Haddad apresenta proposta de corte de gastos com promessa de impacto fiscal limitado

Da redação do Conectado ao Poder

Governo apresenta proposta para corte de gastos, mas enfrenta resistência no Congresso e dúvidas sobre impacto fiscal efetivo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou nesta semana uma proposta de emenda constitucional (PEC) que promete reduzir R$ 70 bilhões em despesas públicas ao longo de dois anos. Embora o governo tente passar a imagem de compromisso com o ajuste fiscal, analistas apontam que o impacto pode ser menor, variando entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões até 2026. A proposta chega em um cenário de alta da dívida pública, que atingiu R$ 9 trilhões em outubro, cerca de 78,6% do Produto Interno Bruto (PIB).

Entre as medidas, está a redução gradual do abono salarial, atualmente correspondente a dois salários mínimos, para 1,5 salários mínimos. A medida, que tem potencial de atingir trabalhadores formais e servidores públicos, gerou controvérsias e resistência de setores que a consideram um retrocesso social. Além disso, o texto propõe mudanças no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), destinando 20% dos recursos às escolas de tempo integral, e alterações no Fundo Constitucional do Distrito Federal, que resultariam em uma perda de R$ 800 milhões ao ano para a capital federal.

Enquanto o governo enfrenta dificuldades para consolidar apoio à PEC, deputados na Câmara protocolaram uma proposta paralela que prevê um impacto fiscal ainda maior, estimado em R$ 69,4 bilhões até 2026. Entre os pontos mais polêmicos dessa alternativa estão a revisão de supersalários e mudanças na aposentadoria de militares, além da desindexação de algumas despesas públicas ao salário mínimo. O texto evidencia a falta de consenso e os desafios políticos para a aprovação de qualquer ajuste.

Com o recesso parlamentar se aproximando, o governo intensifica as negociações para tentar aprovar a PEC em tempo recorde. Uma reunião foi marcada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, para definir o calendário de votações, enquanto o Planalto trabalha para garantir os 308 votos necessários para a aprovação em dois turnos na Casa.

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