O governador Rodrigo Rollemberg terá um relativo sossego até janeiro. Se conseguir convencer os sindicatos e adiar o reajuste para maio, ganha mais tempo. O dinheiro do fundo previdenciário do Iprev e o aumento de ICMS de alguns produtos, como bebida e cigarro, vão permitir que o Executivo pague o servidor em dia. O dinheiro do Iprev acaba em janeiro. E a tormenta retorna junto. Funcionalismo reclamando de salários e reajuste não cumprido, além de fornecedores cobrando faturas atrasadas.
É hora de preparar um Plano de Recuperação de Imagem para o governo e o governador. Plano semelhante foi apresentado no primeiro semestre, mas não ganhou muita importância. Não consideraram importante. Junto, o governo tinha em mãos um Plano de Comunicação e um Plano de Gerenciamento de Crises. Rasgou todos. Apostou no imprevisível e no improvável. E se deu mal.
O Palácio do Buriti entra nos 10 meses de gestão e no campo midiático sofre ataques por todos os lados. O governo aparece nos veículos de comunicação predominantemente em reportagens negativas. São poucos os espaços para pautas propositivas realizadas pelo governador Rodrigo Rollemberg. Até porque elas são raras. E quando existem, o Buriti não sabe o que fazer com elas.
A tendência é que a agenda negativa continue pautando essas redações. A relação de confronto da comunicação com os veículos só piora a situação. Outro lado rebelado é o da mídia comunitária. Jornais comunitários, portais de notícias e blogueiros estão cada dia mais críticos a postura do governador perante o que chamam de “paralisia governamental”.
Muitos começam a colocar em xeque a capacidade de o governador Rollemberg recuperar Brasília depois da gestão desastrosa do PT. Criticam o governo como um todo. Educação, Saúde, Segurança, Transporte, Casa Civil, Detran, DER… Quase nenhuma área do governo é poupada. E a tendência, como se comenta no meio político, é que essas críticas continuem aumentando
É preciso o governador equilibrar o jogo midiático urgente. Para isso, precisa retomar campanhas, o que pode ser feito por meio das empresas públicas e autarquias. O Detran, por exemplo, tem que aplicar os recursos captados por meio de multas de trânsito em campanhas educativas. E como se multa no DF. Esse dinheiro poderia bancar campanhas em jornais tradicionais e nos alternativos, além de portais de notícias e blogs.
Hoje, existem cerca de 40 jornais alternativos e 30 rádios comunitárias no DF. Eles chegam aos moradores das cidades e podem ajudar a mostrar uma imagem mais proativa do governador Rollemberg. Se levarmos o mesmo pensamento aos blogs, pode-se cobrir três importantes áreas com valores modestos, se comparados aos valores aplicados na mídia convencional. Aliando sempre a mídia técnica com o bom senso.
Não se pode abandonar os grandes veículos. Pelo contrário, é preciso iniciar os pagamentos dos atrasados do governo anterior. E manter uma campanha mensal já seria uma resposta e uma sinalização de que o governo quer trabalhar a mídia de forma transparente, com respeito e compreensão de seu papel social.
Ao chamar para perto e mostrar que quer ter uma relação respeitosa com esses veículos, o governo começa a fazer chegar seu noticiário propositivo à população. Mas nada disso adianta se o governo não tem uma agenda positiva. É preciso primeiro sair da inércia, para depois aprender a se comunicar. Não se faz um governo apenas pelo Facebook. O modelo de comunicação de Rollemberg é o mesmo de Agnelo. Até alguns nomes são os mesmos. É o desastre anunciado.
Por Ricardo Callado