Da redação do Conectado ao Poder
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No último fim de semana, 88 brasileiros deportados dos Estados Unidos chegaram ao Brasil sob condições alarmantes, algemados e sem alimento. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião emergencial com ministros para tratar da situação e manifestou sua insatisfação com o tratamento dispensado aos cidadãos brasileiros. As agressões relatadas por deportados por parte dos agentes norte-americanos foram condenadas, mas o tom adotado pelo governo foi pragmático, ressaltando a intenção de manter um canal aberto de negociação com o governo dos Estados Unidos.
As circunstâncias que envolvem a deportação estão embasadas em um contexto mais amplo de políticas migratórias adotadas pelo governo Trump, que se tornaram alvo de críticas internacionais. A crítica do governo brasileiro se concentra nas condições em que os deportados chegam ao Brasil, e a falta de alimentação adequada durante o voo. O presidente Lula determinou à Força Aérea Brasileira (FAB) que providenciasse um avião para resgatar os deportados em Manaus e exigiu a retirada das algemas infligidas durante a viagem. A medida visou garantir a dignidade dos cidadãos no retorno ao país.
Em coletiva à imprensa, Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, destacou: ‘Essa é uma questão do governo americano que tem que mandar os brasileiros.’ Ele enfatizou que o Brasil não aceitará o uso de algemas nos deportados assim que estes pisarem em território nacional e fez referência a acordos anteriores que poderiam regulamentar essa situação. Segundo Vieira, o incidente recente foi agravado por um problema mecânico na aeronave que impossibilitou a continuidade do voo até o destino final, Belo Horizonte.
O governo brasileiro está tomando medidas adicionais para amenizar a crise, incluindo a criação de um posto de acolhimento no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, onde os deportados poderão receber apoio. Consistente com essa abordagem, o Itamaraty convocou o encarregado de negócios dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar, para discutir as circunstâncias que rodearam o tratamento dos deportados e exigir esclarecimentos sobre a operação.
A situação dos deportados e as políticas migratórias americanas são preocupações centrais da administração de Lula, principalmente diante de eventuais retaliações da administração Trump, como demonstrado pela crítica que a Colômbia enfrentou por recusar a chegada de deportados em uma aeronave militar. A escolha do governo colombiano de não receber deportados, embora eventual, ilustra o risco de deterioração das relações diplomáticas e comerciais entre os países sul-americanos e os Estados Unidos.
A atual administração se esforça para atender aos problemas gerados pela política norte-americana, que também impacta a imigração de venezuelanos. O governo brasileiro está realizando esforços emergenciais para readequar servidores de várias áreas, incluindo saúde e assistência social, para apoiar a crescente população de imigrantes em Roraima, destacando a interconexão entre as políticas de deportação dos EUA e a realidade no Brasil.