A oposição vê mais indícios para pedir a convocação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu na CPI da Petrobras. O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), quer colocar em votação amanhã o requerimento para ouvir o réu, além do tesoureiro do PT, João Vaccari, o senador Fernando Collor (PTB-AL) e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A base aliada, no entanto, promete resistir à tentativa de “diversionismo”, nas palavras do deputado Afonso Florence (PT-BA).
A empresa de Dirceu, a JD Consultoria, recebeu R$ 29 milhões de 60 clientes entre 2006 e 2013, sendo 35% de empreiteiras da Lava-Jato, como mostrou o Correio na quarta-feira. Uma das companhias, a UTC Engenheira pagou R$ 2,31 milhões. O presidente da empreiteira, Ricardo Pessoa, afirmou a interlocutores, segundo o jornal Folha de S.Paulo, que os valores se referiam a propinas pagas para obter contratos na Petrobras.
Um executivo da Camargo Corrrêa, que fez acordo de delação premiada, também confirmou a acusação, ainda de acordo com a publicação. As supostas afirmações de Pessoa são vistas com desconfiança. Um dos investigadores da Operação Lava-Jato disse ao Correio ontem que Pessoa já mandou muitos “recados” e “ameaças”, mas, depois de repassar informações à imprensa, não confirmou tudo o que dissera antes. Dirceu nega recebimento de propina e diz que prestou serviços de assessoria internacional para as empreiteiras e outros clientes.
Para Rubens Bueno, as novas informações atribuídas a Pessoa reforçam o pedido do partido para convocar Dirceu e Vacarri. “É uma triangulação criminosa”, disse. Florence é contra. O petista diz que o foco da CPI deve ser convocar o doleiro Alberto Youssef, “nexo central” da Lava-Jato. Florence é a favor da oitiva com Vaccari, mas disse ser preciso colher o depoimento de tesoureiros de outros partidos, como o PMDB e o PSDB. Ele quer ainda a convocação do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), pois o ex-gerente da estatal Pedro Barusco disse que a corrupção na empresa começou no governo do tucano Fernando Henrique Cardoso.
Fonte: Correio Braziliense