A sinalização diferenciada, com fundo branco e logomarca da Fifa, deveria permanecer nas ruas até 31 de julho do ano passado, em respeito ao prazo determinado pelo Contran.
Já estamos prestes a recordar o primeiro ano do vexatório 7 a 1 contra a Alemanha, mas as placas “padrão Fifa” não deixam os brasilienses esquecerem a Copa do Mundo de 2014, cenário do maior massacre da história da seleção brasileira.
A sinalização diferenciada, com fundo branco e logomarca da Fifa – a entidade toda-poderosa agora investigada por corrupção – deveria permanecer nas ruas até 31 de julho do ano passado, em respeito ao prazo determinado pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito).
Quando a Copa acabou, o governo local chegou a anunciar que os equipamentos seriam, de imediato, reaproveitados e reinstalados em outros pontos do Distrito Federal. O que se vê, porém, são situações esdrúxulas, como a da manutenção de placas indicando locais de estacionamento para veículos credenciados durante o evento esportivo.
As placas, em português e em inglês, começaram a ser instaladas em abril de 2013, ainda para a Copa das Confederações. O custo de todo o processo ultrapassou os R$ 900 mil, entre material e mão-de-obra, conforme divulgado pelo GDF. A expectativa era fincar 500 peças em locais considerados estratégicos.
Na época, especialistas questionaram a propaganda da Fifa nas placas, algumas com erros de tradução, incluindo o que transformou o “Setor Hoteleiro Norte” em “Southern Hotel Sector”, direcionando os turistas para o sul.
Embora possa parecer inofensiva, a sinalização da Copa que já acabou se transformou em “legado morto”. Por exemplo: as placas indicando o Estádio Nacional Mané Garrincha – algumas, inclusive, bastante óbvias, bem ao lado da arena de R$ 1,4 bilhão – tinham a função específica de orientar quem não conhecia Brasília, principalmente estrangeiros. Agora, não fazem mais tanto sentido, uma vez que os principais pontos de visitação do DF contam com placas turísticas próprias.
Enquanto as peças com símbolo da Fifa seguem de pé no Eixo Monumental, nos setores hoteleiros, no Parque da Cidade e até na Estrutural, outros pontos da cidade continuam carentes de sinalização instrutiva e eficiente.
Respostas
O DER (Departamento de Estradas de Rodagem) informou que não há previsão para concluir a “troca ou adequação das placas”. Sobre o desrespeito ao prazo estipulado pelo Contran, o órgão sustentou não existir conflito algum entre os equipamentos em questão e o restante da sinalização viária nas rodovias distritais.
O Contran e a Secretaria de Turismo não responderam aos questionamentos da reportagem até o fechamento deste texto.
O Detran (Departamento de Trânsito) informou que não foi responsável pela instalação das placas nas vias que competem ao órgão. O departamento esclareceu que cuida da sinalização de trânsito, mas atribuiu a responsabilidade das peças específicas da Copa à já extinta Secopa (Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo). De acordo com o CTB (Código de Trânsito Brasileiro), no artigo 21, compete ao Detran “implantar, manter e operar o sistema de sinalização, os dispositivos e os equipamentos de controle viário”.
Fonte: Fato Online