O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, anunciou na quinta-feira uma vitória na luta contra o tráfico de vida selvagem.
A agência apoiou o retorno de 47 lêmures e 155 tartarugas irradiadas, ambas espécies ameaçadas, à sua terra natal, em Madagascar. O lêmure é uma variedade de primata típico da ilha africana.
Interceptação do contrabando
Outras 758 tartarugas-aranha, uma espécie altamente ameaçada, também devem ser repatriadas em outro voo no final deste mês.
Os animais haviam sido traficados ilegalmente de Madagascar e transportados por vários países. Depois de serem enviados para a Indonésia, os bichos foram transportados pelo Estreito de Málaca em lancha e levados para a Tailândia de carro.
As autoridades de fronteira tailandesas interceptaram o carregamento contrabandeado, abrindo caminho para a repatriação dos animais.
Um esforço coletivo
Segundo o Unodc, a operação só foi possível graças a um esforço coordenado envolvendo governos, parceiros internacionais, sociedade civil e setor privado. A agência ressalta a importância da colaboração no combate ao tráfico de animais selvagens e na proteção de espécies ameaçadas de extinção.
A recuperação dos lêmures e tartarugas foi possível depois que um fornecedor de filhotes de leopardo foi preso na Tailândia, dando início a uma investigação conjunta da rede criminosa da qual ele fazia parte.
O esforço envolveu o Unodc, a Polícia Real Tailandesa e o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos. A força-tarefa rastreou a viagem de pessoas da rede criminosa para Madagascar e isso acabou levando ao carregamento apreendido.
O Unodc também conectou as autoridades alfandegárias malgaxes e de Hong Kong com investigadores tailandeses e apoiou o processo de solicitação de Assistência Jurídica Mútua, tornando possível a repatriação.
A Interpol forneceu assistência adicional para facilitar reuniões entre autoridades tailandesas, indonésias e malgaxes.
O Unodc também prestou serviços de consultoria às autoridades tailandesas para incluir uma acusação de lavagem de dinheiro na investigação em andamento.
Financiamento para a repatriação
Depois que a Tailândia e Madagascar concordaram com a repatriação, no entanto, ainda havia incerteza sobre como o retorno dos animais seria financiado. Segundo o Unodc, isso costuma ser um obstáculo para a repatriação de animais selvagens apreendidos.
Por isso a agência entrou em contato com o programa Unidos pela Vida Selvagem, da Fundação Real do Príncipe e da Princesa de Gales, com quem tem uma parceria para combater o comércio ilegal de animais selvagens.
Como resultado, a Qatar Airways se ofereceu para transportar os animais gratuitamente de Bangcoc para Joanesburgo, África do Sul, enquanto a Airlink forneceu transporte gratuito de Joanesburgo para Antananarivo, Madagascar.
Reabilitação em reservas naturais
A chefe da Equipe de Crimes que Afetam o Meio Ambiente da agência, Hanny Cueva-Beteta, afirmou que “esta operação é um exemplo poderoso do que pode ser alcançado por meio de uma cooperação internacional”.
Para ela o combate a crimes ambientais transnacionais e a proteção da biodiversidade do planeta, é uma “responsabilidade coletiva”.
Todos os animais pousaram com segurança no aeroporto de Antananarivo, onde os veterinários realizaram exames de saúde para garantir seu bem-estar após o voo. Eles agora serão agora encaminhados para uma reabilitação dentro de reservas naturais, que será seguida por uma eventual liberação em seus habitats naturais.
O último Relatório de Crimes contra a Vida Selvagem do Unodc mostra um comércio ilegal em 162 países e territórios que afeta cerca de 4 mil espécies de plantas e animais.