Em entrevista exclusiva ao jornal Alô Brasília, o parlamentar falou sobre a crise do governo, a relação entre o Legislativo e o Executivo e as suas principais metas como deputado distrital do Distrito Federal. Julio Cesar Ribeiro nasceu em São Bernardo do Campo (SP), tem 39 anos e é casado com Sônia Ribeiro há 20 anos. É formado em Direito pela Universidade Ibirapuera de São Paulo. Entre 1998 e 2006, foi diretor executivo nas Emissoras TV Itajaí, TV Cultura Florianópolis, Rede Mulher de Televisão e TV Itapoan/BA. A partir de 2006 atuou como empresário nas áreas de segurança e comunicação, até ser convidado a assumir em 2011 o cargo de secretário-adjunto da Secretaria de Esporte do Governo do Distrito Federal (GDF). Em 2012 tornou-se secretário de Esporte.
O senhor está no primeiro mandato como parlamentar. Como tem sido a experiência?
Para mim é tudo bem novo. Eu sempre trabalhei na questão do Executivo como administrador e fiquei um bom tempo como secretário, e a função parlamentar é bem diferente de tudo aquilo que nós já efetuamos até chegar aqui.
Então, para mim, está sendo algo bem inovador, mas ao mesmo tempo gratificante de poder saber que aqui na Câmara a gente pode, através das nossas atitudes e projetos, ajudar o próximo. Essa é a intenção do parlamentar de tanto ajudar os brasilienses, quanto ajudar a cidade.
O senhor ocupou a pasta de Esportes do GDF na gestão passada. Como pretende ajudar essa área na CLDF?
Eu tive muita dificuldade à frente da Secretaria de Esportes porque a gente dificilmente conseguia, da Câmara Legislativa, uma atenção na minha pasta. Basicamente nós tínhamos um ou dois deputados que se colocavam à disposição de ajudar com emendas ou políticas esportivas voltadas para a gente. Isso sempre causava uma tristeza, pois sempre a gente iniciava o ano vendo o orçamento das pastas e não havia orçamento para o esporte. Quantas vezes a gente iniciou o ano sem dinheiro para realizar alguns programas essenciais? Alguns projetos viravam o ano e acabavam porque não eram lei. E agora, a Câmara Legislativa, além de a gente conseguir destinar verbas à Secretaria de Esportes devido a algumas emendas que nós enviamos, a gente pode cobrar do Estado a criação de políticas voltadas para a prática esportiva até porque nós vemos, por exemplo, um Centro Olímpico de Planaltina que está parado há cinco anos e eu ia lá falar como Secretário com o governador (Rodrigo Rollemberg) e era mais um projeto dentre os inúmeros projetos de diversos secretários. Agora, como deputado, eu posso realmente exigir que esse Centro Olímpico aconteça e é isso que nós já estamos fazendo. Hoje nós estamos viabilizando que o Centro Olímpico de Planaltina saia do papel e que possa ser entregue pelo governo (do Distrito Federal). Inclusive, por isso eu lancei aqui no plenário a Frente Parlamentar de Esporte para que possamos justamente debater essa questão. Além disso, já dei entrada em diversos projetos voltados para a área do esporte provando que eu posso ajudar.
Alguns deles são o projeto de lei que regulamenta o Compete Brasília, que atualmente é somente uma portaria e por isso pode acabar a qualquer momento, incluindo alimentação e hospedagem que antes não existiam; também dei entrada no projeto que vai ajudar o Bolsa Atleta com o objetivo de incluir novas modalidades no programa, mesmo que elas não sejam olímpicas como é caso do jiu-jitsu; queremos dar o Passe Atleta, que acredito, será um grande ganho. Quantos são os atletas que treinam longe de suas residências e muitas vezes não têm condições de ir para o treino? E por causa disso acabam desistindo e indo para caminhos como o da droga? Além disso tem outros projetos que estou tentando criar como a meia-entrada para atletas, mas isso tudo com regras como ser filiado ou participar de uma federação e estando regularmente escrito. Durante as férias, a gente viu o imbróglio da Secretaria de Segurança que veio com uma decisão de acabar com o esporte à meia-noite e eu, mesmo sendo da base do governo, fui contra pois não poderia se acabar de uma forma abrupta, como estava sendo feito, e nós conseguimos reverter. Então, não vou enumerar todos os projetos, mas acredito que estamos contribuindo muito com o esporte aqui.
Como avalia a relação entre o GDF e a Câmara Legislativa?
Eu vejo que o primeiro semestre foi bem atípico. Ainda não houve aquela sinergia que todos nós gostaríamos que tivesse acontecido. Vejo que esse primeiro semestre foi um momento em que a Câmara está conhecendo o governo e o Governo do Distrito Federal (GDF) conhecendo os deputados; e tivemos dificuldades em alguns temas e, para somar a isso, o governador pegou um estado muito debilitado financeiramente. Porém, a minha percepção é de melhoras a partir desse segundo semestre. Tive uma reunião com o governador e com alguns deputados e a gente já começa a ver alguns números que são assustadores, principalmente em áreas mais essenciais como a saúde, transporte e educação. Muitas vezes os deputados, para pedir votos, iam às ruas e ouviam muitos pedidos de mudanças e as pessoas acham que essas mudanças acontecem de uma forma abrupta e não é assim; porque precisamos ter primeiramente recursos, o que o governo ainda não tem. Tivemos também algumas atitudes tomadas pelo governo que causaram indignação por parte de alguns segmentos, mas isso o governador procurou conversar com diversos deputados para apaziguar esse cenário. Então, o primeiro semestre foi muito tenso, mas eu acredito que neste segundo semestre as coisas tenderão a melhorar.
O senhor foi o deputado mais votado logo em sua primeira eleição. O senhor pensa em alçar voos maiores nas próximas eleições ou ainda é cedo para pensar nisso?
Eu estou extremamente preocupado em fazer um excelente mandato. Se eu falar que eu não quero crescer isso seria uma mentira, mas o crescer tem várias vertentes. Eu posso crescer politicamente tendo dois, três, quatro mandatos na Câmara Distrital, como o crescer pode ser federal e assim sucessivamente. Mas isso é algo que não passa pela minha cabeça nesse momento até porque, como líder de governo e carregando 29.384 votos, eu acho que seria até egoísmo eu pensar em mim neste momento. Estou muito preocupado em atender a minha base, em poder estudar projetos sem pensar em algo futuro.
Recentemente, a divulgação de um projeto do senhor que visa a criação do Dia do Cantor Gospel despertou polêmica nas redes sociais. O que o motivou a apresentar essa proposta?
Eu não vi que teve tanta repercussão esse projeto mas, enfim, o que me motivou foi que teve uma audiência pública aqui feita, em maio, pelo deputado Bispo Renato Andrade em parceria com o deputado Rodrigo Delmasso e comigo. Esta audiência foi feita em homenagem aos cantores evangélicos que existem no Distrito Federal, até porque existem muitos shows e muitas bandas aqui. Então esse foi um ato meu de poder homenagear esses cantores como existem diversos projetos de deputados que homenageiam o samba, entre outros. Agora as coisas são assim mesmo, você faz 53 projetos muito importantes, como a questão do hidrômetros que fazem muitas pessoas receberem multas em valores muito altos, mas a sociedade, muitas vezes, não dá essa notícia pois gosta de colocar pautas polêmicas. Porém, para mim, não foi polêmica tanto até que estou tomando ciência por você, pois eu não tive esse tipo de comentário. Até porque o meu público me apoia sempre em minhas atitudes e eu tenho um eleitorado que é bem conservador e cobra das minhas ações.
Como integrante da gestão passada, como o senhor avalia a crise financeira pela qual o governo está passando? Como o Distrito Federal pode se recuperar economicamente?
Com muita criatividade. Na administração passada eu fui secretário e tenho muita admiração e respeito pelo governador e sei que ele não é só o culpado, pois existe uma equipe que ele montou e, em algumas áreas, elas não obtiveram êxito; ajudou a colocar Brasília em uma situação bem delicada. Realmente teve esse déficit violento gerando muito desconforto para a população, causando aumento no desemprego e fazendo o encolhimento na máquina pública, o que instaurou uma crise em Brasília. Agora, o Rollemberg tem que ter essa sabedoria de poder aumentar a arrecadação e tentar tirar da população esse ônus com investidas no Governo Federal e com a (presidenta da República) Dilma (Rousseff), até porque eu acho que ela tem total noção de que precisa ajudar Brasília.
Além disso, temos que fazer com que a Segeth (Secretaria de Estado de Gestão do Território e Habitação) possa começar a liberar os alvarás, pois uma vez que fizer essa liberação, começará a esquentar a questão de construções aqui em Brasília que, hoje, está parada. Isso também não é um problema criado nessa gestão sendo algo que já está aí há muito tempo, e nós temos que desburocratizar essas questões. O transporte também, pois, no ano passado, nós gastamos R$ 150 milhões e o valor que está orçado para este ano é mais de R$ 300 milhões que é muito alto. Mais uma vez, quem criou essa licitação não foi essa gestão e sim a anterior. Então nós aprovamos, hoje, o crédito com a certeza e com uma promessa da Secretaria de Mobilidade de estudar mecanismos para que esse valor venha reduzir. Houve pessoas falando em cancelar o contrato e se isso acontecer teremos um caos. Por isso, os técnicos têm que trabalhar para tentar tirar esse ônus para Brasília e para população que paga diretamente e indiretamente através de impostos. Concomitantemente temos que buscar mecanismos para reduzir contratos, fazer novas licitações e buscar investidores para o Distrito Federal. Tem que ter criatividade pois, se não tiver, a gente não sai dessa situação que é de muito desemprego. A Câmara, nesse sentido, também tem que cobrar do governo atitudes rápidas para que a gente saia da crise. Por fim, o governo, e isso venho falando muito, tem que descentralizar o poder, pois as administrações estão engessadas e muitas não estão conseguindo fazer coisas básicas. Precisamos dar essa mobilidade para Brasília. Estive com o governador em uma roda de conversas e vi nele essa vontade de mudar essa situação.
Quais as principais metas do senhor para este mandato?
Ajudar o governador a sair dessa crise e a gente sabe que a Câmara Legislativa tem um papel fundamental nisso. O governo tem que entender que sozinho que ele não consegue nada. Ele precisa do apoio da Câmara Legislativa do Distrito Federal e nós queremos ajudar o governo a sair dessa crise. Essa é a primeira meta fundamental que eu vejo no meu mandato como parlamentar. O segundo, sem dúvida alguma, é ajudar Brasília e a população. Por mais que eu tenha um grupo de eleitorado que me elegeu, a partir do momento que eu entro aqui eu sou deputado de todos e tenho que lutar para que todos sintam-se satisfeitos com o trabalho desenvolvido aqui. Trabalhar para educação, saúde e não perder as bandeiras que eu sempre levantei que são o esporte e os idosos que não podem ser deixados de lado. O jovem de hoje é o idoso de amanhã e eu percebo que hoje se fala muito sobre políticas em diversas áreas e não falam de políticas para os idosos. Tenho muito essa preocupação porque houve muita reclamação de maus tratos para com os idosos como problemas em filas de supermercados, lugares de desenvolvimento de atividades, centros de convivências de idosos, entre outros. A ideia é melhorar essas questões para que o mesmo não fique em casa isolado e consequentemente piore. Temos que melhorar esses mecanismos para que essa situação dos idosos melhore.
Fonte: Jornal Alô Brasília