Filha de Lúcio Costa é contra memorial João Goulart em Brasília

memorial-jangoEm Brasília, só cabe um memorial individualizado, o do ex-presidente Juscelino Kubitschek, fundador da Capital. Homenagem semelhante dedicada ao ex-presidente João Goulart pode ser em qualquer lugar, mas o endereço correto não é o canteiro central do Eixo Monumental.

Essa é, em síntese, a opinião manifestada pela arquiteta Maria Elisa Costa, filha do urbanista Lúcio Costa (1902-1998), responsável pelo plano urbanístico de Brasília. Elisa observou que todos os demais presidentes da República são homenageados coletivamente no Panteon da Democracia, na Praça dos Três Poderes.

Em resposta por e-mail ao Fato Online, a arquiteta se colocou contra a construção do memorial João Goulart no terreno antes reservado ao memorial em homenagem aos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que lutaram na Segunda Guerra Mundial.

Após anos de polêmicas e quedas de braço, o memorial em homenagem a Jango começou a ser construído há uma semana no Eixo Monumental de Brasília, na Praça do Cruzeiro, próximo ao memorial JK, sob autorização do Governo do Distrito Federal.

A obra, desde que foi idealizada há mais de cinco anos pelo Instituto João Goulart, nunca foi absorvida por setores da cidade e por órgãos que cuidam do patrimônio arquitetônico da capital. Entidades civis, com apoio dos pracinhas, programaram um protesto no canteiro da obra no próximo dia 12.

Filho de pracinha, até o roqueiro João Barone, do grupo Paralamas do Sucesso, entrou na polêmica. “Jango não precisa de uma estátua em Brasília”, disse ele. Mas o filho do ex-presidente, João Vicente Goulart, garante que o memorial foi projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012) para ser construído em Brasília.

Amigos do arquiteto, que estiveram com ele antes de sua morte, em 2012, garantem porém que ele projetou a memorial para ser construído em São Borja, terra natal de Jango, posição semelhante à de Elisa.

Eis a mensagem enviada pela filha de Lúcio Costa:

“Beatriz, 

Já postei até no facebook minha opinião pessoal a respeito – a meu ver, em Brasília, só cabe um Memorial individualizado: para JK. Para as demais homenagens existe o Panteon da Democracia, na Praça dos Três Poderes. 

Acho que nunca houve “uma decisão original de Lucio e Niemeyer” a esse respeito, e no Plano Piloto original o canteiro central do Eixo Monumental deveria ser simplesmente gramado. A primeira “desobediência” foi o Centro de Convenções, projetado pelo arquiteto Sérgio Bernardes nos anos 70, ou seja, antes do tombamento (que levou a outras ocupações culturais menores e discretas nas suas imediações, como o Clube do Choro). E a segunda – esta merecida – o Memorial JK. Aliás, ainda houve outra, uma Igreja mais perto da Rodoferroviária.

Não sei qual seria o endereço correto para o Memorial em homenagem ao Presidente João Goulart, mas certamente não é o canteiro central do Eixo Monumental – espero que, a partir de agora, deixem em paz seu belo e necessário silêncio verde.

Fonte: Fato Online

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