Os fatores de decisão são muito menos subjetivos do que se imaginava, enquanto as escolhas pessoais são muito mais suscetíveis à fatores de influência externa.
O espectro da atenção consciente é muito estreito frente ao conjunto de outros estímulos e variáveis que podem ser avaliados, medidos e direcionados matematicamente para influenciar o consumidor ou eleitor; principalmente em uma sociedade digital e cada vez mais conectada.
Vamos a um exemplo simples: Imagine que João, um personagem fictício, pesquisou um livro na internet, mas não efetuou a compra (conversão). Nós sabemos. Também sabemos que João tem um um vôo para Brasília na próxima quarta-feira às 15 horas.
Quando ele estiver indo para o Aeroporto, também iremos saber. E se ele chegar com uma hora de antecedência, por exemplo, nosso sistema irá enviar uma mensagem com um cupom de desconto para que ele adquira o livro na livraria do segundo andar.
Quando ele efetuar a compra, iremos receber a comissão da venda. Mas esta é apenas uma minúscula parte do que pode ser feito.
Sabemos com quem João conversa, em que trabalha, onde abastece seu carro, quais multas teve, quais remédios compra e em quais farmácias, quem segue nas redes sociais, o que escreve, entre outras dezenas de milhares de informações, que são coletadas continuamente e processadas por um sistema de aprendizado (deep-learning) para entender e influenciar seu comportamento.
Estas informações, em conjunto com as informações de outras dezenas de milhões de outras pessoas geram um número gigantesco de dados que são armazenado em vários servidores cloud e reavaliados para direcionamento de informações para nichos e grupos específicos.
Isto é um sistema de Big-Data, para o que exemplificamos abaixo algumas das possíveis aplicações.
A imensidão de dados gerados é avaliada matematicamente por um agregado de técnicas para segmentação de grupos específicos, que prevê comportamentos e determina fatores escolha, de grupos ou indivíduos. Voltemos ao exemplo do João: Digamos que o sistema determine um produto que será de seu interesse, mas o ítem não é essencial ou básico (tomemos como exemplo um ítem de coleção do Star-Wars, de quem João é aficionado). O sistema classifica esta venda como ‘Compra de Impulso’ e passa a coletar dados para direcionar o ítem:
1º) O sistema determina a situação financeira de João para compra, levantando neste exemplo, que ele está devendo e negativado. Neste caso, racionalmente, ele não iria fazer a aquisição do item, certo? Errado.
2º) O salário e gastos de João são computados, para levantar o preço de corte do ítem (o valor máximo que ele iria pagar no produto).
3º) Nos grupos que ele acompanha (facebook, whatsapp, twitter, pinterest, etc) Bots (robôs com personalidade e características humanas, que agem e se relacionam como tal) começam a conversar sobre ítens de coleção e coisas relacionadas a potencial venda, entre eles e indiretamente. Um preço bastante superior é apresentado nestes canais, para determinar a ‘ancoragem’ de uma vantagem posterior ao ítem que será vendido.
4º) Sabendo que a volição inibitória e fatores inibição de decisão são diminuídos quando as pessoas estão cansadas ou estressadas, o sistema irá apresentar a oferta logo depois do pagamento de João, após ele passar 14 horas no escritório. O direcionamento será feito dentro do valor de corte (ou em prestações dentro deste número), através de um jogo que ele esteja utilizando para relaxar, por exemplo.
E as Eleições?
No sistema de eleições o sistema funciona dentro do mesmo princípio, mas de forma bastante mais agressiva. O que a pessoa lê, faz, com quem se relaciona e a linguagem de seus contatos e grupos pode determinar com bastante precisão em quem vai votar, bem como direcionar comportamentos e escolhas.
Algumas ferramentas e técnicas adicionais podem determinar e mudar o curso de uma eleição. Relacionamos abaixo algumas recomendações e técnicas do sistema IA, que foram utilizadas em 2018.
(1) – Identificar Núcleos de Conversão Negativa, utilizar Neurobots: A análise deve se concentrar em núcleos de Sentimento Negativo em relação ao candidato, contrabalanceando declarações e postagens com um público composto de Neurobots, coletando dados e bases potenciais de conversão
(2) – Segmentação Límbica: O foco de aversão é direcionado para outras fontes através de estruturas de neuromarketing (notícias, links patrocinados e grupos de whatsapp)
(3) – NBots: Ou Neurobots. Perfis com personalidade e dotados de inteligência artificial que interagem diretamente com os usuários, como pessoas reais, apresentando dados e idéias. O conceito baseia-se na ‘teoria do elo-fraco’, onde as pessoas que usualmente tem aversão a propaganda podem ser sugestionadas por outros membros da mesma comunidade. Como exemplo, dentro do storytelling, se o usuário for se comunicar com um grupo de idosos é mais efetivo um Neurobot de idoso conversando numa comunidade específica sobre o candidato. No caso, perfis de profissionais interagem em comunidades específicas apontando outras ideias, projetos e conceitos, com outros Nbots reafirmando a ideia, curtindo e retransmitindo publicações. Gatilhos de disparo são configurados para contextos específicos.
(4) – Virais: Memes e notícias de internet que são repassados de forma orgânica por grupos sociais específicos (no caso, vinculados ao ** e grupos de oposição ao *** )
(5) – Inimigo Comum: Identificação e atuação em grupos e comunidades de oposição ao governo (ou idéia), criando vínculos de atuação do candidato neste nicho.
(6) Atuar na base concorrente: Identificar e atuar em núcleos de conversão do principal opositor, utilizando chamadas de interesse na segmentação de sua base.
(7) – Segmentação Límbica: Atuar em contextos de indignação e medo em grupos específicos (ex. Medo do kit gay nas escolas). De forma indireta através de virais e nbots.
(8) – Patrocinio Links: Inserir conteúdo de forma direta/indireta em publicações específicas de grupos alinhados com o inimigo comum
(9) – Vínculos Patrocinado: Retransmitir e apoiar grupos de Patrocínio de Links (item 8) através de virais ou Nbots.
(10) – Associação Direta. Nbots, virais e patrocínios colocam a imagem do candidato associada diretamente a um conceito e idéia (ex.: quem vota XXXX vota YYY contra determinada ideologia). As mensagens são direcionados para grupos específicos de conversão (ex. Membros ou grupos de igrejas evangélicas, Sindicatos ou Associações.).
Como facilmente pode-se depreender, as novas técnicas baseadas em Inteligência Artificial, Big Data, e com as ferramentas poderosas dos Neurobots, estão cada dia mais avançadas, ouso dizer que ela marcará, assim como a era da internet e das redes sociais fizeram, um novo momento em nossa história como civilização.
Esta tecnologia que emerge e já está disponível ao mercado, tornam-se hoje um valioso e perigoso instrumento nas mãos dos Marketeiros Políticos, especialmente àqueles que operam no campo digital.
Utilizando-se de técnicas as quais beiram a comunicação subliminar, um bom projeto executado durante um pleito eleitoral, pode de maneira substancial alterar o resultado de qualquer eleição.
Enquanto o incrível contingente de pessoas e profissionais afeto as áreas, ainda estão incautos, e presos a discussão improdutivas sobre o combate as famigeradas “Fake News” , existe hoje uma tecnologia muito superior a que já foi utilizada, com potencial 10.000 vezes maior, e pronta para entrar em campo nas próximas eleições.
Por: Marcelo Senise