Neste sábado, o enviado especial das Nações Unidas para a Síria afirmou que a situação no país está “mudando a cada minuto”.
Falando de Doha, no Catar, Geir Pedersen fez um apelo à “desescalada, à calma, à prevenção do derramamento de sangue e à proteção dos civis, em conformidade com o direito humanitário internacional”.
Ofensiva se aproxima de Damasco
Segundo agências de notícias, grupos rebeldes de oposição realizaram uma rápida ofensiva que se aproxima cada vez mais da capital Damasco, onde fica a sede do governo sírio.
Relatos indicam que o grupo Hayat Tahrir al-Sham, HTS, que lidera a ofensiva militar, tem a intenção de derrubar o presidente Bahsar al-Assad. O HTS é qualificado como terrorista pelo Conselho de Segurança da ONU.
Pedersen afirmou que teve reuniões neste sábado com ministros do Irã, Rússia e Turquia, além de consultas com representantes dos Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha e União Europeia.
Ele explicou que está pedindo por um diálogo político urgente em Genebra para implementar a resolução 2254 do Conselho de Segurança. O enviado especial declarou que a proposta tem sido acolhida e apoiada pelos interlocutores e que em breve deve ser anunciada uma data para este encontro.
Aspirações legítimas do povo sírio
A resolução 2254, adotada por unanimidade em 2015, estabelece um caminho para a paz na Síria, por meio de um cessar-fogo e uma solução política.
Pedersen ressaltou que a necessidade de uma “transição política ordenada nunca foi tão urgente” na Síria. Para ele o primeiro passo deve ser “a formação de acordos de transição inclusivos e credíveis”.
O representante da ONU declarou que para isso é necessário um “processo sério e urgente, fundamentalmente diferente do que aconteceu antes”.
Pedersen enfatizou que a meta deve ser a “realização das aspirações legítimas do povo sírio e à restauração da soberania, independência, unidade e integridade territorial” do país.
Compromisso da ONU de permanecer
Também neste sábado, o coordenador residente e humanitário da ONU na Síria, Adam Abdelmoula, desmentiu rumores de que a organização está evacuando todo o seu pessoal do território sírio.
Ele enfatizou que as Nações Unidas “seguem firmes no seu compromisso de permanecer e prestar assistência vital ao povo da Síria durante este período crítico”.
O coordenador residente esclareceu que, para garantir a segurança, mas ao mesmo tempo manter as operações essenciais, a ONU está a “reduzindo estrategicamente sua presença, realocando pessoal não-essencial para fora do país”.
Abdelmoula declarou que esta é uma medida de precaução, mas não se trata de uma evacuação. Segundo ele, a dedicação das Nações Unidas em apoiar o povo da Síria permanece “inabalável”.
Mais de 370 mil deslocados
O representante da ONU disse ainda que a situação humanitária continua se deteriorando. Os confrontos já deslocaram mais de 370 mil pessoas, muitas delas buscando refúgio no nordeste e outras presas em áreas da linha de frente, incapazes de escapar.
As vítimas civis, incluindo mulheres e crianças, continuam aumentando, o que reforça a necessidade urgente de uma ação humanitária coordenada.
Abdelmoula fez um apelo para que os civis sejam protegidos e os trabalhadores humanitários sejam autorizados a cumprir sua missão sem obstruções, com acesso seguro e desimpedido aos necessitados.
Ele ressaltou que a ONU continua operacional na Síria, com pessoal no terreno garantindo a continuação dos esforços humanitários como entrega de alimentos, água e assistência médica.