Brasília tem pouco a comemorar um ano após a Copa do Mundo. Arena candanga virou problema.
Há um ano o País vivia a expectativa pela conquista do hexacampeonato mundial, que acabou não se concretizando após a derrota por 7 x 1 para a Alemanha. Entre bons momentos e frustrações, Brasília ficou mais próxima da segunda sensação, com pouco a comemorar no quesito legado da Copa.
Promessas sobre mobilidade urbana, segurança, turismo e uso ativo do estádio Mané Garrincha pouco evoluíram, assim como a seleção liderada por Luiz Felipe Scolari.
Embora concluída com ressalvas, a arena candanga ganhou mais ares de cartão postal do que praça esportiva. Com projeto inicial de R$ 745,3 milhões, acrescido de R$ 1 bilhão, totalizando R$ 1,8 bilhão – de acordo com o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TC-DF) – o palco de sete jogos do Mundial demanda reparos urgentes.
O espaço tem custo mensal de aproximadamente R$ 600 mil mensais. Os gastos incluem energia, limpeza, automação, reposição de peças, entre outros.
Elevadores e escadas multiuso não estão funcionando e a peça principal do estádio, o gramado, tem recebido queixas de jogadores e técnicos que aqui jogam. A empresa Greenleaf, responsável pela grama do estádio desde a reconstrução da arena, estava sem o contrato com o governo desde dezembro passado.
Somente agora, quase na metade do ano, que as licitações de manutenção em geral começam a andar.
Tanto os elevadores e escadas multiusos como o gramado tiveram as “licitações bem-sucedidas”, informa a Secretaria de Turismo, uma das administradoras do espaço em conjunto com a Terracap, a Novacap e a Secretaria de Gestão Administrativa e Desburocratização.
Outros três contratos ainda estão sendo licitados: manutenção predial – reparo e manutenção de itens como bebedouros, vidros, pisos e placas de gesso, entre outros; automação; sistemas de câmeras de segurança, alarmes e som; e ar condicionado.
Pouco Lucro
Desde a sua reinauguração, em maio de 2013, o Mané Garrincha arrecadou R$ 6,5 milhões aos cofres públicos em taxas de ocupação de eventos. O valor é inferior à renda obtida em um único jogo pela empresa que organizou o duelo entre Santos x Flamengo, pelo Brasileirão de 2013, quando recolheu R$ 6,9 milhões.
Apenas 22 partidas após o Mundial
De um ano para cá, o estádio recebeu poucos eventos esportivos. O futebol, no entanto, segue como carro-chefe.
Duas partidas do Campeonato Brasileiro foram disputadas neste ano. Ao todo, desde o fim da Copa do Mundo, foram cinco jogos da Série A; três da Série B; oito de torneio feminino; três amistosos.
Os times do DF, contudo, só usufruiram do estádio em apenas três oportunidades. Vale recordar que durante o Candangão, várias jogos foram disputadas com os portões fechados por determinação do Ministério Público do Distrito Federal.
Com 22 jogos, a média de público é pífia: apenas 12.624 torcedores por partida, pouco mais de 17% de sua capacidade, não lotando nem sequer a arquibancada inferior, que pode receber até 22 mil pessoas.
Além destes compromissos houve também um duelo de futsal, com quase 60 mil presentes, e até uma partidaexibição de futebol americano, sem a marcação correta do gramado.
Um dos fatores que afasta o uso do estádio é o custo alto. No jogo entre Atlético-MG 4 x 1 Fluminense, por exemplo, teve um custo total de R$ 300.986,21, 49% da renda da partida.
Governo ocupa o local
A localização estratégica – próxima ao Palácio do Buriti – e as amplas instalações fizeram com que o governador Rodrigo Rollemberg decidisse, no mês de maio, instalar três secretarias no estádio. A medida, para economizar com aluguel, encontrou destinação a aproximadamente 40 salas que foram construídas para abrigar o pessoal da FIFA durante a Copa do Mundo e que estavam absolutamente vazias.
As Secretarias de Desenvolvimento Humano e Sustentável, de Esporte, e de Economia e Desenvolvimento Sustentável estão temporariamente no local, com quase 400 servidores que utilizam a “monstruosa” arena como escritório. As pastas compartilham gastos com os contratos de limpeza e segurança.
Elas terão que deixar o Mané Garrincha antes de agosto do próximo ano, quando será disputado os Jogos Olímpicos de 2016. A arena receberá dez partidas (três do futebol feminino e sete do masculino). Até lá, o governo pretende que o novo Centro Administrativo, em Taguatinga, esteja funcionando, apto a receber funcionários.
A medida, de acordo com o GDF, representa uma redução anual nas despesas do governo na ordem de R$ 14,4 milhões.