Por Sandro Gianelli
O Conectado ao Poder entrevistou Mariana Pazzine, consultora política, que estará no 15º Congresso Brasileiro de Estratégias Eleitorais e Marketing Político, na sala que abordará o tema: Persona e Conteúdo para o Instagram.
Como encontrar a persona ideal na comunicação política?
É importante compreender que persona é um conceito do Marketing que retrata um representante do público-alvo. É como se tirássemos do público o “eleitor” ideal. Para tanto, é preciso conhecer muito bem o próprio público, neste caso, pode ser lido como apoiadores e eleitores.
Além disso, existem exercícios práticos que auxiliam na criação desta representação.
Dependendo do político o ideal é ter mais de uma persona? Existe um limite?
Depende menos do político e sim da sua base de atuação. É interessante entender que um mesmo político pode ter públicos diferentes. Não existe um limite, mas não é interessante lidar com muitas personas ao mesmo tempo. Aquilo que deveria ser um nicho que facilita a forma como o político se relaciona, quando utilizado em excesso, dificulta e atrapalha. O ideal é focar em trabalhar com, no máximo, 3 personas, divididas entre apoiadores e eleitores.
Como navegar na terra dos algoritmos?
Quando utilizamos uma rede social como o Instagram e o Facebook, é interessante pensar que é como se nós tivéssemos alugado uma sala em um prédio. Existem regras de convivência e formas de conviver. Quem consegue cumprir as regras direitinho e aproveita as formas de convivência, é melhor “visto” pelos donos do prédio. O algoritmo funciona assim: impõe regras de convivência e nós, que estamos tentando buscar visibilidade na rede social, precisamos entendê-las.
É importante encontrar um equilíbrio pois é impossível produzir o conteúdo buscando agradar apenas ao algoritmo. É preciso entender como ele funciona e jogar as regras do jogo, mas também é necessário lembrar que existem pessoas do outro lado da tela e que, no final das contas, é com elas que precisamos nos conectar.
Quais as redes sociais que mais influenciam na decisão do voto?
Depende do público (possíveis eleitores). É preciso conhecer bem com quem se comunica para entender quais redes sociais fazem sentido que o político esteja presente com consistência.
Se é um público mais jovem que se conecta com as ideias do político, pode ser interessante um perfil na rede Tik Tok, por exemplo. Mas se for um público acima dos 45 anos, vai ser difícil encontrá-lo no Tik Tok.
Qual a melhor estratégia para os perfis políticos no Instagram?
Mais uma vez, é fundamental entender com quem se quer falar. E também o perfil do político, como ele já tem se comunicado e conectado com o público na vida offline. É preciso construir uma estratégia personalizada para cada político, focando nos seus pontos fortes, principais bandeiras e áreas de atuação.
E no Facebook?
É o mesmo princípio. O público se comporta de uma maneira diferente conforme varia a rede social. É importante entender esse público, conhecer o comportamento do eleitorado para formatar os conteúdos de maneira que gerem conexão com o público na rede social.
A base sempre será naquilo que é essencial ser comunicado durante o período eleitoral: pontos fortes, principais bandeiras e áreas de atuação.
Utilizar fórmulas prontas faz com que os políticos passem por um moedor e saiam todos iguais. É importante construir uma estratégia única e que gere conexão com o público.
Quando deve se ter um canal no YouTube?
O Youtube é uma rede social com um comportamento – e demanda de produção – completamente diferente de outras redes como Instagram e Facebook. É interessante levar para o Youtube debates mais profundos, que não caibam em um post de Instagram, por exemplo.
É um ótimo canal para gerar autoridade e com maior espaço para o próprio político dialogar. É hora de ter um canal quando se tem capacidade de gestão e domínio sob os conteúdos já produzidos em outras redes e percebe-se como uma janela de oportunidade, especialmente se o público já for um consumidor.
E no Tik Tok? Vale a pena?
Depende do público. Se for um político com uma pegada mais jovem e que esteja conectado com o eleitorado dele, faz sentido investir nessa rede. Caso contrário, é melhor evitar produzir conteúdos como dancinhas que, eventualmente, nada tenham a ver com aquele político e que não gerará conexão com o público.
O quanto é importante responder os comentários nas redes sociais e qual a melhor estratégia para isto?
É essencial. A base de qualquer rede social é gerar interação, é por meio dela que é possível se conectar com o público. A grande preocupação com os comentários costuma ser o nível de “hates”. Pessoas que entram para comentar de maneira negativa ou até mesmo agressiva.
Existem duas posturas importantes:
– Responda a todos. Mesmo que aquela não goste do político e aquele seu comentário não irá mudar a opinião dela a respeito do assunto, quem acompanha a discussão quer saber como aquele político se comporta a respeito do tema.
– Construir uma política de respostas na página. Tanto no Instagram quanto no Facebook que indique ao público quais comportamentos não serão tolerados e como a administração da página agirá a respeito deles (aviso no post, apagar comentários, block)… Se passarem dos limites, cite essa página de políticas e tome a atitude necessária.
Like dá voto?
Não. Nem número de seguidores nem número de curtidas em fotos são sinônimo de votos. As redes sociais são essenciais para a construção de relacionamentos, conquista de confiança e como uma forma de acompanhar o que o político está fazendo. No entanto, muitas pessoas apenas consomem o conteúdo, sem qualquer forma de interação. Não se pode deixar iludir por números vazios, é preciso combinar o que é feito nas redes sociais e fora dela. Deve ser uma estratégia unificada.
Qual é a melhor forma de se posicionar nas redes sociais?
Respeitando quem o político é e não criando uma máscara. É natural que as pessoas percebam essas representações. Apesar de todos os algoritmos e regras, as redes continuam sendo utilizadas por pessoas e pessoas se conectam com pessoas. Por meio das redes sociais é possível fazer com que as pessoas humanizem os políticos e se aproximem.
Qual é a expectativa da sua palestra no 15º Congresso Brasileiro de Estratégias Eleitorais e Marketing Político?
Que os participantes entendam a importância das redes sociais e que não é um bicho de sete cabeças, que se bem utilizada, é uma ferramenta e tanto no processo eleitoral. Espero que cada um entenda como construir uma estratégia única.
Serviço:
15º Congresso Brasileiro de Estratégias Eleitorais e Marketing Político
Local do evento: Faculdade Republicana, SEP Sul, Trecho 713/913 Edifício CNC Trade Térreo – Asa Sul, Brasília – DF
Data: 26, 27 e 28 de maio de 2022
Tíquete padrão: participação presencial – R$ 1.700,00/ participação virtual – R$ 900,00
Inscrições: estrategiaseleitorais.com.br
Mariana Pazzine é Relações Públicas formada pela Unesp de Bauru e pós-graduada em Assessoria de Comunicação de Marketing pela Universidade de Taubaté. Foi assessora parlamentar, chefe de gabinete de uma vereadora na cidade de Taubaté – SP, mas optou por seguir os caminhos da consultoria para auxiliar pessoas, instituições, marcas e projetos a se posicionarem na internet.
A jovem consultora se utilizará da sua vasta experiência no cenário político e somará com seu conhecimento aprofundado e humanizado para conduzir a Sala de Consultoria sobre Persona e Conteúdo Digital, no 15º Congresso Brasileiro de Estratégias Eleitorais e Marketing Político.
Mais do que estabelecer um cronograma intenso de postagens nas redes, Mariana ensinará, na prática, que o planejamento e as estratégias bem definidos para atingir o público certo, com o conteúdo certo podem ser mais eficientes do que o bombardeio de santinhos virtuais.
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*Sandro Gianelli é consultor em marketing político, jornalista, colunista e radialista. Escreve a Coluna do Gianelli, de segunda a sexta, para o portal Conectado ao Poder e para o Jornal Alô Brasília e apresenta um programa de entrevistas, aos domingos, das 9h às 11h, na rádio Metrópoles – 104,1 FM.