Rishi Sunak tem encontro com rei Charles e é nomeado primeiro-ministro

Líder do partido Conservador ocupará o cargo deixado por sua antecessora, Liz Truss, que ficou apenas 45 dias no poder

Rei Charles III cumprimenta o novo primeiro-ministro, Rishi Sunak | Foto: Família Real Britânica

Rishi Sunak encontrou o rei Charles III nesta terça-feira, 25, no Palácio de Buckingham, em Londres. Dessa forma, ele se tornou o novo primeiro-ministro do Reino Unido após assumir a liderança do partido Conservador.

Sunak ocupará o cargo deixado por sua antecessora, Liz Truss, que ficou apenas 45 dias no poder

Em seu primeiro discurso no posto, Sunak disse que foi nomeado, em parte, para corrigir erros cometidos por Liz Truss, e alertou o país que enfrenta decisões difíceis para superar uma “profunda crise econômica”.

Diante de seu escritório em Downing Street, Sunak prestou homenagem a Liz Truss, cujo programa econômico abalou os mercados, dizendo que os erros que ela cometeu não “nasceram de má vontade ou más intenções”.

Ele também mirou outro antecessor, Boris Johnson, dizendo que o mandato que os conservadores receberam na eleição de 2019 vencida pelo ex-primeiro-ministro não era propriedade de um único indivíduo, e que será guiado por suas promessas.

“Quero prestar homenagem à minha antecessora Liz Truss… Alguns erros foram cometidos. Não nascidos de má vontade ou más intenções. Muito pelo contrário, na verdade. Mas erros mesmo assim”, disse ele.

“E fui eleito líder do meu partido e primeiro-ministro, em parte, para corrigi-los. E esse trabalho começa imediatamente. Colocarei a estabilidade econômica e a confiança no centro da agenda deste governo. Isso significará decisões difíceis por vir.”

Apelando a uma população que enfrenta o aumento dos preços da energia e dos alimentos, Sunak, um dos políticos mais ricos do Parlamento, disse que reconhece plenamente como as coisas estão difíceis para muitos.

“Tudo o que posso dizer é que não estou assustado. Sei do alto cargo que aceitei e espero cumprir suas exigências”, afirmou ele.

“Então, estou aqui diante de vocês pronto para liderar nosso país no futuro. Para colocar suas necessidades acima da política, para alcançar e construir um governo que represente as melhores tradições do meu partido. Juntos podemos alcançar coisas incríveis.”

Nascido na Índia, Rishi Sunak tem apenas 42 anos, não bebe álcool e é casado com a filha de uma família bilionária indiana.

O caminho de ascensão de Sunak foi pavimentado pelos genitores. O pai era médico, a mãe administrava sua própria farmácia; e a família, que emigrou da África Oriental, mantinha valores tradicionais indianos de trabalho duro e sucesso acadêmico.

Rishi pôde frequentar o Winchester College, uma escola particular cara, e a tradicional Universidade de Oxford. Depois disso, porém, foi para Stanford, nos Estados Unidos, concluir seus estudos de administração – uma universidade não menos elitista, mas com orientação mais internacional.

Em Stanford, também conheceu sua esposa, Akshata Murty, filha do cofundador da gigante do software Infosys. Rishi Sunak ganhava a vida em finanças, primeiro como analista do Goldman Sachs e depois como sócio de dois fundos de hedge.

A carreira política de Sunak foi meteórica. Eleito deputado conservador apenas em 2015, foi nomeado cinco anos depois por Boris Johnson como ministro das Finanças, sendo logo considerado seu herdeiro.

No primeiro semestre de 2022, no entanto, um escândalo abalou sua imagem, pois vieram a público as tramas fiscais de sua esposa. Cidadã indiana, Akshata Murty teria economizado milhões em impostos porque, como “não residente”, pois uma peculiaridade da lei do Reino Unido, lhe permitia não declarar sua renda multimilionária originada no exterior. Tais prevaricações não caem bem aos olhos dos eleitores, mas o comitê de ética da Câmara dos Comuns não viu no caso nenhuma violação da lei.

Ao mesmo tempo, foi revelado que Rishi Sunak ainda possuía um green card americano, anos após seu retorno ao Reino Unido e quando ele já era ministro das Finanças. O documento permitiu que vivesse e trabalhasse nos Estados Unidos, mas por que guardava o papel tanto tempo depois de ter iniciado carreira política no Reino Unido? Levantaram-se então dúvidas sobre sua lealdade à terra natal.

Como Boris Johnson, Rishi Sunak é um adepto do Brexit. Durante a campanha para a consulta popular sobre a saída do Reino Unido da UE em 2015, declarou em seu distrito eleitoral que deixar o bloco tornaria o país “mais livre, mais justo e mais próspero”. Essa postura agora lhe rende a lealdade da direita conservadora, mas por outro lado pode ainda lhe servir de fardo. Porque há uma consciência crescente no Reino Unido de que muitos dos problemas econômicos dos últimos anos têm a ver com o Brexit.

Sunak assumiu o cargo durante a pandemia de covid-19, e prometeu fazer “todo o necessário” para que a economia britânica superasse a crise. Ele lançou um programa de 350 bilhões de libras prevendo, para evitar o pior, pagamentos de reposição salarial e ajuda para empresas.

Sua campanha mais popular foi provavelmente “Coma fora para ajudar”. Através dela, o Estado pagava metade dos custos de uma ida ao restaurante para manter vivo o setor nacional de gastronomia. Com essa generosidade, porém, é que começou também o aumento da dívida nacional, assim como em toda a Europa. Como primeiro-ministro, ele terá que fazer exatamente o oposto e anunciar cortes profundos nos serviços públicos, devido ao atual rombo do orçamento nacional.

Rishi Sunak torna-se o primeiro primeiro-ministro britânico de uma família de imigrantes não brancos. Em entrevistas, disse ter experimentado relativamente pouco racismo na juventude. A reputação e a relativa riqueza de sua família provavelmente o protegeram disso em grande medida. O que não quer dizer que sua ascensão não desperte tais reflexos em alguns britânicos.

* Com informações da Reuters e DW Brasil

Fonte: Terra

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