PF cumpre mandados de busca nas casas de Collor e outros políticos

4320930A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta terça-feira (14) a Operação Politeia, com a execução de mandados de busca e apreensão na residência de políticos suspeitos de envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato.

Os agentes da PF foram às casas do senador Fernando Collor (PTB-AL), em Brasília e em Maceió, nas do senador Ciro Nogueira (PP-PI) e do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), em Brasília, na do ex-ministro e ex-deputado Mário Negromonte (PP-BA), na Bahia, e na do ex-ministro e senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE). Também foi realizada busca e apreensão na casa do ex-deputado João Pizzolati (PP) e na casa da ex-mulher dele, em Santa Catarina.

(Correção: Diferentemente do que noticiaram mais cedo o Bom Dia Brasil e o G1, não houve buscas e apreensões na casa de Arnon de Mello, filho do senador Fernando Collor de Mello. Arnon de Mello não é investigado, não tem nenhum cargo na TV Gazeta nem residência em Maceió. Também não houve buscas na residência de Eduardo Frazão, diretor financeiro da organização Arnon de Mello.).

Segundo a PF, esta nova fase da Lava Jato foi batizada de Politeia porque no livro “A República” o filósofo grego Platão descreve uma cidade perfeita, onde a ética prevalece sobre a corrupção.

Agentes deixam o Bloco G da 309 Sul, onde residem senadores em Brasília. A operação teria sido realizada no apartamento 102. A Polícia Federal deflagrou a Operação Politéia, com 53 mandados de busca e apreensão a partir de provas da operação Java-Jato (Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

Ao todo, a PF foi autorizada a cumprir 53 mandado. As autorizações foram dadas pelos ministros Teori Zavascki, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os mandados fazem parte de seis inquéritos do Supremo que investigam políticos dentro da Operação Lava Jato.

Segundo a PF, o objetivo da operação é evitar que provas importantes sejam destruídas pelos investigados. As buscas ocorrem na residência de investigados, em seus endereços funcionais, sedes de empresas, em escritórios de advocacia e órgãos públicos.

Foram apreendidos três veículos de luxo na residência de Brasília do ex-presidente e senador Fernando Collor: uma Ferrari, um Porsche e uma Lamborghini. Em Brasília, também houve buscas nas residências do advogado Thiago Cedraz, filho do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), e do sócio dele, Luciano Araújo.

Na capital alagoana,  agentes da polícia também cumpriram mandado no prédio da TV Gazeta, afiliada da TV Globo. A Gazeta tem Collor como um dos principais acionistas. Agentes também realizaram buscas na Organização Arnon de Mello (OAM), pertencente à família.

No Rio de Janeiro, a PF realizou buscas no prédio da BR Distribuidora. Também foram alvo das buscas as casas de dois diretores da BR Distribuidora, José Zonis e Luiz Cláudio Caseira Sanches.

Além de Alagoas, Distrito Federal e Rio de Janeiro, também há mandados para os estados da Bahia (11), Pernambuco (8), Alagoas (7), Santa Catarina (5) e São Paulo (5). Cerca de 250 policiais federais participam da ação em todo o país.

Ferrari do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) é levada apreendida por agentes da PF da Casa da Dinda, residência do senador e antiga residência oficial da época que ele foi presidente, no Lago Norte, em Brasília (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

O que dizem os suspeitos
Senador Fernando Collor (PTB-AL) – A defesa de Collor usou as redes sociais para se manifestar sobre a busca e apreensão em suas residências. No Twitter e no Facebook, os advogados do senador do PTB disseram repudiar com “veemência” a ida dos policiais federais a residência dele.

A medida invasiva e arbitrária é flagrantemente desnecessária, considerando que os fatos investigados datam de pelo menos mais de dois anos, […] e o ex-presidente jamais foi sequer chamado a prestar esclarecimentos”
Nota do senador Fernando Collor (PTB-AL)

“A medida invasiva e arbitrária é flagrantemente desnecessária, considerando que os fatos investigados datam de pelo menos mais de dois anos, a investigação já é conhecida desde o final do ano passado, e o ex-presidente jamais foi sequer chamado a prestar esclarecimentos”, diz trecho da nota.

Senador Ciro Nogueira (PP-PI) – Responsável pela defesa do senador Ciro Nogueira (PP-PI), o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, classificou de “abusiva” a busca e apreensão de documentos na casa do cliente dele.

“O senador já falou, colocou à disposição da polícia o sigilo telefônico, bancário e fiscal. Vivemos uma época em que medidas invasivas se tornaram regra, não exceção. Ele já prestou depoimento”, ressaltou Kakay.

Senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) – Por meio de nota, o advogado André Luís Callegari, que defende Fernando Bezerra Coelho, disse que o parlamentar do PSB confia no trabalho das autoridades e que continua à disposição da polícia para colaborar nas investigações. Segundo o criminalista, Bezerra está aguardando para prestar depoimento no inquérito da Lava Jato.

“O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) manifesta sua confiança no trabalho das autoridades que conduzem este processo investigatório e continua, como sempre esteve, à disposição para colaborar com os ritos processuais e fornecer todas as informações que lhe forem demandadas; inclusive, de documentos que poderiam ter sido solicitados diretamente ao senador, sem qualquer constrangimento. Fernando Bezerra Coelho aguarda o momento de seu depoimento e reitera sua confiança no pleno esclarecimento dos fatos”, escreveu o advogado no comunicado.

Organização Arnon de Mello – O diretor jurídico da Organização Arnon de Mello, Djalma Mello, disse que a empresa está atendendo ao mandado judicial cumprido pela Polícia Federal. “Vamos atender a todas as exigências porque não há nada fora da normalidade”, disse o assessor jurídico.

João Pizzolati, ex-deputado – O advogado Michel Saliba, que defende o ex-deputado João Pizzolati, criticou a operação. “Confio muito na equidade com a qual a ministro Teori Zavascki decide, acho extremamente ponderada. E confio plenamente nas decisões do Supremo. Mas atitudes invasivas me preocupam, achei a operação desnecessária. Nos colocamos à disposição para quaisquer esclarecimentos.”

Thiago Cedraz, advogado – Em nota, o escritório onde trabalha Thiago Cedraz disse que “considera uma violência sem precedentes, um atentado ao regular exercício da profissão, medidas autorizadas com base em uma delação negociada por um réu confesso que mente a fim de se beneficiar”. A nota tambem afirma que “desde as primeiras notícias publicadas na imprensa, o escritório se colocou à disposição das autoridades para repassar informações necessárias à correta compreensão dos fatos. Com reiteradas solicitações. Mas sequer teve uma reposta das autoridades”.

Fonte: G1

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