PPS nacional intervém na Executiva local

eliana pedrosaO acordo firmado pelo PPS do Distrito Federal com ex-governador José Roberto Arruda (PR), levou a direção nacional do partido a anunciar intervenção no diretório local e impedir a distrital Eliana Pedrosa (PPS) de ser candidata a vice na chapa do ex-governador. Ela ainda foi destituída da presidência regional da legenda. Uma comissão provisória foi nomeada pelo presidente da sigla, Roberto Freire (PPS-SP), e passará a responder pela definição das coligações nas eleições deste ano na capital federal. Assim, será mantida a indicação de Adão Cândido, secretário nacional de comunicação do PPS, para a vaga de vice do candidato tucano Luiz Pitiman.

A principal justificativa da Resolução Orgânica nº 7, assinada, na segunda-feira, por Roberto Freire, é que o partido tinha deliberado, anteriormente, que estaria na oposição ao projeto político capitaneado pelo PT nas eleições deste ano. Um documento (Resolução nº 2/2014) foi publicado no Diário Oficial da União, em 21 de fevereiro último, e condicionava a autorização prévia da Executiva Nacional do PPS à aprovação das coligações regionais com grupos que apoiam a candidatura do PT. Como o PR nacional anunciou apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff, na última segunda-feira, o PPS entendeu que o acordo no DF dependeria de consulta à direção do partido e, portanto, não poderia ser tomada pela instância local.

Na noite de segunda-feira, Eliana Pedrosa participou de um evento na sede regional do PR, na Colônia Agrícola Samambaia, onde anunciou que seria vice na chapa de Arruda e discursou com grupo, que contava com a presença do senador Gim Argello (PTB), do presidente regional do DEM, ex-deputado federal Alberto Fraga, e das filhas do ex-governador Joaquim Roriz (PRTB), a deputada federal Jaqueline (PMN) e a deputada distrital Liliane (PRTB). A distrital do PPS foi recebida com festa pela militância. No fim do encontro, ela garantiu que não mudaria de opinião, apesar da divergência com a direção do partido. “Eu não volto atrás na minha decisão. E espero que tudo seja confirmado no transcorrer dos próximos dias”, afirmou.

Eliana Pedrosa acrescentou que a Executiva Regional do PPS tinha sido constituída em congresso e que era definitiva, tendo seguido todos os trâmites da legislação eleitoral. “Fizemos tudo corretamente. Mas nós ainda buscamos um entendimento com a nacional”, completou. Roberto Freire, no entanto, não quis saber de conversas com o grupo. Na noite de segunda, ele disse ao Correio, por telefone, que qualquer tipo de acordo estava fora de cogitação. Ele antecipou a possibilidade de intervenção local. “Essa aliança não terá nosso apoio”, declarou.

Decisão na Justiça

O PPS nacional indicou cinco nomes para a comissão interventora no DF, sendo um deles o de Adão Cândido, candidato a vice de Pitiman. A presidência deve ficar com Francisco Carlos de Andrade. O grupo é completado por Cláudio Vitorino, Anderson Martins e pela educadora Tereza Vitale. “Foi decidido que o acordo com o PSDB está mantido em Brasília. Vamos agora tratar da definição dos nomes das nossas nominatas. Precisamos estabelecer os critérios para as coligações proporcionais”, explicou Tereza. Parte da comissão ficou reunida até altas horas na noite de ontem com membros do PSDB local. A situação da distrital Eliana Pedrosa permanece indefinida. Não se sabe se qual cargo ela disputará. Há até a possibilidade de negociarem para que ela ocupe a vice em uma chapa encabeçada por Pitiman. Até o fechamento desta edição, ela não deu retorno sobre seu posicionamento. Não está descartada a possibilidade de ela recorrer à Justiça, a fim de fazer valer a decisão da Executiva Regional do partido.

No quartel general de José Roberto Arruda, nada foi dito oficialmente. Os arrudistas aguardam que Eliana Pedrosa resolva a situação com o PPS para confirmá-la como vice. Um plano B seria o retorno do nome de Liliane Roriz para a vaga na chapa do ex-governador. Ela anunciou a desistência no mês passado e disse que se candidatará à reeleição à Câmara Legislativa. No entanto, com a provável saída de Eliana Pedrosa, ela poderia voltar a compor a chapa majoritária. Ontem, vários emissários de Arruda procuraram a deputada, que não deu nenhuma resposta. A irmã da distrital, a deputada federal Jaqueline Roriz, chegou a ser cotada, mas prefere disputar a reeleição à Câmara dos Deputados.

Depois do acordo praticamente certo com o PPS, o PSDB do DF agora trabalha para conseguir atrair o DEM para a chapa de Luiz Pitiman. Ocorre que o presidente local do Democratas, Alberto Fraga, também está enfrentando resistência nacional do acordo firmado com Arruda, que já foi filiado ao partido. O senador José Agripino Maia (RN), presidente da legenda, é contra a coligação. Ontem, o partido se reuniu para tratar sobre o tema, mas nenhuma decisão oficial tinha sido tomada.

Segunda vez

Essa não é a primeira intervenção nacional no diretório do PPS no DF nos últimos anos. Em maio de 2012, Roberto Freire teve que dissolver a executiva distrital e obrigar o partido a deixar a base do governador Agnelo Queiroz (PT). A sigla tinha se posicionado contrária aos petistas nacionalmente e estabeleceu isso como critério para todos as unidades da federação. A ordem vinda de cima levou à saída dos deputados distritais eleitos Alírio Neto (hoje no PEN), então Secretário de Justiça do GDF, e Cláudio Abrantes (hoje no PT), além da suplente Luzia de Paula (hoje no PEN).

Fonte: Correio Braziliense

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