Equipes da Divisão de Operações Especiais e da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco) cumpriram mandados de busca e apreensão na Casa Militar, no Palácio do Buriti, na manhã desta sexta-feira (2/9). O alvo da operação foi o ex-chefe de gabinete do órgão, coronel Cirlândio Martins. Foram recolhidos computadores, celulares e documentos.
Os investigadores apuram a relação entre ele e o PM reformado João Dias, pivô da queda de Orlando Silva do Ministério do Esporte. Os dois são suspeitos de prática de extorsão, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e falsa comunicação de crime. Dias foi levado coercitivamente para depor.
Na época do episódio da maleta, João Dias foi preso. Em depoimento, afirmou que teria ido ao Palácio do Buriti para devolver o dinheiro que havia sido entregue por uma comitiva do secretário de Governo — supostamente formada por um delegado da Polícia Civil, um coronel da PM, um membro da família de Paulo Tadeu e uma assessora.
Segundo o PM reformado, a tentativa era comprar o seu silêncio sobre supostos negócios escusos que envolviam o secretário. Ele contou que não teria aceitado o acordo, mas mesmo assim o grupo teria deixado uma sacola de dinheiro na porta da garagem da casa dele. Na época, Paulo Tadeu negou a versão do PM e disse que tudo era uma farsa para prejudicá-lo e ao então governador Agnelo Queiroz (PT).
De acordo com o delegado-adjunto da Deco, Adriano Valente, a polícia já vinha investigando desde aquela época a relação entre os dois. O coronel havia prestado depoimentos, porém, não convenceu os investigadores sobre a veracidade do que contou. João Dias, por sua vez, foi intimado seis vezes para depor e não apareceu, ressaltou Valente, em nenhuma das convocações. Por isso, foi conduzido pelos agentes a prestar esclarecimentos.
A polícia também cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Cirlândio, que foi exonerado na semana passada (veja abaixo a exoneração). Toda a operação, batizada de Palácio Real, foi autorizada pela Justiça.