenir ataques externos à comunidade escolar, já hoje a violência é interna.
Participo desde 2016 do Programa de palestras criado por mim no 14° BPM de prevenção á violência chamado Falando em Segurança Pública, que focava em três pontos: Papo reto sobre Violência Doméstica; Papo reto sobre Bullying e CyberBulliyng e Papo reto sobre Prevenção ao uso de drogas. Passamos por escolas de todo o Distrito Federal e a constatação foi a mesma. A cada ano que passa as crianças tem mais acesso às drogas lícitas e ilícitas e convivem dentro de um contexto de violência cada vez mais cedo. E o pior, o cenário, muitas das vezes, é o próprio ambiente familiar.