A princípio, o governo abrirá espaço para que o partido tenha maior participação na elaboração e definição das decisões políticas.
O PDT permanece ao lado do governo Rollemberg, embora com ressalvas. Após críticas das principais lideranças pedetistas aos rumos do GDF, o governador Rodrigo Rollemberg chamou, oficialmente, o partido para integrar o núcleo de decisão política do governo. No entanto, quadros importantes da sigla ainda mantêm posição de independência e espera para ver se a promessa do Buriti será cumprida.
Primeiro aliado de Rollemberg durante as eleições de 2014, o PDT se queixa de ter sido deixado de lado das principais decisões políticas do governo, desde a transição. Sabe-se também que alas do partido não achariam ruim se ampliassem o número de cargos no governo. O desconforto se inflamou com as sucessivas crises do governo e a recém declarada adoção de postura de independência da presidente da Câmara Legislativa, deputada Celina Leão, eleita pelo partido. Celina manterá a postura.
Governo abre espaço
A princípio, o governo abrirá espaço para que o partido tenha maior participação na elaboração e definição das decisões políticas. “O pleito é correto. A gente gostaria de contar com o apoio do PDT. O interlocutor do partido conosco será Georges Michel (secretário do Trabalho e presidente regional do PDT). Ele vai começar a participar das reuniões do núcleo político do governo”, afirmou Rollemberg. Segundo o governador, a crítica dos pedestistas sobre o isolamento do governo é válida.
O governo deverá promover reuniões dos secretários e administradores regionais com representantes do partido, a começar pelo senador Cristovam Buarque. O Buriti também pretende retomar o projeto do Conselho Político, no qual aliados podem discutir o cenário político com o governo.
“O PDT está dentro do governo. Esse governo pertence ao PDT. Fomos o principal partido da coligação, do ponto de vista da eleição”, declarou Georges Michel. Para o cacique pedestista, o aceno de Rollemberg foi positivo.
“Não queremos cargos. Reivindicamos participar das decisões para que esse governo seja vitorioso”, declarou. Nas palavras do cacique pedetista, a participação da legenda no processo de discussão, planejamento e decisão do governo passou a ser mínima depois do resultado das urnas em 2014.
Cristovam diz que rombo não desculpa mais
“Honestamente, a conversa com o governador foi positiva. E, honestamente, não sei se será consequente”, ponderou o senador Cristovam Buarque. Na leitura do parlamentar, o GDF errou quando tomou uma postura de isolamento político. Segundo o senador, os secretários não podem mais se escorar na desculpa de falta de recursos e pecam pela falta de criatividade na solução dos problemas.
“O partido, tanto do ponto de vista local quanto federal, deveria adotar uma postura de independência. Não ter cargos no governo, elegiando o que é certo e criticando o que é errado. De repente, com essa posição, quem sabe, o governador acorde para os problemas. Quem sabe, funcione como um despertador”, comentou o senador Reguffe, que evitou comparecer à reunião.
Após o aceno do Buriti, Celina Leão se mostrou satisfeita, mas manterá a posição de independência, argumentando ser representante do Legislativo. Nesse sentido, declarou que não irá admitir tentativas de transferência da crise do governo à Câmara.
“A tentativa de criminalizar a relação do governo com os deputados foi desastrosa”, cravou. Sobre a relação com o Buriti, a deputada comentou que o governo precisa entender que projetos bons para o DF serão votados, mas em determinadas matérias, os deputados poderão dizer “não”, a exemplo de projetos de aumentos de impostos e redução de direitos de servidores.