Com um foco, discurso e linguagem nordestina, o PT apresentou ao Brasil neste sábado, dia 21 de junho, o clipe com o jingle da campanha à reeleição da Presidente Dilma Rousseff, produzido pela agência de João Santana. Intitulado “Coração Valente” o clipe faz menção a todas as demandas do momento, não esquecendo do viés melodramático trazido em 2006 na Campanha de Lula com o jingle ” São milhões de Lulas”.
João Santana foi muito feliz em trazer num viés emocional a história democrática e de luta da presidenta Dilma que vai da ditadura militar vivenciada da década de 60 à 80 à sua eleição e pós-eleição, trazendo trechos como “Dilma coração valente, força brasileira, garra dessa gente, nada nos segura pra seguir em frente”.
No jingle é possível observar também a valorização e o seu compromisso com os pobres nordestinos assistidos pela política de assistência social adotada pelo seu antecessor Luis Inácio Lula da Silva. É interessante que a mesma didática adotada em 2006, o viés melodramático faz com que haja uma apresentação à importância de matrizes do excesso na construção de um personagem político.
Em 2014 por sua vez, o xote embalado pelas palavras chave: “Coração valente, força, garra, mulher de mãos limpas e firmes” coloca em evidencia tal apelo emocional que agregado ao processo de imaginação melodramática permita que o eleitor associe o texto à imagem de Dilma (mulher/candidata), estabelecendo assim um forte elo transformando o engajamento afetivo em engajamento político.
Outro fator que se torna interessante é a abordagem realizada na letra, “O que tá bom, vai continuar. O que não tá a gente vai melhorar” é evidente o diálogo com o setor social que está crítico ao governo, mas que ainda não está rompido. A preferência pelo racional no processo eleitoral expressa uma distinção cultural entre razão e emoção. Privilegiar a razão seria o mesmo que defender um ideal de objetividade, imparcialidade e informação, requerendo do eleitor/telespectador um entendimento crítico sobre o que é exibido. Já a emoção é associada a uma linguagem inferior (narrativa de uma história), relegada a uma função muito mais de entreter, que de informar.
Nesse contexto, o melodrama assume o papel fundamental de mediador de sentidos na comunicação política, não colocando assim, as emoções dos eleitores como dispositivo de manipulação de suas decisões, mas sim como recurso interpretativo da mensagem política. Isso implica, em certa medida, na democratização da política, a leitura recional divide lugar a uma leitura pautada nas emoções, na imaginação social e melodramática do eleitor.
Confira o Jingle
Por Rodolpho Raphael
Fonte: Radar Político