Polícia Civil faz operação no Palácio do Buriti nesta sexta-feira

doeEquipes da Divisão de Operações Especiais e da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco) cumpriram mandados de busca e apreensão na Casa Militar, no Palácio do Buriti, na manhã desta sexta-feira (2/9). O alvo da operação foi o ex-chefe de gabinete do órgão, coronel Cirlândio Martins. Foram recolhidos computadores, celulares e documentos.

Os investigadores apuram a relação entre ele e o PM reformado João Dias, pivô da queda de Orlando Silva do Ministério do Esporte. Os dois são suspeitos de prática de extorsão, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e falsa comunicação de crime. Dias foi levado coercitivamente para depor.

Em 2011, João Dias invadiu o gabinete do então secretário de Governo e atual conselheiro do Tribunal de Contas do DF (TCDF) Paulo Tadeu, no Palácio do Buriti, levando uma maleta com R$ 200 mil. Ao chegar ao local, abriu a sacola e despejou o dinheiro, alegando que teria sido dado a ele a título de suborno.

Na época do episódio da maleta, João Dias foi preso. Em depoimento, afirmou que teria ido ao Palácio do Buriti para devolver o dinheiro que havia sido entregue por uma comitiva do secretário de Governo — supostamente formada por um delegado da Polícia Civil, um coronel da PM, um membro da família de Paulo Tadeu e uma assessora.

Segundo o PM reformado, a tentativa era comprar o seu silêncio sobre supostos negócios escusos que envolviam o secretário. Ele contou que não teria aceitado o acordo, mas mesmo assim o grupo teria deixado uma sacola de dinheiro na porta da garagem da casa dele. Na época, Paulo Tadeu negou a versão do PM e disse que tudo era uma farsa para prejudicá-lo e ao então governador Agnelo Queiroz (PT).

De acordo com o delegado-adjunto da Deco, Adriano Valente, a polícia já vinha investigando desde aquela época a relação entre os dois. O coronel havia prestado depoimentos, porém, não convenceu os investigadores sobre a veracidade do que contou. João Dias, por sua vez, foi intimado seis vezes para depor e não apareceu, ressaltou Valente, em nenhuma das convocações. Por isso, foi conduzido pelos agentes a prestar esclarecimentos.

A polícia também cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Cirlândio, que foi exonerado na semana passada (veja abaixo a exoneração). Toda a operação, batizada de Palácio Real, foi autorizada pela Justiça.

Reprodução/DODF

Exoneração de Cirlândio foi publicada no DODF de 24 de agosto de ste ano

 

O inquérito que apura o episódio da maleta foi instaurado em 2011. A polícia quer saber a origem do dinheiro jogado da mesa, a veracidade das acusações e a ligação entre as pessoas envolvidas. “A polícia acredita que não se trata de pagamento de suborno”, disse Valente. O policial destacou que, desde o início das investigações, ficou bem claro que João Dias tinha um contato muito próximo com Cirlândio, mesmo antes da data do fato.

“Já temos uma ideia da origem do dinheiro. Em breve, tudo será esclarecido, já que as investigações estão chegando ao fim. Agora, vamos analisar as evidências colhidas”, destacou ao lembrar que apenas com João Dias foram apreendidos 20 aparelhos celulares.

Mirelle Pinheiro/Metrópoles

Delegado Adriano Valente diz que investigações, iniciadas em 2011, estão chegando ao fim

 

A Casa Militar afirmou, em nota, que está colaborando com as investigações: “Foi franqueado o acesso aos agentes da Polícia Civil que realizaram, na manhã de hoje, busca e apreensão de documentos e arquivos de computador relacionados ao ex-servidor Cirlândio Martins dos Santos, exonerado no dia 24 de agosto. A operação da Polícia Civil é consequência de uma investigação iniciada no governo passado, em 2012.”

Após prestar depoimento na Deco, João Dias saiu tranquilo e sorridente, acompanhado do advogado. Chegou a dizer que a ação da polícia realizada nesta manhã foi “impecável”.

Não posso dizer de quem é o dinheiro. Foi há muito tempo. Não me lembro com detalhes o que aconteceu. Mas afirmo que é dinheiro de propina

João Dias

Michael Melo/Metrópoles

João Dias prestou depoimento na Deco