Focus: Mercado prevê elevação da inflação e dos juros em 2023

Expectativa para alta do IPCA de 2023 voltou a subir após quatro meses | Imagem: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Em meio às discussões do governo eleito sobre aumento de gastos em 2022 e que vêm trazendo receios ao mercado financeiro, a expectativa para a alta do IPCA – índice de inflação oficial – de 2023 voltou a subir após quatro meses. A projeção para este ano também continuou subindo, enquanto a mediana para 2024 ficou estável.

A projeção para 2022 avançou de 5,82% para 5,88%, contra 5,60% há um mês. A previsão para 2023 subiu de 4,94% para 5,01% – o primeiro aumento desde a pesquisa Focus divulgada no dia 15 de agosto. Para 2024, a mediana permaneceu em 3,50%. Há quatro semanas, as estimativas eram de 4,94% e 3,50%, nessa ordem.

Considerando somente as 113 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2022 passou de 5,82% para 5,89%. Para 2023, avançou de 4,94% para 5,01%.

As medianas na Focus para a inflação oficial em 2022 e 2023 estão acima do teto da meta referentes a esses horizontes (de 5,0% e 4,75%, nessa ordem), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central. Para 2024, a projeção do mercado está acima do alvo central de 3,00%, mas aquém do limite superior de 4,50%.

Atualmente, o foco da política monetária está nos anos de 2023 e de 2024. Mas o BC tem dado ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente, atualmente o segundo trimestre de 2024.

Na Focus, a previsão para 2025 permaneceu em 3,00%, porcentual igual ao de 71 semanas atrás. A meta para o ano é de 3,00%, com intervalo de 1,5% a 4,5%.

No Copom de outubro, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 5,8% em 2022, 4,8% em 2023 e 2,9% para 2024. O colegiado manteve a Selic em 13,75% ao ano pela segunda vez seguida.

Outros meses

Os economistas do mercado financeiro elevaram a projeção para o IPCA de novembro no Boletim Focus. O avanço da mediana foi de alta de 0,41% para 0,48%. Há um mês, era de 0,41%.

Para o IPCA de dezembro, a estimativa cedeu marginalmente, de 0,65% para 0,64%, contra 0,68% um mês antes. Já para janeiro de 2023, a previsão para o indicador passou de 0,54% para 0,56%. Era de 0,54% há quatro semanas.

A expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses saltou de 5,15% para 5,26% – há um mês, estava em 5,13%.

Selic no fim de 2023 sobe de 11,25% para 11,50% ao ano

Refletindo os temores com a expansão fiscal planejada pelo governo eleito, o mercado financeiro passou a projetar uma taxa Selic terminal maior em 2023 no Boletim Focus. A estimativa subiu de 11,25% para 11,50% ao ano após dez semanas de estabilidade. Da mesma forma, considerando apenas as 86 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana avançou de 11,25% para 11,50% ao ano.

Para o fim deste ano, o mercado ainda espera 13,75% (pela 22ª semana), com expectativa de nova manutenção na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de dezembro. Considerando apenas as 86 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para o juro básico no fim deste ano também seguiu em 13,75%.

No Copom de outubro, o BC manteve pela segunda reunião consecutiva a taxa Selic em 13,75% ao ano. A autoridade monetária ainda voltou a indicar a estabilidade da Selic nesse patamar por “período suficientemente prolongado”. Mas também manteve o alerta de que, caso a desinflação não ocorra como o esperado, os juros podem voltar a subir.

O ciclo da Selic voltou à discussão devido aos planos de aumento de gastos do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na curva de juros, já há uma precificação de alta e, na última sexta-feira (18), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que, se houver percepção de que o fiscal vai atrapalhar a convergência da inflação, a autoridade monetária vai reagir.

Atualmente, o horizonte relevante da política monetária considera os anos de 2023 e de 2024. Mas o BC tem dado ênfase ao horizonte seis trimestres à frente, atualmente o segundo trimestre de 2024.

Conforme o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 21, a previsão para a Selic no fim de 2024 continuou em 8,00%, mesmo porcentual de um mês atrás. Já a mediana para o fim de 2025 permaneceu em 8,00%, contra 7,75% de quatro semanas antes.

Projeção do PIB de 2022 passa de 2,77% para 2,80%

O boletim mostrou nova alta no cenário de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, mas estabilidade na projeção para 2023. A mediana para a alta do PIB em 2022 subiu de 2,77% para 2,80%, contra 2,76% há um mês. Já a estimativa para a expansão do PIB em 2023 continuou em 0,70% ante 0,63% um mês antes.

Considerando apenas as 73 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2022 passou de 2,76% para 2,81%. No caso de 2023, houve 73 atualizações nos últimos cinco dias úteis, com variação da mediana de 0,68% para 0,70%.

O Relatório Focus ainda mostrou queda na projeção para o crescimento do PIB em 2024, de 1,80% para 1,70%. Para 2025, a mediana foi mantida em 2,00%. Quatro semanas atrás, as taxas eram de 1,80% e 2,00%, nessa ordem.

O Relatório de Mercado Focus também indicou nova melhora na projeção para o superávit primário em relação ao PIB este ano, mas grande deterioração no déficit esperado para 2023 em meio a discussões fiscais do governo eleito.

A estimativa para o superávit primário em 2022 passou de 1,10% para 1,20% do PIB. Há um mês, a mediana era de 1,00% do PIB. Para 2023, a projeção de déficit primário saltou de 0,55% para 0,80% do PIB, de 0,50% quatro semanas antes.

Em relação ao resultado nominal, a mediana se manteve deficitária em 6,00% do PIB este ano e piorou de rombo de 7,75% para 7,88% do PIB em 2023. Há um mês, as medianas eram negativas em 6,30% e 7,70% do PIB, nessa ordem.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

Houve leve melhora na projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2022. A mediana caiu de 58,00% para 57,52%, contra 58,50% um mês atrás. Em relação a 2023, a estimativa para a dívida líquida em relação ao PIB passou de 61,40% para 60,70%, de 62,95% há um mês.

Os economistas do mercado financeiro aumentaram a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos em 2022, conforme o Boletim Focus. A mediana deficitária passou de US$ 41,00 bilhões para US$ 42,70 bilhões, contra US$ 32,25 bilhões de um mês atrás.

Já para 2023, a projeção para o rombo em transações correntes passou de US$ 38,90 bilhões para US$ 39,45 bilhões. Há um mês, a expectativa era deficitária em US$ 34,00 bilhões.

Balança comercial

A estimativa para o superávit da balança comercial em 2022 continuou em US$ 55,00 bilhões, contra US$ 56,15 bilhões de um mês atrás. Para 2023, a projeção não sofreu mudanças e permaneceu em US$ 56,00 bilhões, mesmo valor esperado há quatro semanas.

Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes nesses anos. A mediana das previsões para o IDP em 2022 permaneceu em US$ 80,00 bilhões, ante US$ 68,00 bilhões de um mês atrás. Para 2023, ficou em US$ 75,00 bilhões, de US$ 70,00 bilhões há quatro semanas.

Após 16 semanas em R$ 5,20, mediana para câmbio em 2022 sobe a R$ 5,25

Após 16 semanas sem mudanças, o cenário da moeda norte-americana em 2022 e 2023 voltou a subir no Relatório de Mercado Focus, repercutindo a desvalorização do câmbio nos últimos dias e as incertezas fiscais. A estimativa para o câmbio este ano passou de R$ 5,20 para R$ 5,25, enquanto, para 2023, a variação foi de R$ 5,20 para R$ 5,24. Há um mês, as medianas eram ambas de R$ 5,20. A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.

Mercado continua esperando 1º corte da Selic em junho

Apesar dos temores de forte expansão fiscal em 2023 gerados pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, o mercado financeiro continua esperando o primeiro corte da taxa Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de junho, de acordo com o Boletim Focus do Banco Central. A estimativa para o fim do próximo ano, contudo, ficou mais alta, subindo de 11,25% para 11,50% após dez semanas de estabilidade.

Conforme a mediana do Sistema de Expectativas de Mercado, da onde são retiradas as informações para o Boletim Focus, agora a expectativa é de queda de 2,25 pontos porcentuais da Selic no ano que vem, contra 2,50pp antes.

Considerando as estimativas mais pessimistas, desde a semana anterior, os analistas passaram a considerar uma alta de juro na primeira reunião do Copom de 2023,com redução em junho para 13,75%, terminando o ano nesse patamar.

Fonte: UOL

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