Da redação do Conectado ao Poder
Valdir observa o primeiro turno como um segundo, em razão da polarização
O cientista político Valdir Pucci foi entrevistado no programa Conectado ao Poder, da TV Cultura, pelo jornalista Sandro Gianelli. Os especialistas debateram sobre o cenário que se criou para a presidência, que tem disputa em segundo turno e muitas pesquisas apontavam o fim da eleição presidencial em primeiro turno, com Lula (PT) vitorioso.
Valdir não observa o resultado com surpresa. “Eu já imaginava que fosse ir a um segundo turno, eu não via um cenário diferente. Se a gente pegar o quadro do PT, ele nunca venceu em primeiro turno uma eleição presidencial e não seria nessa, tão polarizada, que a gente teria uma situação diferente, então eu acreditei no segundo turno”, avaliou.
O primeiro turno fechou com Lula tendo 48,43% dos votos válidos e Bolsonaro (PL) 43,20%. Gianelli lembrou que as pesquisas indicavam resultado menor para o presidente e trouxe a questão do voto útil. “As pesquisas davam uma média de 36% a 38% para o presidente Bolsonaro. Será que o voto útil, para quem não queria o PT voltando ao poder, aconteceu na reta final da campanha?”, questionou.
“Nas últimas semanas de pesquisas, se a gente observar os gráficos, Bolsonaro não deixou de crescer, então houve um crescimento, mesmo que pequeno e isso, inclusive, fica demonstrado nas urnas. A votação de Bolsonaro foi maior do que a margem de erro, mas já havia uma tendência de crescimento naquele momento. Eu acredito que existiu um voto útil tanto para Lula quanto para Bolsonaro. Quem queria fazer o voto útil já fez no primeiro turno e se houve o voto útil, a grande questão é como vai ficar o segundo turno. Os eleitores que não fizeram, vão para quem?”, disse Valdir Pucci.
Simone Tebet (MDB) teve 4,16% dos votos válidos, Ciro Gomes (PDT) 3,04%, Soraya Thronicke (União Brasil) 0,51%, Felipe d´Avila (Novo) 0,47% e Padre Kelmon (PTB) 0,07%. Com esses números, Sandro Gianelli diz que “praticamente não sobrou muito voto”.
Valdir analisa o primeiro turno como um segundo. “Essa eleição de primeiro turno foi um segundo turno antecipado, porque praticamente ela girou em torno de Lula e Bolsonaro e se a gente pegar os números dos outros candidatos, a gente tem algo entre 10 e 15 milhões de votos sendo disputados nesta eleição. Como é uma eleição muito polarizada e de votos já consolidados, quem decidiu votar não mudou ao longo da campanha, só quem realmente fez voto útil no final. O difícil é convencer esses 15 milhões, que não foram convencidos em 45 dias de campanha. Lembro, ainda, que abstenção, voto branco ou nulo é sempre uma incógnita e em segundo turno é sempre maior do que no primeiro turno, não vejo um cenário que mude isso”, explorou.
Gianelli acredita uma possível vitória de Bolsonaro, se ocorrer, será com o voto antipetista. “No segundo turno a escolha muda, passa a ser quem quer a volta do PT com Lula e companhia”, finaliza.