Elas custarão R$ 504 milhões e terão início em área próxima a jóquei.
Moradores reclamam de buracos em ruas e esgoto a céu aberto.
O vice-governador do Distrito Federal, Renato Santanna, afirmou ao G1 nesta segunda-feira (25) que as obras de infraestrutura e drenagem de Vicente Pires terão início no próximo mês. “Elas começarão em até 20 dias, na primeira quinzena de junho. Hoje [Vicente Pires] é uma cidade consolidada, não há outra opção.”
Vicente Pires completa seis anos como região administrativa nesta terça (26) com 73,3 mil habitantes, segundo a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio de 2013 realizada pela Codeplan, mas as primeiras habitações de fazendeiros remotam à década de 1970. Ela é fruto de ocupação irregular e passa por um processo de regularização fundiária.
Apesar dos condomínios e comércios estabelecidos, algumas ruas não contam com asfalto e postes, mas têm buracos em abundância. Nas obras estão previstos drenagem de esgoto, captação de águas pluviais, asfalto, meio-fio, calçadas e iluminação pública.
“Mesmo com os problemas, temos de comemorar sempre. A força de Vicente Pires é sua gente. Ela começa a construir e ter suas próprias características e tradições”, comenta Santanna.
Em março deste ano, o G1 mostrou os buracos pelas ruas de Vicente Pires. Em algumas vias, o asfalto se desfez completamente e foi tomado por lama e barro. Alguns buracos tinham mais de 30 metros de extensão; outros “cortavam” ruas de um lado ao outro. Muitos veículos atolam e quebram ao passar por esses locais.
A situação deixou de piorar no final de maio por causa da menor quantidade de chuvas e das operações tapa-buraco da Novacap. As ruas 3 e 10, duas com as piores condições, estão sendo tratadas pelo órgão. Entretanto, os transtornos continuam incomodando a população.
O serralheiro Cleverson Ericson trabalha na rua 10 e reclama da qualidade da operação tapa-buraco. “É só paliativo. Aqui é uma coisa fora do comum. Não pode nem deixar criança na rua.”
A monitora de creche Talita dos Santos mora na rua 3 e trabalha na 10. Ela fala que não consegue andar a pé quando chove. “Não dá para ver nada, não dá para ver onde os buracos estão. Estão tapando, mas chove hoje, arranca amanhã. Sempre foi isso.”
O esgoto a céu aberto também é outro problema relatado e prejudica a saúde dos moradores. “É um cheiro muito ruim e constante. Dentro de casa você ainda sente. É muito triste. Minha mãe mora na rua 5. Lá tem uma fossa. Ela fecha todas as portas e janelas, mas tem alergia. Fica espirrando e coçando o nariz.”
O aposentado Geraldo Aires mora na Colônia Agrícola Samambaia, em Vicente Pires, e diz conviver com o asfalto desfigurado na porta de casa. “Até para sair de carro da garagem tivemos de fazer um ‘tamponamento’. Na rua, os carros têm de passar na contramão. Quase já capotaram passando em cima do buraco.”
Projeto de Infraestrutura
No projeto de drenagem e pavimentação, Vicente Pires foi dividida em quatro áreas. A primeira beneficiada será a próxima ao Jóquei Clube, que está com o projeto urbanístico aprovado. As outras ainda terão os processos de licitação finalizados, porque têm licenças pendentes.
“O trecho mais complicado é o segundo, da Vila São José. Lá tinha um lixão, então precisa da licença ambiental do Instituto Brasília Ambiental, por exemplo”, diz Santanna.
A Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sinesp) informou que as licitações já realizadas devem ser homologadas esta semana para a contratação das empresas vencedoras. O dinheiro para as obras, estimadas em R$ 504 milhões, vem do setor de pavimentação e qualificação de vias urbanas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Os recursos ainda não foram liberados, mas o governo afirma que eles já estão garantidos. Do total, R$ 390 milhões serão da Caixa Econômica Federal, enquanto o GDF dará a contrapartida de R$ 114 milhões.
Serviços públicos
Vicente Pires tem somente duas escolas públicas e um posto de saúde, que funciona em um prédio alugado. A falta de serviços básicos está entre as reclamações dos moradores. “Qualquer emergência médica temos de ir para Taguatinga”, afirma o aposentado Geraldo Aires.
Não há uma data para o início de construções desses equipamentos comunitários, como hospital, batalhão de Polícia Militar e quartel do Corpo de Bombeiros. Muitos terrenos dedicados a eles foram ocupados por grileiros, afirma Santanna.
“Como ninguém ocupava, foram alvos de grileiros. Agora vamos desocupar. Sem essas áreas, não tem como fazer a regularização fundiária. Estamos identificando-as e vamos trabalhar nisso imediatamente. Não vamos mais admitir novas invasões. A cidade ficou órfã de poderes de fiscalização nos últimos anos.”
O vice-governador fala que o crescimento desordenado gerou os problemas citados e as reivindicações da população. Mesmo assim, ele garante que a conquista de obras para melhorar a região não deve servir de estímulos para outras áreas irregulares.
“Não é um exemplo a ser seguido. Até hoje foram feitos paliativos, que é dinheiro público indo pelo ralo. Essas questões se arrastam há anos. Não queremos que aconteça de novo, que ao final novos locais sejam ocupados.”
Fonte: G1