Um grupo de investigadores das Nações Unidas ressaltou nesta quinta-feira que “o povo sudanês está farto do conflito arrasador que vem assolando o país”.
Em comunicado emitido em Genebra, a Missão Internacional Independente de Apuração de Fatos das Nações Unidas para o Sudão fez um apelo às partes envolvidas no conflito para que se comprometam com um cessar-fogo imediato.
Acesso desimpedido à ajuda humanitária
Entre as outras medidas sugeridas para conter a crise estão “acabar com os ataques a civis e garantir o acesso desimpedido à ajuda humanitária”.
Para o presidente da missão, Mohammed Chande Othman, “já passou da hora da guerra parar”. Segundo ele, o povo sudanês “suportou o suficiente e as partes em conflito devem encontrar um rumo para a paz e respeito pelos direitos humanos”.
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Especialistas dizem que estão preocupados com as colheitas fracas, o aumento dos preços dos cereais e o risco de uma catástrofe
Os combates entre o Exército do Sudão e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido, RSF, eclodiram em 15 de abril do ano passado. Milhares de pessoas foram mortas durante a crise que se transformou num desastre humanitário.
A missão, criada em outubro, apresentará um relatório detalhado ao Conselho dos Direitos Humanos na sessão do órgão prevista para o período entre setembro e outubro deste ano.
Violações dos direitos humanos
Estima-se que mais de 8,5 milhões de pessoas fugiram das suas casas desde o início dos combates, sendo que 1,8 milhão atravessou as fronteiras do país. O grupo foi criado para apurar as alegadas violações dos direitos humanos e do direito humanitário internacional no conflito.
De acordo com a Agência da ONU para os Refugiados, Acnur, milhares de pessoas ainda deixam diariamente o país africano.
Na segunda-feira, uma conferência humanitária internacional para o Sudão e nações vizinhas será realizada em Paris coincidindo com o primeiro ano do conflito.
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Milhares de pessoas ainda deixam diariamente o país africano
O evento coorganizado pela França, Alemanha e União Europeia visa abordar a falta de fundos, quando somente 6% do US$ 2,7 bilhões foram colocados ao dispor da comunidade humanitária para enfrentar a crise neste ano.
Assistência destinada a civis
Para a Missão Internacional Independente de Apuração de Fatos sobre o Sudão, o Exército sudanês e os paramilitares “demonstraram pouca consideração pela proteção dos civis”. O grupo de especialistas também investiga relatos de ataques recorrentes contra não combatentes, escolas e hospitais.
O relatório inclui informações sobre assaltos a comboios de ajuda humanitária. Sobre este tópico, a investigadora Mona Rishmawi disse que as agências de ajuda “estão perseverando, apesar de ter havido ataques e saques de comboios humanitários, pessoal e armazéns”.
A perita, uma das três integrantes do grupo, disse que também estão sendo apurados relatos sobre “o bloqueio deliberado da assistência humanitária destinada a civis que vivem em áreas controladas pelo lado oposto”.
Os especialistas dizem que estão preocupados com as colheitas fracas, o aumento dos preços dos cereais e o risco de uma catástrofe alimentar. Eles pediram que ambas as partes se empenhem com um processo de paz abrangente.