Cristiane Britto defende conscientização e apoio às mulheres para combater violência doméstica

Da redação do Conectado ao Poder

A ex-ministra participou do programa Rota Atividade e destacou a importância da educação e do fortalecimento das vítimas

A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Cristiane Britto, participou do programa “Rota Atividade”, na rádio Atividade FM (107,1), onde abordou o problema da violência doméstica e o feminicídio no Brasil. Entrevistada pelo jornalista Sandro Gianelli, ela enfatizou a necessidade de conscientização dos homens e do fortalecimento das mulheres como medidas essenciais para reduzir os índices alarmantes de agressões.

Violência atinge todas as classes sociais

Durante a entrevista, Cristiane Britto destacou que a violência doméstica não escolhe classe social ou profissão, atingindo mulheres de diferentes perfis. “Infelizmente, ela está em todas as classes. O que só muda na cara de uma mulher que foi agredida é a qualidade da maquiagem, uma importada e outra não”, afirmou.

A ex-ministra citou o crescimento da violência em áreas nobres do Distrito Federal, como Lago Norte e Jardim Botânico, e lembrou o impacto da pandemia, que fez com que muitas mulheres denunciassem seus agressores pela primeira vez. “Quando abrimos os canais de denúncia por meio das delegacias online, vimos mulheres que nunca entrariam em uma delegacia de polícia denunciando”, pontuou.

Educação e apoio são fundamentais

Para Cristiane Britto, a solução para o problema passa por educação e conscientização. “Precisamos ensinar nossas crianças que homens e mulheres são biologicamente diferentes, mas iguais em direitos e deveres”, defendeu. Ela também ressaltou a importância de envolver os homens nesse debate e criticou discursos polarizados. “Não é uma guerra de sexos. Não adianta vir com um discurso feminista como se fosse um embate entre homens e mulheres, porque assim não avançamos”, disse.

A ex-ministra também destacou que o Brasil tem uma das legislações mais avançadas do mundo para combater a violência contra a mulher. “A Lei Maria da Penha é considerada a terceira melhor lei do mundo nesse tema, mas ainda temos números alarmantes de agressões. O que está errado?”, questionou.

A dificuldade da denúncia

Entre os desafios enfrentados pelas vítimas, Cristiane Britto apontou a falta de confiança no sistema de proteção e as dificuldades práticas para sair de um relacionamento abusivo. “Essa mulher precisa saber que, se denunciar, terá um atendimento humanizado na delegacia, terá medidas protetivas eficazes e, se necessário, um abrigo seguro para levar seus filhos”, afirmou.

Ela mencionou casos em que mães evitam denunciar por medo de serem separadas dos filhos. “Tem abrigos que não permitem levar as crianças. E aí, elas ficam onde? Muitas mulheres preferem morrer a deixar seus filhos desamparados. É inadmissível”, disse.

A ex-ministra concluiu destacando que, para enfrentar a violência doméstica, é necessário um conjunto de medidas, que vão desde o endurecimento das leis até políticas públicas que garantam o acolhimento e a autonomia financeira das vítimas. “Se pensarmos em uma única solução isolada, não vamos avançar de jeito nenhum”, finalizou.

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