Isso se o GDF tirar o projeto do papel. O potencial é grande, e empresas como Microsoft, IBM, Cisco Systems e Oracle têm escritórios na Capital Federal. O setor tem cerca de 600 empresas no DF e movimenta R$ 5 bilhões por ano.
Ninguém em Brasília tem a conta exata de quantas foram as inaugurações de pedras fundamentais do Parque Tecnológico Cidade Digital. Nos últimos 15 anos, os sucessivos governos prometeram, com convicção, tirar o projeto do papel. Nenhum deles conseguiu.
A estreita relação do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) com o tema tem alimentado na poderosa indústria de TI uma nova expectativa. O chefe do Executivo local foi secretário de Inclusão Social do Ministério de Ciência e Tecnologia no governo Lula e, durante a corrida ao Palácio do Buriti, repetiu insistentemente que, se eleito, implantaria, enfim, o Parque Digital.
“O parque deixou de ser apenas uma demanda das empresas de tecnologia da informação. Virou um desejo da sociedade brasiliense”, aposta Jeovani Salomão, presidente do Sinfor-DF (Sindicato das Indústrias da Informação e Comunicação do Distrito Federal) e da Assespro (Federação das Associações das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação).
Cobrança
Nos últimos dias, Salomão começou a provocar o governo sobre o tema, tentando marcar reuniões com técnicos e secretários. “O governo parece compreender bem a importância do Parque. Mas não basta boa intenção: tem que colocar em prática as ideias”, cobra o principal representante do setor. “Garantia de que desta vez vai sair? Ninguém tem, infelizmente.”
O secretário de Ciência e Tecnologia do DF, o acadêmico e entendedor do assunto Paulo Salles, sustenta que o Parque Digital será tratado como prioridade. “Sim, o parque vai sair. Tenho plena confiança de que vai sair”, pontua o secretário. Segundo ele, nesses cinco meses de trabalho, o governo foi procurado por “um grande número de empresas” interessadas no projeto do centro tecnológico. Na terça-feira (26), ilustrou Salles, o governador Rollemberg recebeu a visita da vice-presidente mundial para o setor público da Amazon Web Services, Teresa Carlson.
“Sim, o Parque vai sair”.Paulo Salles
Enquanto tenta ajustar as contas públicas, o governo anuncia que concretizará o parque a partir de “uma nova formatação”, ainda não detalhada. O secretário Paulo Salles adiantou ao Fato Online que a ideia é não restringir o projeto ao universo das atividades de TI. “Queremos ampliar o leque, abrindo espaço para outros segmentos, mas sem perder de vista o contexto de inovação tecnológica”, comentou ele, antecipando que o modelo atualizado deve mesmo contemplar, por exemplo, unidades da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Parque desabitado
Por enquanto, o espaço dedicado ao parque, próximo à Granja do Torto, tem um único prédio funcional: o datacenter do Banco do Brasil e da Caixa Econômica, inaugurado há dois anos graças a uma parceria público-privada de R$ 320 milhões. Por conta da estrutura pública capenga na região, os bancos tiveram que investir mais do que o esperado para começarem a funcionar.
Em outubro do ano passado, após aplicação de R$ 12 milhões, a CEB (Companhia Energética de Brasília) inaugurou uma subestação no local. A ideia era usá-la para atender ao parque, mas o espaço segue desabitado, bem longe de abrigar as 1,2 mil empresas previstas inicialmente, com criação de 25 mil empregos diretos.
Vocação
Representantes do setor de TI acreditam que, apesar da boa vontade do governo, é muito difícil fazer o Parque Digital engatar antes de 2018. Quando (e se) vingar, o centro de tecnologia terá potencial para mudar a matriz econômica de Brasília, transformando-a em referência internacional de desenvolvimento de softwares. Será a chance de despertar a vocação da cidade para indústrias não poluentes.
Atualmente, sem o Parque Digital, as cerca de 600 empresas de tecnologia da informação presentes no DF movimentam pelo menos R$ 5 bilhões por ano e empregam cerca de 40 mil pessoas, incluindo os servidores públicos do ramo. As principais marcas mundiais, como Microsoft, IBM, Cisco Systems e Oracle, têm escritórios na capital brasileira. Cerca de 80% do total de negócios fechados envolvem órgãos públicos.
Fonte: Fato Online