Governo afirma que este ano servirá apenas para “apagar incêndios” por conta de “herança”.
O futuro da saúde no Distrito Federal continua desanimador, pelo menos até o fim deste ano. A previsão para que a herança de dívidas deixada pelo governo passado pare de afetar o atual é apenas em 2016, segundo o diretor executivo do Fundo de Saúde, Ricardo Cardozo dos Santos. Ele explicou o atual cenário econômico do setor, assim como fez o secretário de Saúde, João Batista de Sousa, na última segunda-feira.
Além de uma dívida de R$ 377 milhões da gestão anterior, Ricardo acredita que a falta de um orçamento coerente com a realidade também contribuiu para a atual situação. Em 2014, foram gastos R$ 6,3 bilhões no total, sendo que o orçamento aprovado para este ano foi de apenas R$ 5,9 bilhões. A proposta do governo era de R$ 9 bilhões.
Diante disso, o diretor do Fundo de Saúde assume que o governo passará o resto deste ano “apagando um incêndio”, o que desmentiria comentários ditos após o discurso do secretário de Saúde, de que o Governo de Brasília teria, sim, verba suficiente.
Ricardo ressalta que existe uma diferença entre orçamento e financeiro que precisa ser considerada. “A Lei Orçamentária funciona como um cartão de crédito, logo tem um limite para cada tipo de gasto. Portanto, também existe um tempo entre a contratação da despesa e o efetivo pagamento dela. Não podemos misturar as coisas, orçamento não é o dinheiro em si, é apenas um limite, uma autorização. E é com base neste limite que nós executamos as nossas despesas. No entanto, a autorização para 2015 foi muito abaixo das necessidades reais da secretaria”, explica.
Para ele, não foi feita uma análise dos principais gastos de 2014 para chegar ao orçamento de 2015, o que tem prejudicado a pasta. “O orçamento de 2015 virou uma peça de ficção, algo totalmente fora da realidade. Se, no ano passado, o dinheiro não foi suficiente, como eles aprovam para este ano um valor menor?”, contesta.