Membros da Syriza, legenda governista de extrema-esquerda, já afirmam, no entanto, que preferem voltar à moeda antiga a aceitar um pacote de austeridade.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, fez um apelo nesta sexta-feira a parlamentares do seu partido – o de extrema-esquerda Syriza – para que apoiem o duro pacote de reformas que ofereceu aos credores em troca do auxílio financeiro. As medidas devem ser votadas no Legislativo grego nesta sexta-feira.
O pacote, que inclui aumento de impostos, privatizações e cortes nos gastos públicos, sobretudo no orçamento da Defesa, sofre resistência justamente de radicais do governista Syriza, enquanto a oposição já se mostrou favorável às medidas por considerá-las essenciais para manter a Grécia na zona do euro.
Cinco membros do Syriza emitiram hoje um comunicado no qual dizem que preferem voltar ao dracma a um acordo que prevê medidas de austeridade. “O governo pode e deve, mesmo nessa hora, responder à chantagem das instituições com o dilema: ou um programa sem nova austeridade, com financiamento e redução da dívida, ou uma saída da zona do euro e suspensão dos pagamentos da dívida injusta e inviável”, afirmaram os cinco políticos no comunicado.
Mais cedo, Tsipras se reuniu com os seus colegas de partido, tentando convencê-los a dar o aval às propostas na votação relâmpago de hoje. “Somos confrontados por decisões cruciais”, afirmou Tsipras, segundo autoridades que estavam no encontro. “Recebemos um mandato para trazer um acordo melhor que o ultimato que o Eurogrupo nos deu, mas certamente não recebemos um mandato para tirar a Grécia da zona do euro. Estamos todos juntos nisso”.
Ainda não está claro se todos os credores vão apoiar o mais recente pacote de reformas, que é muito parecido aos termos que a Grécia rejeitou no referendo convocado por Tsipras. A Alemanha soava cautelosa, com um porta-voz do Ministério das Finanças descartando qualquer redução da dívida que diminua seu valor real.
Porém a França, maior defensora da Grécia na zona do euro, correu para oferecer elogios com o presidente, François Hollande, classificando a oferta como “séria e crível”. O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, chamou a proposta de um “texto detalhado”.
“O amplo suporte na Grécia dá mais credibilidade, mas mesmo então precisamos avaliar cuidadosamente se a proposta é boa e se os números fecham. De um jeito ou de outro, é uma decisão muito séria que precisamos tomar”, afirmou Dijsselbloem.
Os ministros de Finanças dos dezenove países da zona do euro vão se reunir no sábado para decidir se recomendam a abertura de negociações sobre um terceiro programa de resgate. Uma autoridade sênior da UE disse que a reunião vai incluir discussões sobre se a Grécia precisa de alívio da dívida.
A Grécia pediu 53,5 bilhões de euros para a ajudar a cobrir suas dívidas até 2018, uma revisão das metas de superávit primário à luz da forte deterioração de sua economia, e uma “reavaliação” da dívida de longo prazo do país.
Fonte: veja.abril.com.br