Com a bandeira da segurança pública, João Alberto Fraga (DEM) foi o deputado federal mais bem votado no DF. Aos 58 anos e pai de três filhos, o ex-secretário de Transportes de José Roberto Arruda (PR), que já foi deputado federal, conquistou 155.056 votos. Nesta entrevista o sergipano de Estância fala sobre sua mágoa com Arruda e explica os motivos pelos quais defende pautas polêmicas, como a redução da maioridade penal.
Como foi ser o deputado federal mais votado do DF?
Pela consistência das minhas propostas e pela forma como a sociedade vem se comportando diante da insegurança pública, confesso que esperava mais votos. A expectativa era ter passado dos 80 mil votos. Sempre disse o que pretendo fazer. Aprovar uma lei no Congresso Nacional não é fácil, mas acredito na força do povo. As pessoas sabem que não tenho papas na língua e defendo o que é certo para o povo. Não tenho medo de brigar com quem quer que seja.
A que o senhor atribui a derrota de José Arruda nos tribunais? Foi injusto?
Todos esperavam a derrota de Arruda nos tribunais. Se o Arruda disputasse a eleição, ganharia no primeiro turno. Arruda errou quando não teve o discernimento para sair e colocar alguém para substituí-lo uns 40 dias antes. Quando a Flávia Perez (PR), esposa de Arruda, tornou-se candidata a vice-governadora, causou mal-estar. Parecia o mesmo processo de 2010, quando o Joaquim Roriz (PRTB) indicou a esposa Weslian. Quanto ao julgamento da Caixa de Pandora, que Arruda aparece recebendo dinheiro, o julgamento foi justo. Arruda foi uma fase da minha vida que passou. Dei tudo que eu podia para um amigo e ele não valorizou. Estou magoado. Sempre me dediquei ao Arruda e só recebi punhalada. Continuo sendo amigo dele mas, politicamente, minha vida seguirá sem Arruda.
Que propostas o senhor quer defender no mandato?
Adotei cinco propostas na campanha. Acabar com a impunidade do menor, ou seja, extinguir a questão da idade penal. A segunda, o trabalho obrigatório para o preso. A terceira, o cumprimento integral das penas. A quarta, acabar com os saidões, que têm contribuído com o aumento da violência e, a quinta, acabar com o auxílio-reclusão pago à família do criminoso.
O que este mandato terá de diferente dos últimos três?
Venho mais amadurecido. Após ficar quatro anos na geladeira, amadureci e vou fazer um mandato propositivo. Parlamentar tem de pensar na população. As urnas mostram se você está fazendo um bom mandato.
Não seria melhor ter educação e projetos sociais aos menos favorecidos?
Isso é conversa fiada. Investimento em educação é para médio e longo prazo. Precisamos de soluções imediatas. Hoje, de cada 10 pessoas que a polícia prende, sete deveriam estar na cadeia. De cada 100 presos que deixam o presídio, 74 voltam. Adianta educação para esse povo? Educação é importantíssima, é a base de tudo, mas a longo prazo. Não dá tempo de pegar presos perigosos e reincidentes e educá-los. Hoje, quem deveria estar preso não está. Nós é que estamos presos nas nossas casas. Qualquer governante sério tem de investir em educação, mas também temos de saber o que fazer com os bandidos perigosos que estão na rua. A educação, nesse caso, não vai resolver nada.
Por que o senhor defende o fim do benefício de saídas temporárias para presidiários em datas especiais?
O saidão deve ter critério muito rígido. Saidão deve ser oferecido para presos que têm comportamento exemplar e trabalham dentro do presídio. Quem deve fazer a avaliação e fundamentar o pedido para o juiz decidir são os educadores, agentes penitenciários ou diretor do presídio. Sou a favor de que presos de alta periculosidade fiquem sem saídas temporárias e cumpram o período integral da pena.
O que o senhor espera do governador eleito?
Acho difícil o Rodrigo Rollemberg salvar Brasília do caos. Ele não tem experiência administrativa. Basta ver que ele nunca fez nada pela cidade. Ele não levou o Campus da UnB para Ceilândia, como diz. Foi uma emenda de bancada, com a participação de todos. Os políticos têm medo de falar que ele está mentindo. Ele mente descaradamente. Ele não tem o que mostrar.
O que o senhor considera que fez como secretário de Transportes que melhorou o sistema hoje?
O que tem de bom hoje no transporte é que o PT deu continuidade ao que nós fizemos. A primeira licitação de transportes dos 160 ônibus da Viplan foi feita na época que eu era secretário. Colocamos 1,2 mil novos ônibus nas ruas e não sei onde esses veículos foram parar. E eu tenho de ouvir o cinismo do governador Agnelo em dizer que agora a comunidade terá ônibus. E os que o governo anterior entregou? Esse tipo de política irresponsável eu não faço e abomino quem faz.
Fonte: Destak Jornal