PCDF deflagra segunda fase da Operação Rainha do Gado

Nesta terça-feira, 08/10/24, a Polícia Civil do DF, por intermédio da 18ª DP (Brazlândia), cumpriu nove mandados de busca e apreensão contra oito pessoas que integravam uma organização criminosa especializada em fraudes contra bancos públicos e privados e lavagem de dinheiro.
A organização criminosa era baseada em Brazlândia e liderada pela mulher presa na primeira fase da operação, realizada em 18/06/2024. De cunho familiar, a estrutura criminosa contava com outros parentes da presa, bem como empregados dos bancos. Ao todo, 18 pessoas são investigadas por fazerem parte do grupo criminoso.

A INVESTIGAÇÃO
Após um ano e meio de investigação, a 18ª DP apurou um esquema fraudulento de empréstimos em bancos, com a cobrança de porcentagem de participação sobre o valor obtido da instituição financeira, que girava em torno de 5% a 20% do montante emprestado.

Gerentes de um banco público e de bancos privados estavam envolvidos no esquema, facilitando a obtenção dos empréstimos com a cobrança de juros abaixo do mercado, por meio da concessão de financiamentos imobiliários.
Havia também o uso de documentação fraudulenta para conseguir os créditos, com o conhecimento dos gerentes envolvidos. E é nesse aspecto que mira a segunda fase da operação.

Dentre os oito alvos das medidas cumpridas hoje estão: “Corretores”, “Fraudadores” e “Intimidadores”.
Os “Corretores” eram responsáveis por oferecer condições de crédito ilícitas aos beneficiários finais dos empréstimos, agindo como uma espécie de aliciadores de “clientes” para o grupo criminoso.

Os “Fraudadores” agiam dentro da organização criminosa criando a documentação falsa utilizada para basear os créditos obtidos de maneira fraudulenta pelo grupo. Eles falsificavam notas fiscais, procurações, escrituras de imóveis, dentre outros documentos, para fundamentar documentalmente o empréstimo concedido.

Por fim, os “Intimidadores” são os integrantes mais perigosos do grupo, responsáveis por ameaçar os “clientes” que tentavam desistir de obter o empréstimo fraudulento oferecido.

Os elementos de infomação colhidos pela investigação apontaram que os “Intimidadores” possuem ligação com criminosos com histórico de tráfico de drogas, estupro, roubo e furto, e se utilizavam dessa conexão para ameaçar e coagir os “clientes” que tentavam desistir do empréstimo fraudulento.
O dinheiro ilícito obtido por meio do esquema fraudulento sustentava o padrão de vida do grupo criminoso e era utilizado para adquirir empresas.

MOVIMENTAÇÃO MILIONÁRIA
De acordo com informações de relatórios de inteligência financeira produzidos na primeira fase da operação, o grupo movimentou a quantia de R$32.789.750,00 (trinta e dois milhões, setecentos e oitenta e nove mil, setecentos e cinquenta reais) em transações atípicas, apesar da renda mensal declarada da líder do grupo ser de R$9.433,34.
Com a segunda fase da operação, verificou-se a movimentação de outros R$ 12 milhões supostamente ilícitos, em período inferior a um ano, gerando um total movimentado de R$54.543.627,00 (cinquenta e quatro milhões, quinhentos e quarenta e três mil, seiscentos e vinte e sete reais) nos últimos cinco anos.

PERFIL DOS ENVOLVIDOS
Ao analisar o perfil das contas envolvidas, notou-se que a maior parte das movimentações, tanto a crédito como a débito, foram transferências entre servidores da Fundação Educacional do DF, principalmente professores e agentes de serviços gerais.

ALTERAÇÃO DE CONTRACHEQUES
A investigação apontou ainda a suposta alteração de contracheques de servidores do GDF, para aumento temporário da margem de crédito dos beneficiários do esquema.
Segundo o apurado, a líder do grupo alterava contracheques do GDF através de um programa de computador, aumentando o salário bruto do beneficiário do esquema para que sua margem de crédito fosse maior e iludisse a instituição financeira responsável pela concessão do empréstimo, gerando um crédito acima da capacidade financeira do servidor.

OBJETIVO DAS MEDIDAS
As medidas cumpridas nesta data foram nas cidades de Brazlândia/DF, Gama/DF, Arniqueiras/DF, Cidade Ocidental/GO, Valparaiso/GO, e Águas Lindas/GO e visam angariar ainda mais elementos de informação para confirmação das fraudes, podendo os envolvidos responderem, além dos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro, por crimes contra o sistema financeiro, contra a ordem tributária e contra a administração pública, podendo as penas alcançarem 50 anos de prisão.

Fonte: PCDF

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