Leonardo Picciani diz ainda que o atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha, “falhou” ao colocar em pauta uma “agenda mais pessoal”.
Na briga para obter o direito de liderar o PMDB por mais um ano, Leonardo Picciani tem um discurso que soa como música para os ouvidos governamentais em todos os níveis, ao defender a aprovação da CPMF com metade da arrecadação destinada a estados e municípios. Diz ainda que o atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha, “falhou” ao colocar em pauta uma “agenda mais pessoal” sem dar mais agilidade à discussão de temas econômicos. Ressalva, entretanto, que as críticas ao presidente da Casa não significam que esteja disputando essa vaga: “É um tema extemporâneo. Não se disputa cargo que não está vago. Portanto, esse tema não será tratado por mim”. A seguir os principais trechos da entrevista.
O PMDB vive um momento em que não está conseguindo sequer encontrar consenso sobre uma data para realizar a eleição do novo líder. O que está acontecendo com o partido?
Não é com o partido. Todos os partidos estão com posições divergentes. Acho que é fruto da natureza dos temas que estão em discussão no momento.
Por exemplo?
O processo de impeachment (da presidente Dilma Rousseff), as medidas econômicas de ajuste fiscal, CPMF, DRU, discussão de medidas tributárias, reforma da Previdência. São temas que trazem divergência. Isso não é uma exclusividade do PMDB.
Caso se mantenha na liderança, o senhor vai defender a aprovação da CPMF e das outras medidas econômicas apresentadas pelo governo?
Eu tenho todo o direito, assim como qualquer deputado, de manifestar minhas posições pessoais. Agora, a posição da bancada será sempre expressa pela decisão da maioria da bancada.
O senhor é favorável à CPMF?
Sou favorável.
Existem premissas para a CPMF ser aprovada, como divisão com estados e municípios?
A divisão com estados e municípios é algo fundamental. Não dá para se tratar de CPMF sem que, por exemplo, metade dessa contribuição seja destinada aos entes da Federação.
Sobre a presidência do PMDB, o senhor afirmou que vai tentar chegar a uma unidade, mas que apoiaria como candidato o presidente do Senado, Renan Calheiros. É uma declaração de guerra ao atual presidente da legenda, Michel Temer?
Não, de forma nenhuma. Acho que é possível que se busque a unidade e o Temer tem tentado buscar esse caminho. Nem eu pessoalmente nem aqueles de quem sou aliado têm divergência quanto a isso. Caso haja uma disputa no processo, eu aí manifestarei a minha posição em solidariedade ao presidente do Senado. Falo isso como hipótese porque não foi apresentada a mim nenhuma candidatura nesse sentido.
Diante dos recentes desentendimentos com o Planalto, as viagens de Temer que começam este mês podem ser vistas como forma de tentar ganhar popularidade com a possibilidade de afastamento da presidente Dilma Rousseff?
Parece-me que não, que ele está buscando uma agenda interna, do PMDB. Ele busca dialogar com os setores do partido, o que é legítimo.
Sobre o impeachment, há quem diga que seria melhor nomear logo a comissão especial antes de escolher o líder. O senhor concorda?
Não há um procedimento estabelecido. O presidente da Câmara tem anunciado que só fará o chamamento da instalação da comissão, adoção dos critérios, após a publicação do acórdão do Supremo Tribunal Federal, inclusive anunciou publicamente que vai entrar com embargos da decisão. Primeiro, é necessário que a Presidência da Câmara anuncie as datas e os procedimentos para que o líder possa fazer as indicações. Fazer as indicações antes é colocar a carroça na frente dos bois.
Fonte: Correio Braziliense